Saúde
51% dos médicos da linha de frente estão esgotados e apreensivos, diz estudo
Pesquisa feita com 3.517 profissionais em todo o Brasil revela ainda que quase 90% dos médicos foram acometidos pela Covid-19 entre dezembro e janeiro
2 min de leitura![Estudo aponta esgotamento de profissionais da saúde e preocupação com falta de pessoal (Foto: Unsplash) Estudo aponta esgotamento de profissionais da saúde e preocupação com falta de pessoal (Foto: Unsplash)](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/zGyMhE7HZ8klUtv-1ojEZxmJOTs=/620x466/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2022/02/03/sj-objio-8hhxo3iyuu0-unsplash.jpg)
Estudo aponta esgotamento de profissionais da saúde e preocupação com falta de pessoal (Foto: Unsplash)
Mesmo após o avanço da vacinação e o maior conhecimento da ciência acerca da Covid-19, a pandemia ainda tem impacto significativo em profissionais de saúde do país. Uma pesquisa realizada pela Associação Médica Brasileira (AMB) em parceria com a Associação Paulista de Medicina (APM) revela que 87,3% dos médicos da linha de frente no atendimento a vítimas do Sars-Cov-2 afirmam que eles ou seus colegas contraíram o vírus nos últimos dois meses.
Divulgado em coletiva de imprensa virtual nesta quinta-feira (3), o levantamento mostra que a maioria dos médicos se diz esgotada (51,1%) e apreensiva (51,6%), além de reconhecer que seus colegas de profissão também estão estressados (62,4%) e sobrecarregados (64,2%).
![No questionário, mais da metade dos médicos apontaram sofrer com sintomas como sobrecarga, estresse, ansiedade e exaustão física e emocional. (Foto: AMB e APM) No questionário, mais da metade dos médicos apontaram sofrer com sintomas como sobrecarga, estresse, ansiedade e exaustão física e emocional. (Foto: AMB e APM)](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/opvCpIzUl2qPe8EN4WaHgp6GgaY=/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2022/02/03/captura_de_tela_2022-02-03_183531.png)
No questionário, mais da metade dos médicos apontaram sofrer com sintomas como sobrecarga, estresse, ansiedade e exaustão física e emocional. (Foto: AMB e APM)
Para o médico José Amaral, presidente da APM, junto ao cansaço e a exaustão também está a sensação de que os profissionais da saúde estão apenas "enxugando gelo" ao verem os números de infecções e mortes voltarem a subir.
No evento, Amaral também ressaltou o medo do surgimento de novas variantes, apontado na pesquisa por cerca de 90% dos participantes. “Não há nenhuma razão para acreditarmos que essa seja a última variante [a ômicron], também não há nenhuma razão para supormos que as próximas variantes serão menos agressivas do que a ômicron”, alertou.
Hoje, 96,1% dos que atendem em locais que recebem pacientes com Covid-19 observam tendência de alta no número de casos em algum grau, de acordo com a pesquisa. Em relação aos óbitos, a tendência de crescimento é apontada por 40,5% dos profissionais.
A falta de médicos também causa preocupação em 44,8% dos que responderam ao questionário. Em uma pesquisa da AMB e da APM feita no início de 2021, esse índice era de 32,5%. O afastamento de médicos por conta da Covid-19 sobrecarrega e também faz com que os profissionais da saúde se sintam menos seguros.
“A única maneira que eu vejo para que os profissionais trabalhem de maneira mais segura, com menos danos à saúde física e emocional, é reduzindo o número de casos”, pontuou o presidente da AMB, César Fernandes. Para ele, a falta de clareza do Ministério da Saúde em assegurar a eficácia dos imunizantes e incentivar que a população se vacine e continue seguindo protocolos de segurança tem a maior culpa no cenário atual.
Na percepção dos médicos, sete em cada dez brasileiros não estão usando máscara corretamente. E os entrevistados concordam que a disseminação de notícias falsas foi um fator muito prejudicial na luta contra o vírus.
A pesquisa foi realizada online entre os dias 21 e 31 de janeiro e contou com a participação de 3.517 médicos em todo o Brasil. Os dados completos estão disponíveis nos sites da AMB e da APM.
*Com supervisão de Luiza Monteiro