Um Só Planeta
 

Por Giovanna Forcioni


Lavar as mãos com água e sabão antes de comer. Higienizar sempre frutas, legumes e verduras. Cozinhar bem os alimentos. Só beber água filtrada ou engarrafada. Crescemos ouvindo dos nossos pais (e ensinando aos nossos filhos) que, para proteger a saúde, devemos tomar cuidado com a qualidade da comida e das bebidas que ingerimos. Mas, em meio a tantas recomendações, acabamos nos esquecendo de uma tão importante quanto todas as outras: é preciso, sim, se preocupar com a qualidade do ar que respiramos.

Pai e mãe com filho ao lado da janela — Foto: Freepik
Pai e mãe com filho ao lado da janela — Foto: Freepik

“O ar que entra pelo nariz vai muito mais fundo no nosso organismo do que qualquer perigo que possa chegar pela boca ou pelas mãos. Ele vai direto para o pulmão e cai na circulação sanguínea facilmente”, explica o pneumologista Álvaro Cruz, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e diretor da Fundação ProAR. Justamente por isso, não dá para vacilar.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a poluição do ar está relacionada a mais de 6,7 milhões de mortes prematuras por ano no mundo. E aqui, quando nos referimos à poluição, não estamos citando apenas aquela emitida pelas indústrias, pelos veículos e pelos incêndios. Por mais que não percebamos, dentro de casa também inalamos uma série de poluentes a todo momento.

Aquilo que é considerado banal, muitas vezes, como a fuligem que é trazida com o vento, a poeira do chão ou os sulfatos dos produtos de limpeza, tudo isso pode ser prejudicial para a saúde. Os níveis de poluição indoor, inclusive, podem ser de duas a cinco vezes maiores do que os que encontramos fora de casa, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA). E as crianças são as mais vulneráveis, por terem uma taxa metabólica e de consumo de oxigênio maior do que a dos adultos e, assim, inalarem mais poluentes.

A exposição à poluição doméstica piora, por exemplo, quadros de rinite e asma. Mas o perigo atinge também quem não tem doenças crônicas, é claro. “A função pulmonar alterada pode aumentar o risco de pneumonia e infecções respiratórias nos primeiros anos de vida”, diz a pediatra Marilyn Urrutia Pereira, membro do Departamento de Toxicologia e Saúde Ambiental da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

OK. Então, diante desse cenário, o que fazer, afinal? Enquanto as autoridades trabalham elaborando políticas públicas para amenizar o problema da porta da rua para fora, as quais você pode e deve cobrar, existem medidas que podem ser adotadas dentro de casa. Tanto na ventilação quanto na higiene do ambiente, sem esquecer do controle da umidade. Confira as dicas a seguir.

Ventilação e circulação do ar

Abrir portas e janelas com a intenção de arejar a casa faz parte da rotina de muitas famílias, mas você sabia que, em alguns casos, isso pode mais atrapalhar do que ajudar? “Primeiro, precisamos analisar como é a qualidade do ar externo. Se a residência fica numa região em que o ar externo é puro, abrir as janelas é uma boa estratégia. Agora, se for num lugar perto de indústrias ou onde haja muita poluição, quanto mais a família ficar protegida dentro de casa, melhor”, afirma o pneumologista Álvaro Cruz.

A dica do engenheiro Leonardo Cozac, presidente do Plano Nacional de Qualidade do Ar Interno (PNQAI), é sempre checar em plataformas ou aplicativos de meteorologia como está a qualidade do ar no dia. Se estiver classificada como “boa”, não há problema em abrir as janelas. Quando isso não for possível, ele sugere o uso de purificadores portáteis para fazer circular o ar. “Por meio de um sistema de filtros, os aparelhos limpam o ar que está dentro daquele ambiente, eliminando micropartículas que podem ser prejudiciais”, explica. Só é necessário criar o hábito de trocar os filtros regularmente, seguindo a indicação do fabricante, combinado?

Controle da umidade

O nariz começa a ressecar, a garganta fica irritada, as crises alérgicas dão as caras e aí nos atentamos sobre a umidade do ar em casa. Quando fica abaixo de 50%, vale investir em técnicas antigas, como deixar uma bacia com água (longe do alcance dos pequenos) ou toalha molhada nos ambientes em que passamos a maior parte do dia.

Nesses casos, os umidificadores são uma boa alternativa. Leonardo Cozac, que também é membro do Qualindoor, departamento de qualidade do ar interno da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA), alerta para a qualidade da água colocada no aparelho. “O ideal é ferver a água antes de utilizar e, depois de cada uso, limpar o umidificador com água e detergente.” E atenção: três a quatro horas com o aparelho ligado por dia são mais do que suficientes.

Não exagerar e controlar a umidade é importante para evitar um problema maior: o mofo. Ele é um conjunto de fungos que gosta de lugares quentinhos e com pouca luz. Assim, a umidade é um prato cheio para que se espalhe. “O mofo pode causar reações alérgicas, asma e outras doenças respiratórias nas crianças. Instalar e usar um sistema de ventilação no ambiente [como grades de ventilação] auxilia no controle da umidade e inibe sua proliferação”, afirma a pediatra Marilyn Urrutia Pereira, da SBP.

Caso o fungo já tenha se instalado (o que pode ser identificado pelas manchas ou pelo cheiro), a recomendação da EPA é esfregar a superfície com detergente e água (com máscara e luvas) e depois deixá-la secar naturalmente. Forros e carpetes mofados devem ser jogados fora – se a superfície atingida tiver mais de 1 m², é preciso contratar um profissional especializado para fazer o serviço.

Limpeza e higiene

A pedagoga Alcineide Jorge, 40, sempre gostou de ambientes amplos, sem tantos móveis, tapetes, cortinas e pelúcias. Ainda assim, a filha mais velha, Elise, hoje com 3 anos, começou a ter crises alérgicas com frequência desde cedo. “Passamos a controlar mais ainda os cuidados diários, trocando a vassoura pelo aspirador de pó, passando pano úmido na superfície dos móveis, trocando a roupa de cama a cada semana… Com isso, percebemos uma melhora e evitamos que ela ficasse usando medicamentos toda hora”, conta.

De fato, tudo o que Alcineide fez beneficia a qualidade do ar dentro de casa e diminui o acúmulo de ácaros, especialmente a troca da vassoura e do espanador. Ao usar esses utensílios, até sentimos uma sensação de limpeza, mas só estamos espalhando a sujeira e fazendo com que micropartículas de poeira fiquem por horas em suspensão no ar.

“Os aspiradores amenizam o problema. Mas, se possível, prefira os modelos com filtro tipo HEPA. Ele é como se fosse a PFF2 das máscaras, mais eficiente, e deixa passar menos partículas”, compara Leonardo, da ABRAVA.

Até a hora de passar um paninho merece atenção. Um estudo publicado na revista científica Science Advances mostrou que certos produtos de limpeza, como desinfetantes, desprendem um volume de partículas de poluentes maior do que carros, por exemplo. Se misturados com outros produtos, podem perder a eficácia e liberar mais substâncias químicas. Por isso, sempre que puder, opte por versões sem cheiros fortes e biodegradáveis. Quanto mais natural, melhor.

Decorar com plantas ajuda?

Viver perto da natureza favorece a qualidade do ar doméstico. Isso não significa, porém, que encher de plantas os cômodos da casa tem o mesmo benefício. Na tentativa de purificar o ar, você pode alcançar o efeito contrário. Segundo o pneumologista Álvaro Cruz, não há estudos robustos que comprovem que qualquer tipo de planta diminui a poluição em casa. “Quando você leva uma planta para dentro, necessariamente está levando mais umidade. Num ambiente mais seco, tudo bem. No entanto, em um local mais úmido, se não for bem ventilado, pode tornar a umidade excessiva e, assim, aumentar o risco de mofo”, alerta. Ou seja, maneire nos vasinhos.

Sinais de que a qualidade do ar da sua casa está deixando a desejar

A sua casa dá sinais quando a qualidade do ar da casa não está nos níveis adequados. O importante é ficar atento e tomar medidas para mudar o cenário o quanto antes. Reunimos alguns indícios de que algo está errado com a qualidade do ar. Confira!

  1. Odores: Quando depois de cozinhar ou faxinar, o cheiro da comida ou dos produtos de limpeza demoram a “ir embora”
  2. Mofo: Quando começam a aparecer sinais de mofo ou bolor no rejunte do piso, atrás do guarda-roupa, nas paredes…
  3. Condensação nas superfícies: Quando as janelas ou os móveis ficam “do nada” cheios de gotinhas d’água
  4. Sintomas físicos: Quando os membros da família apresentam episódios recorrentes de espirros, tosse, irritação de garganta, coceira nos olhos e doenças respiratórias
  5. Sensação de abafamento: Quando parece que o ar está “pesado” e difícil de inalar
  6. Acúmulo de poeira: Quando há montinhos de poeira no chão ou pó na superfície dos móveis

Um Só Planeta — Foto: Divulgação
Um Só Planeta — Foto: Divulgação

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