• Redação Galileu
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Ypupiara lopai, dromeossaurídeo encontrado em Peirópolis, no Triângulo Mineiro (Foto: Guilherme Gehr )

Ypupiara lopai, dromeossaurídeo encontrado em Peirópolis, no Triângulo Mineiro (Foto: Guilherme Gehr )

Pesquisadores brasileiros identificaram, pela primeira vez, uma nova espécie de dromeossaurídeo no Brasil. Denominado Ypupiara lopai, o dinossauro foi encontrado em   Peirópolis, no Triângulo Mineiro, entre as décadas de 1940 e 1960. Mas um estudo que o descreve foi publicado recentemente no jornal científico Papers in Palaeontology.






Os dromeossaurídeos são dinossauros carnívoros considerados os parentes mais próximos das aves e têm como representante mais conhecido o Velociraptor. Esses seres pré-históricos viveram no período Cretáceo, entre 145 milhões e 65 milhões de anos atrás, principalmente na região do atual Estados Unidos e em países da Ásia.

O trabalho de pesquisa que identificou o novo dromeossaurídeo foi liderado pelo Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O estudo contou também com a participação de especialistas do Museu da Amazônia, da Universidade Federal do ABC, em São Paulo, e do Museu de Ciências da Terra – Serviço Geológico do Brasil – CPRM.

A equipe considerou dois ossos: um maxilar com três dentes implantados e um fóssil dentário, perdido no incêndio que atingiu o Museu Nacional em 2 de setembro de 2018. Com isso, constatou-se que a criatura era um unenlagíneo, isto é, pertencia a um grupo de dinossauros que comia peixes e pequenos animais, como anfíbios e lagartos.

Dois ossos de um exemplar de Ypupiara lopai foram considerados no estudo  (Foto: Brum et al. )

Dois ossos de um exemplar de Ypupiara lopai foram considerados no estudo (Foto: Brum et al. )

Os registros do tempo geológico dos unenlagíneos apontam que esses seres se distribuíram onde hoje é a Argentina entre 110 milhões e 90 milhões de anos atrás. Na época, a localidade era separada do Brasil por um extenso deserto, o Cauiá, mas o grupo atravessou eventualmente essa região árida graças a um período de aumento da umidade. Isso explica parcialmente sua presença aqui até 66 milhões de anos atrás.

A descoberta da nova espécie é importante para entender melhor não só sua distribuição, mas também a evolução e as características dos dromeossaurídeos na América do Sul. O estudo indicou, inclusive, que o Y. lopai tinha entre 2,5 e 3 metros de comprimento, considerando a ponta do focinho até a ponta da cauda.






Para Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional, o achado do dromeossaurídeo é uma prova de que, mesmo após o incêndio, a instituição não perdeu a capacidade de gerar conhecimento científico. "São trabalhos como esse que ratificam que o Museu continua vivo e nossas atividades científicas permanecem ininterruptas e com grandes descobertas em âmbito internacional", afirma, em comunicado.