Saúde & bem-estar
 

Por Fernanda Tsuji


Se você recebeu um diagnóstico de cisto e está preocupada porque sonha em ter um bebê, muita calma. A boa notícia é que sim, é possível engravidar mesmo tendo cistos ovarianos. Relativamente comuns em mulheres em idade fértil, a maioria dos casos é benigna, e embora a ovulação possa ser afetada por um tempo, um cisto no ovário não é considerado um impeditivo direto para a gestação. Esse sonho ainda pode se tornar realidade!

Sistema reprodutor feminino — Foto: Freepik
Sistema reprodutor feminino — Foto: Freepik

Os cistos podem, inclusive, desaparecer espontaneamente, mas é claro que sempre é prudente realizar um acompanhamento cuidadoso para diagnosticar as causas, o tipo e, eventualmente, entender se será preciso intervenção cirúrgica ou medicamentosa para tratá-lo. Ainda mais se você está tentando manter o corpo o mais saudável possível para poder engravidar em breve.

Há casos ainda em que o diagnóstico do cisto vem junto com a gravidez, e está tudo bem. Apesar do timing não ser ideal, desde que monitorado atentamente pelo ginecologista para observar qualquer alteração no tamanho ou possíveis complicações que causem desconforto, um cisto benigno e simples não costuma atrapalhar o curso da gestação.

A seguir, buscamos a ajuda do ginecologista Pedro Augusto Araújo Monteleone, vice-presidente da Comissão Nacional Especializada em Reprodução Assistida da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) para esclarecer todas as suas dúvidas.

Entenda quais tipos de cistos existem, quais demandam mais atenção e podem ser malignos, como é feito o diagnóstico e conheça os possíveis tratamentos. Com mais informação, caminhamos mais tranquilas, não é mesmo?

O que é um cisto no ovário?

Cistos ovarianos simples são pequenas bolsas contendo líquido que podem se formar nos ovários. Geralmente benignos e não relacionados a nenhuma doença específica, eles podem apresentar diferentes tipos e tamanhos, sendo a causa mais comum, o desequilíbrio hormonal. Embora a maioria desapareça com o tempo, é preciso investigar para determinar o melhor tratamento, ok?

O tipo de cisto mais comum é chamado de funcional e está relacionado ao processo de ovulação em mulheres em idade fértil, entre 15 e 35 anos. Existem três tipos principais:

  • Cisto folicular: pode ocorrer todo mês durante o ciclo menstrual. O processo natural é que o folículo cresça, se rompa e libere o óvulo para ser capturado pelas trompas. Depois, desapareça. Porém, quando o folículo não consegue expelir o óvulo, ele permanece cheio de líquido no ovário e vira um cisto. “E isso pode trazer irregularidade menstrual e até desconforto pélvico, mas geralmente é benigno e quando, por fim, rompe ou é removido, tudo volta ao normal”, explica o ginecologista e obstetra. Segundo ele, cistos desse tipo costumam permanecer de 3 meses até 1 ano no corpo.
  • Cistos de corpo lúteo: este tipo se forma após a liberação do óvulo. Normalmente, quando fertilizado, o folículo se transforma no corpo lúteo, que passa a ser responsável pela produção de hormônios que preparam o útero para a gravidez. Se a gestação não ocorre, o corpo lúteo regride e é reabsorvido pelo corpo. No entanto, em algumas situações, esse processo não acontece como deveria, e ele volta a acumular líquido, formando um cisto de corpo lúteo. Assim como o folicular, ele também costuma desaparecer espontaneamente.
  • Cisto hemorrágico: Este é um tipo de cisto benigno que acumula sangue em seu interior. Ele também não costuma oferecer grandes complicações e é normalmente reabsorvido pelo corpo.

Já entre os cistos considerados não funcionais, ou seja, aqueles que não estão relacionados aos ciclos menstruais, existem outros tipos específicos:

  • Endometrioma: Este é um cisto que contém tecido do endométrio, o que resulta em um conteúdo interno escuro e espesso. Ele geralmente ocorre em mulheres que já têm endometriose, uma doença crônica onde o tecido que reveste a parte interna do útero cresce fora dele. Os endometriomas são frequentemente dolorosos e podem ter um impacto significativo na fertilidade, razão pela qual necessitam de acompanhamento médico rigoroso.
  • Cistoadenoma: tipo de cisto benigno que surge a partir do tecido epitelial do ovário. Ele pode crescer bastante, chegando a tamanhos que tornam necessária uma intervenção cirúrgica para removê-lo.
  • Cisto dermoide: Também conhecido como teratoma, este cisto é na verdade um tumor benigno que pode conter uma variedade de tecidos diferentes, como pele, cabelo e até mesmo dentes. Devido à sua natureza e composição, geralmente é necessária uma intervenção cirúrgica para sua remoção.

Por fim, é crucial estar atenta aos cistos que são potencialmente perigosos. "Existem cistos patológicos que possuem um conteúdo mais denso. Quando estes se rompem, podem levar à formação de aderências intestinais e provocar um processo inflamatório significativo”, alerta o vice-presidente da Comissão Nacional Especializada em Reprodução Assistida da Febrasgo. "Além disso, há cistos que são malignos, contendo tecidos dentro e que, potencialmente, podem causar problemas oncológicos, como o câncer de ovário - uma das patologias mais graves que podem afetar mulheres" , acrescenta.

Mulher segurando representação do sistema reprodutor feminino — Foto: Freepik
Mulher segurando representação do sistema reprodutor feminino — Foto: Freepik

É verdade que costuma ser assintomático?

Sim, não existem muitos sinais específicos e, na maioria das vezes, os cistos são descobertos casualmente durante os exames ginecológicos de rotina. Nos casos em que os sintomas, de fato, aparecem, eles podem incluir:

  • Irregularidades menstruais, atrasos, mudanças no fluxo ou sangramentos fora do ciclo normal;
  • Dor na região dos ovários, seja de um lado ou de ambos;
  • Dor durante as relações sexuais;
  • Desconforto abdominal ou inchaço;
  • Presença de massas abdominais palpáveis, no caso de cistos muito grandes;
  • Dor repentina, com náuseas e vômitos, nos casos de ruptura do cisto.

Como é diagnosticado?

Geralmente, cistos maiores podem ser identificados por meio de um exame de toque, mas a maioria é diagnosticada através de ultrassom pélvico ou transvaginal e o acompanhamento pode ser conduzido pelo ginecologista geral. Se a mulher estiver em tratamento para infertilidade, então um médico especialista pode abordar a situação de forma adequada ao processo pelo qual ela está passando.

Agora, se houver suspeita de malignidade ou complexidade do cisto, o médico poderá solicitar exames adicionais como uma ressonância magnética para classificá-lo, exames de sangue e sugerir encaminhamento para um especialista em oncologia para um melhor acompanhamento do caso.

Como é o tratamento?

Não há uma regra única e cada caso deve ser analisado individualmente. O tratamento varia conforme a situação e nem sempre requer intervenção cirúrgica. "Temos que considerar o tamanho, as características do cisto, o histórico da paciente e o quadro clínico", afirma o médico. E aqui vale um alerta: contar com o tempo para resolver o problema pode não ser a melhor estratégia.

De fato, enquanto alguns cistos desaparecem espontaneamente com o passar do tempo, outros necessitam de auxílio médico para serem eliminados. É o caso de cistos muito volumosos - geralmente maiores que 5 cm - que interferem na ovulação. Eles demoram para se romper por conta própria e podem necessitar de drenagem ou procedimentos cirúrgicos para serem removidos, evitando complicações adicionais.

Existem também situações emergenciais, como quando a paciente sente muita dor devido ao rompimento ou torção de um cisto ou quando há suspeita de malignidade. Nesses casos, é preciso buscar ajuda médica imediatamente.

Quando um cisto é preocupante?

"Quando o conteúdo do cisto contém tecidos e sangue, e isso é visível ao ultrassom, precisamos aprofundar o estudo para verificar se há alguma patologia associada, seja ela benigna ou maligna", destaca o ginecologista da Febrasgo.

Outro fator que pode agravar o quadro é a presença de casos na família, elevando os riscos para câncer de mama ou de ovário. "Pode haver uma relação de hereditariedade, e nesses casos o acompanhamento deve ser mais próximo, já que o risco relativo de desenvolver uma patologia maligna é maior nessa população", ressalta Pedro Augusto.

Ele indica que o caso seja rapidamente encaminhado a um ginecologista especializado em oncologia para esclarecer o diagnóstico. "Quanto mais cedo esse tipo de patologia for abordado, melhor será o prognóstico", conclui.

É verdade que o anticoncepcional ajuda a diminuir os cistos?

O seu ginecologista saberá indicar se este é o seu caso, mas, sim, existem situações em que o uso de anticoncepcionais pode ser útil. "Ao fazer essa manipulação hormonal, muitas vezes o cisto se rompe e desaparece. E, uma vez tratado, a tendência de ele voltar é mínima", explica o ginecologista.

A situação muda quando se trata de endometrioma, que é uma patologia dolorosa e pode persistir mesmo após o uso de anticoncepcionais. "O endometrioma volta a se encher e, para resolvê-lo, é preciso remover sua cápsula por meio de laparoscopia", esclarece Pedro.

É possível engravidar com cistos no ovário?

Um cisto no ovário não é uma causa direta de infertilidade. No entanto, cistos podem surgir devido a alterações hormonais, o que pode interferir na liberação do óvulo, causando irregularidades nos ciclos menstruais e disfunção ovulatória.

Por isso, diante de um diagnóstico, o ideal é monitorar a situação de perto para entender as causas e avaliar a necessidade de tratamento. No melhor cenário, o cisto benigno desaparece com o tempo, o ciclo hormonal se estabiliza e, com isso, as chances de engravidar também voltam.

"Quando estamos lidando com cistos benignos que não têm um volume significativo, não há necessidade de tratamento prévio à gestação. Agora, quando esses cistos são grandes, podem trazer dor e desconforto durante a gravidez, aí merecem tratamento prévio”, conta o ginecologista. O mesmo se aplica aos endometriomas, que podem requerer cirurgia antes de iniciar as tentativas de concepção para aumentar as chances de sucesso.

Tá, mas e se a tentante descobrir o cisto enquanto está fazendo um tratamento de reprodução assistida? Nesse caso, o especialista em fertilidade poderá orientar de acordo com cada situação. Há circunstâncias em que é possível continuar com o tratamento enquanto se monitora o cisto.

Em outras, o médico pode até optar por realizar a cirurgia para remover o cisto (se necessário) após a coleta dos óvulos. “Isso porque quando removemos o cisto na cirurgia, principalmente a do endometrioma, também retiramos um pouco do parênquima (tecido) ovariano e isso pode gerar uma diminuição no número de folículos e de células a serem estimuladas”, diz Pedro.

Como é uma gravidez com cisto no ovário?

Assim como a mulher pode entrar na gestação já tendo um cisto ovariano em tratamento, é possível que ele apareça na gravidez. Na maioria dos casos, não altera o curso da gestação, mas se forem grandes, podem incomodar. E, embora não seja um procedimento comum, existem situações em que é preferível drená-lo para aliviar o desconforto da paciente.

“É uma massa cística que pode tomar proporções de volume significativo e causar desconforto doloroso. Nesse tipo de situação, o tratamento é fazer a aspiração do cisto via vaginal, quando ele é acessível ou tratar com analgésico", explica Monteleone.

O médico também destaca que cistos muito grandes podem causar torção, um giro do ovário em torno de seu ligamento ao útero. “Quando isso ocorre, há a entrada do sangue arterial, mas uma drenagem ruim do sangue venoso. O ovário se distende e isso causa muita dor. Nessa situação, é necessário realizar uma laparoscopia para corrigir a torção do ovário e, em alguns casos, até removê-lo (quando muito danificado), porque é bastante doloroso e não se consegue aliviar a dor somente com analgésicos”, explica o médico. E embora a laparoscopia não seja um procedimento ideal durante a gravidez, do ponto de vista técnico, ela não coloca o bebê em risco quando realizada de forma adequada.

Qual é a diferença entre a síndrome do ovário policístico e cisto no ovário?

Por fim, vale diferenciar dois termos frequentemente confundidos quando se discute fertilidade: o cisto no ovário e a síndrome do ovário policístico (SOP).

O cisto no ovário, como já foi dito, costuma ser assintomático, ocorre isoladamente e é uma condição pontual que muitas vezes desaparece sozinho, sem apresentar grandes riscos. Em contrapartida, a SOP é um distúrbio hormonal crônico que afeta entre 5% a 10% das mulheres em idade reprodutiva. Neste caso, múltiplos pequenos cistos surgem causando irregularidades menstruais, dor intensa e necessitando de tratamento contínuo.

“Quando a mulher menstrua, ela recruta vários pequenos cistos, chamados folículos. Dentre esses, apenas um crescerá, enquanto os outros serão eliminados. Esse é o fenômeno conhecido como 'dominância folicular', e é por isso que geralmente apenas um filho nasce de cada gravidez. A mulher que tem ovários micropolicísticos possui vários pequenos cistos que não conseguem estabelecer esse plano de dominância folicular, portanto, essa mulher não ovula”, explica o ginecologista e continua: “Isso é uma patologia que pode levar à infertilidade, já que ela passa a ter um quadro chamado anovulação crônica. E se ela não ovula, não menstrua”. Ou seja, isso impede que a gravidez ocorra.

Deste modo, fica claro que, enquanto um cisto no ovário não apresenta muitos obstáculos à fertilidade, a síndrome do ovário policístico pode, de fato, dificultar uma gravidez bem-sucedida.

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