• Redação Galileu
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Dados descartados pelos EUA permitiram cientistas identificarem o primeiro objeto interestelar a atingir a Terra (Foto: urikyo33/Pixabay)

Dados descartados pelos EUA permitiram cientistas identificarem o primeiro objeto interestelar a atingir a Terra (Foto: urikyo33/Pixabay)

Utilizando dados antes mantidos em sigilo pelo governo norte-americano, o Comando Espacial dos Estados Unidos (USSC) confirmou que um meteoro foi o primeiro objeto interestelar a atingir a Terra, em 2014. Detalhes sobre a rocha que cruzou o céu na costa da ilha de Manus, em Papua Nova Guiné, foram publicados na plataforma Arxiv.org em 2019.






Em outubro de 2017, o objeto espacial Oumuamua foi identificado como o primeiro objeto visitante vindo de fora do Sistema Solar, mas ele nunca entrou em contato com a Terra. Dois anos depois, o astrofísico Avi Loeb, da Universidade Harvard, e o estudante Amir Siraj escreveram o estudo sobre o objeto interestelar de 2014.

Mas a pesquisa não pôde ser revisada por pares e publicada em periódico científico até hoje. Siraj contou à revista Vice que o estudo teria sido prejudicado por "estranhas circunstâncias" após a descoberta e pelas informações sigilosas do governo norte-americano.

Siraj e Loeb enviaram o artigo ao periódico The Astrophysical Journal Letters, mas o processo de revisão foi interrompido devido à falta de informações que foram retidas no banco de dados do USSC. 

No último dia 6 de abril, em documento compartilhado no Twitter, o USSC finalmente confirmou o meteoro de 2014 como objeto interestelar. O texto diz que Joel Mozer, cientista-chefe do órgão, avaliou dados adicionais do Departamento de Defesa norte-americano a respeito do achado, confirmando que a “velocidade do objeto reportado à Nasa é suficientemente acurada para indicar uma trajetória interestelar”.

Em artigo publicado na revista Scientific American, Siraj explica que o meteoro se acendeu em uma bola de fogo no céu perto de Papua Nova Guiné, queimando com uma energia equivalente a cerca de 110 toneladas métricas de TNT, o que fez chover detritos nas profundezas do Oceano Pacífico

O objeto viajou a 216 mil km/h, o que é muito mais rápido do que a velocidade média dos meteoros orbitando o Sistema Solar. Isso sugeriu que ele não estava ligado ao Sol e vinha provavelmente do interior profundo de um sistema planetário ou de uma estrela no disco grosso da Via Láctea.






Sensores em um satélite secreto do governo dos EUA, projetado para detectar lançamentos de mísseis estrangeiros, foram as únicas testemunhas da bola de fogo. Agora Siraj espera vasculhar o fundo do oceano na costa de Papua Guiné para encontrar algum fragmento do meteoro, mas ele reconhece que as chances de tal descobertas são baixas, segundo admitiu à Vice.

“Vamos analisá-lo com extrema profundidade, porque a possibilidade de obter o primeiro pedaço de material interestelar é empolgante o suficiente para verificar isso minuciosamente e conversar com todos os especialistas mundiais em expedições oceânicas para recuperar meteoritos”, disse.