• Larissa Lopes
Atualizado em
Dossiê - Superbactérias (Foto: Studio Oz / ilustração Mariana Coan)

Dossiê - Superbactérias (Foto: Studio Oz / ilustração Mariana Coan)

"Imagine um festival — uma enorme festa, aberta a quem chegar. Assim é a vida dentro de seu corpo", descreve Matt Richtel, repórter do The New York Times premiado pelo Pulitzer, em seu livro Imune: A extraordinária história de como o organismo se defende das doenças (HarperCollins, 400 páginas, R$59,90). No geral, esse grande festival da vida conta com uma competente equipe de segurança constituída pelo sistema imunológico, sempre a postos para conter possíveis penetras que queiram acabar com essa festa — bactérias, vírus, parasitas e até mesmo células disfuncionais do seu corpo que podem se tornar uma ameaça à saúde.

Em busca de entender como nosso organismo reage aos perigos microscópicos do dia a dia, o jornalista se debruçou sobre a história da imunologia e da vida de pessoas que convivem com o câncer, o vírus HIV e algumas doenças autoimunes. Com uma linguagem acessível, o autor explica tudo o que queremos saber sobre o sistema de proteção do corpo humano (especialmente em tempos de pandemia) e quais são os principais riscos que ele pode enfrentar ao longo da vida.

Imune: A extraordinária história de como o organismo se defende das doenças (HarperCollins, 400 páginas, R$59,90) (Foto: Divulgação)

Imune: A extraordinária história de como o organismo se defende das doenças (HarperCollins, 400 páginas, R$59,90) (Foto: Divulgação)

Confira a seguir os inimigos número um do sistema imunológico:

1. Bactérias

Esses seres que habitam a Terra há cerca de 3,5 bilhões de anos já fizeram muita farra no festival da vida, sendo responsáveis por doenças como tuberculose, meningite, coqueluche, hanseníase e sífilis. Foram elas também que estiveram por atrás da Peste Negra, pandemia que pode ter dizimado até 200 milhões de pessoas no mundo durante o século 14, infectadas pela bactéria Yersinia pestis.

Mas nem todas elas têm esse efeito devastador. Na verdade, neste exato momento, bilhões de células bacterianas inofensivas estão vivendo dentro de você — e estima-se que apenas 1% delas ameaçam sua saúde.

2. Vírus

"As bactérias, por menores que sejam, fazem os vírus parecerem anões", brinca Richtel no livro. Isso porque, se milhares de bactérias podem caber dentro de uma célula humana, imagine que milhares de vírus podem caber em uma bactéria. Além disso, há uma família desses microrganismos chamada retrovírus, à qual pertence o vírus da imunodeficiência humana (o HIV), que tem a capacidade de se integrar ao nosso DNA ao atacar a célula, tornando-se difícil ser combatido pelo sistema imunológico.

Os vírus são responsáveis por causar doenças como gripe, ebola, raiva, varíola e, é claro, Covid-19. Ao invadirem o controle de uma célula, eles são capazes de se reproduzir e se multiplicar a cada 20 ou 30 minutos (assim como as bactérias).

3. Parasitas

Conhecidos por provocar doenças como a giardíase, a malária e a doença do sono, os parasitas "podem ser muito mais sofisticados do que as bactérias", descreve Richtel, além de rápidos e letais, podendo dominar sistemas inteiros do nosso organismo — como a malária faz com sistema circulatório.

4. Doenças autoimunes

Para além desses intrusos, algumas pessoas ainda têm que conviver com os riscos provocados pelo próprio sistema imunológico, quando ele resolve atacar células saudáveis do corpo. Chamadas de doenças autoimunes, elas surgem por uma série de fatores ligados ao histórico familiar, predisposição genética, hábitos prejudiciais ou situações de estresse físico ou emocional. As mais conhecidas são lúpus, doença celíacaartrite reumatoideesclerose múltipla.

5. Câncer

O câncer é o nome genérico dado a uma centena de doenças que se desenvolvem a partir do crescimento descontrolado de células desordenadas e agressivas, que prejudicam tecidos do nosso corpo, formando tumores. Essas células mutantes surgem a qualquer momento em todos nós e, no geral, elas são detectadas e destruídas pelo nosso sistema imunológico.

Mas acontece que algumas delas conseguem enganar nosso sistema de segurança e se multiplicar. No caso do linfoma de Hodgkin, exemplo de câncer que ataca o sistema linfático e é tratado no livro, o mecanismo das células mutantes é capaz de "enviar um sinal à célula T [grupo de glóbulos brancos que protege nosso organismo] para que ela se autodestrua."