• Redação Galileu
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Por que os crocodilos mudaram tão pouco desde a era dos dinossauros? (Foto: James Lee/Unsplash)

Por que os crocodilos mudaram tão pouco desde a era dos dinossauros? (Foto: James Lee/Unsplash)

Uma pesquisa conduzida na Universidade de Bristol, na Inglaterra, encontrou um padrão evolutivo que pode explicar o motivo de os crocodilos terem mudado tão pouco desde a era dos dinossauros. O estudo utilizou um algoritmo de aprendizado de máquina para comparar a evolução das espécies do animal com as mudanças climáticas. A conclusão é que esses répteis alcançaram um porte corporal eficiente e versátil que dispensou adaptações para sobreviver.

Os crocodilos atuais são muito parecidos com os do período Jurássico, que ocorreu há 200 milhões de anos. Todavia, no passado havia mais variedade de espécies: crocodilos gigantes, herbívoros, corredores e marítimos. Atualmente, existem apenas 25 espécies vivas – número pequeno comparado aos milhares de tipos de aves e lagartos que evoluíram no mesmo período.

Havia mais espécies de crocodilos no passado: gigantes, herbívoros, corredores e marítimos (Foto: Universidade de Bristol)

Havia mais espécies de crocodilos no passado: gigantes, herbívoros, corredores e marítimos (Foto: Universidade de Bristol)

A causa dessa discrepância – que mostra que a constituição física dos crocodilos pouco mudou nesses milhões de anos – está num padrão evolutivo chamado de “equilíbrio pontual”. Isso foi descrito em um estudo liderado pelo professor Max Stockdale, da Escola de Ciências Geográficas da Universidade de Bristol, publicado em janeiro na revista Nature Communications Biology.

Segundo os cientistas, normalmente, a taxa de evolução das espécies é lenta, mas pode se tornar mais rápida devido a mudanças no ambiente. Em particular, a evolução acelera quando o clima do planeta esquenta, aumentando o tamanho corporal dos animais. “Nossa análise utilizou um algoritmo de aprendizado de máquina para estimar a taxa de evolução. Essa taxa é a quantidade de mudanças ocorridas em determinado período, o que podemos observar comparando medidas de fósseis levando em consideração suas idades”, explica Stockdale, em nota.

Para o estudo, a equipe mediu o tamanho corporal dos répteis, o que possibilitou detectar a velocidade de crescimento dos animais, a quantidade de comida de que eles necessitavam, o tamanho de suas populações e a probabilidade de serem extintos.

As descobertas evidenciam que a pouca diversidade de espécies de crocodilos e a aparente falta de evolução são resultados de uma taxa evolucionária lenta. Aparentemente, esses animais chegaram a uma constituição corporal eficiente e versátil o suficiente para dispensar a necessidade de se adaptar para sobreviver.

Essa versatilidade pode ser uma das explicações do porquê os crocodilos sobreviveram ao fenômeno que extinguiu os dinossauros no período Cretáceo. Também explica o motivo de ter existido uma maior diversidade de espécies no período Jurássico. Por serem animais de sangue frio, eles precisam da energia solar para se esquentarem. E, na era dos dinossauros, o clima era muito mais quente do que hoje – assim, eles não precisavam competir tanto por comida, como os animais de sangue quente, caso de mamíferos e pássaros.

“É fascinante ver como existe uma relação intrincada entre a Terra e os seres vivos. Os crocodilos desenvolveram um estilo de vida versátil o suficiente para se adaptar às enormes mudanças ambientais que ocorreram desde a época dos dinossauros”, conclui o principal autor do estudo.