• Redação Galileu
Atualizado em
Fóssil de semente de pinha de 40 milhões de anos estava envolto em âmbar  (Foto: Oregon State University)

Fóssil de semente de pinha de 40 milhões de anos estava envolto em âmbar (Foto: Oregon State University)

Uma rara semente de pinha fossilizada há 40 milhões de anos, no período Eoceno, foi descoberta em âmbar do Báltico. Da extinta espécie de pinheiro Pinus cembrifolia, o grão está descrito em um artigo científico publicado no periódico Historical Biology, em 8 de novembro.






O fóssil passou por uma análise minuciosa feita pelo pesquisador George Poinar Jr., da Universidade Estadual do Oregon, nos Estados Unidos. Ele relata que a preservação da semente ocorreu enquanto ela estava em viviparidade, também chamada de germinação precoce, etapa na qual começa a brotar já dentro do fruto.

Segundo o pesquisador, isso é tão raro em pinhas que só um exemplo dessa condição foi descrito na literatura científica, em 1965. "Isso é parte do que torna esta descoberta tão intrigante, além de ser o primeiro registro fóssil de viviparidade de planta envolvendo a germinação de sementes", conta ele, em comunicado.

Como todo pinheiro, P. cembrifolia faz parte do grupo das gimnospermas, plantas com vasos condutores como as araucárias, os cedros, as cicas etc. "A germinação de sementes em frutas é bastante comum em plantas sem dormência, como tomate, pimentão e toranja, e isso acontece por uma variedade de razões", cita o pesquisador. "Mas é raro nas gimnospermas”, acrescenta.

A viviparidade normalmente é associada ao desenvolvimento embrionário que ocorre em animais, ainda dentro do corpo materno. Esse é o caso de mamíferos como o ser humano, o canguru e o cachorro, mas acontece também em alguns peixes e anfíbios. Porém, muitos se esquecem que tal condição está presente em plantas.

Fóssil estava em germinação precoce, etapa na qual as sementes brotam antes de deixar o fruto  (Foto: Oregon State University)

Fóssil estava em germinação precoce, etapa na qual as sementes brotam antes de deixar o fruto (Foto: Oregon State University)

Há dois tipos mais comuns de viviparidade no reino Plantae, de acordo com
Poinar Jr. A germinação precoce é a mais comum, sendo que a outra é a viviparidade vegetativa, quando um bulbo emerge diretamente da cabeça da flor de uma planta-mãe. No caso do fóssil, as sementes produziram caules, que ficaram bem evidentes no âmbar.

Não se sabe se esses caules, chamados hipocótilos, apareceram antes da pinha ficar envolta na resina fóssil. Mas o autor do estudo aponta que, com base na posição dela, há indício de que algum crescimento ocorreu após a semente cair no âmbar.






É comum que algo aconteça após o contato com a resina. Alguns insetos, por exemplo, depositam ovos depois de ficarem aprisionados nela. No caso da pinha, é possível, segundo o pesquisador, que a cutícula que cobre os brotos possa tê-los protegido da entrada do âmbar. Tal processo pode ter ocorrido devido a geadas de inverno. As geadas, aliás, podem ocorrer em florestas do Báltico de ambiente úmido e temperado quente, conforme conta Poinar Jr.