• Redação Galileu
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Estudos feitos em plantas podem ajudar a entender o comportamento humano (Foto: Reprodução/ Freepik)

Estudos feitos em plantas podem ajudar a entender o comportamento humano (Foto: Reprodução/ Freepik)

Pesquisadores da Universidade de Yale dão um passo importante no estudo das doenças psiquiátricas. Cientistas especulam que é possível utilizar as plantas como fonte de análise para entender melhor o comportamento humano. Um estudo publicado nesta quinta-feira (2) no jornal acadêmico Cellular and Molecular Life Sciences identificou um gene presente em plantas muito semelhante ao que há em mamíferos e observou como isso afeta o modo de agir de cada grupo.

Tamas Horvath, professor de medicina comparativa em Yale e autor sênior do artigo, trabalha há anos com o conceito de homologia, ou seja, de que que existem algumas similaridades entre os organismos. Essa ideia começou a se desenvolver quando o cientista passou a estudar a relação entre o comportamento e as mitocôndrias – estruturas internas das células especializadas em gerar energia e regular o metabolismo, além de serem críticas à manutenção da saúde.

Para Horvath, se fosse possível alterar genes mitocondriais em animais e ver quais condutas mudariam e, depois, fazer o mesmo com genes semelhantes em plantas, talvez entenderíamos melhor o comportamento humano através do estudo vegetal. Indo além, seria possível até desenvolver uma "planta esquizofrênica".

"Se você pudesse desenvolver esse modelo, isso significaria que você teria espécies alternativas, não apenas mamíferos, com as quais poderá investigar aspectos do comportamento humano", disse Horvath em comunicado.

Testes

Para este estudo, Horvath e sua equipe estudaram o gene mitocondrial FMT (friendly mitochondria), encontrado em uma pequena planta chamada Arabidopsis thaliana, e um gene muito semelhante, o homólogo de mitocôndrias agrupadas (CLUH), encontrado em camundongos.

Ao compararem plantas sem FMT e plantas com FMT, eles descobriram que isso afetou muitas características significativas, como germinação, brotação de sementes, comprimento da raiz, época de floração, crescimento das folhas, além de duas atitudes importantes.
A primeira foi a resposta ao estresse provocado pelo sal. Muito sal pode matar as plantas, então elas desenvolveram mecanismos para evitá-lo. Os pesquisadores descobriram que o FMT é fundamental para essas táticas de proteção em ambientes salinos.

Já a segunda é conhecida como hiponastia. Para a A. thaliana, esse comportamento inclui a maneira como suas folhas se movem ao longo do dia e da noite. Durante o dia, suas folhas são mais planas e mais expostas ao sol. À noite, quando não há luz solar para absorver, as folhas se inclinam para cima. Horvath e seus colegas descobriram que o FMT também desempenha um papel importante nesse processo, regulando o quanto e a rapidez com que as folhas se movem.

Para a conectar isso aos mamíferos, os pesquisadores compararam camundongos com CLUH regular com aqueles que tinham CLUH reduzido. Realizando um teste no qual camundongos são colocados em um ambiente aberto, eles observaram que camundongos com menos CLUH eram mais lentos e percorriam distâncias mais curtas do que suas contrapartes.

Mesmo em fase inicial, essa resposta similar entre mamíferos e plantas levanta a hipótese de que existam mecanismos relacionados às mitocôndrias que decodificam funções semelhantes em plantas e animais. Segundo o pesquisador, plantas como a A. thaliana e mamíferos compartilham vários genes e processos celulares semelhantes, não apenas FMT e CLUH.