• Redação Galileu
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Eventos traumáticos na infância, como negligência e violência doméstica, estão ligados à hesitação em tomar vacinas (Foto: Guillaume de Germain/Unsplash)

Eventos traumáticos na infância, como negligência e violência doméstica, estão ligados à hesitação em tomar vacinas (Foto: Guillaume de Germain/Unsplash)

Apesar da extrema importância da vacinação contra a Covid-19, muitas pessoas ainda se recusam a ser imunizadas. Uma pesquisa publicada nesta terça-feira (1º) no periódico BMJ Open relaciona a hesitação frente à vacinação a eventos traumáticos na infância desses indivíduos. 






Conduzido por especialistas da Universidade de Bangor, no País de Gales, o estudo aponta que o receio de se vacinar é três vezes mais recorrente em pessoas que sofreram quatro ou mais tipos de trauma infantil, em comparação com aquelas que não passaram por nenhum acontecimento traumático.

Ao todo, foram entrevistados por telefone mais de 6,7 mil adultos no País de Gales, entre dezembro de 2020 e março de 2021. Contudo, os pesquisadores consideraram apenas as respostas de 2,2 mil pessoas do grupo que atendeu aos critérios de elegibilidade.

As perguntas da pesquisa eram sobre nove traumas na infância: abuso físico, verbal e sexual; separação dos pais, exposição à violência doméstica, morar com um membro da família com alguma doença mental, uso indevido de álcool e/ou drogas, ou ter um familiar que estava preso.

Pouco mais da metade (52%) dos entrevistados disse não ter sofrido traumas na infância. Porém, cerca de uma a cada cinco pessoas passou por algum abalo, 17% tiveram de duas a três experiências traumáticas e 10% relataram ter vivido mais de quatro eventos desse tipo.

A hesitação em se vacinar foi de 38% entre adultos de 18 a 29 anos de idade com quatro ou mais experiências traumáticas quando crianças, o que sugere que a negação vacinal é maior nos mais jovens com número mais elevado de traumas. Até porque apenas 3,5% dos adultos com mais de 70 anos e sem problemas na infância tinham receio de se imunizar.

Outra descoberta foi que pessoas com mais traumas apresentaram menor confiança nas informações oficiais do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido. Elas eram contrárias às medidas preventivas da pandemia de Covid-19 impostas pelo governo, como o uso de máscaras.






O posicionamento contrário à cobertura facial foi quatro vezes maior entre aqueles que sofreram traumas na infância, em relação a quem não passou por nenhuma experiência negativa. Essa alta incidência traumática também foi associada ao desejo de acabar com o distanciamento social. 

Embora o estudo tenha limitações, como o predomínio de mulheres e a subrepresentação de minorias étnicas, os resultados sugerem que adultos mais traumatizados quando crianças têm maior dificuldade de cumprir medidas de saúde pública. “Uma melhor compreensão de como aumentar sua confiança nos sistemas de saúde e o cumprimento das orientações é urgentemente necessária”, defendem os cientistas.