• Redação Galileu
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Em estudo, cães Cavalier King Charles são os que mais sofrem de mutações (Foto: Kbwatts/Wikimedia Commons)

Em estudo, cães Cavalier King Charles são os que mais sofrem de mutações (Foto: Kbwatts/Wikimedia Commons)

Um novo estudo realizado pela Universidade de Uppsala, na Suécia, investigou como as práticas de reprodução canina afetaram o número de variantes genéticas causadoras de doenças nos cachorros. E os pesquisadores descobriram que os spaniels da raça Cavalier King Charles têm sido os mais prejudicados em comparação a todas as outras sete raças analisadas.

Publicada nesta quinta-feira (2) no periódico PLOS Genetics, a pesquisa sequenciou genomas de 20 cães de oito raças comuns: além dos spaniels, eles examinaram labradores, golden retrievers, beagles, rottweilers, pastores alemães, poodles e West Highland white terriers.

Com uma criação mais intensa nos últimos anos, os especialistas confirmaram que os cães Cavalier King Charles Spaniel carregam mais mutações que trazem propensão a doenças. Foram identificadas, por exemplo, duas variantes genéticas ligadas à doença do prolapso da válvula mitral (MMVD, na sigla em inglês). Nesta condição cardíaca, a válvula mitral degenera, o que leva a um vazamento de sangue do ventrículo esquerdo de volta para o átrio esquerdo.

Cão da raça West Highland White Terrier, também analisado no estudo  (Foto: SheltieBoy/Wikimedia Commons)

Cão da raça West Highland White Terrier, também analisado no estudo (Foto: SheltieBoy/Wikimedia Commons)

No estudo, a equipe sugere que o alto índice de genes com potencial de prejudicar a saúde dos spaniels tenha resultado de uma longa história de reprodução promovida pelos humanos. Com registros de que existem há pelo menos 1 mil anos, esses animais sofreram “gargalos” entre as gerações, o que significa que apenas uma pequena porcentagem da população passou seus genes a seus descendentes. E esses gargalos são o que podem ter dado espaço para o surgimento de mutações nocivas.

"Descobrimos que a reprodução recente pode ter levado a um acúmulo acelerado de mutações nocivas em certas raças de cães”, confirma Erik Axelsson, principal autor do estudo, em comunicado. “No Cavalier King Charles Spaniel, especificamente, uma ou várias dessas mutações afetam a proteína muscular cardíaca NEBL e podem predispor essa raça a doenças cardíacas devastadoras", alerta o pesquisador do departamento de bioquímica e microbiologia da Universidade de Uppsala.