A técnica em radiologia Lize Danielle (@mamaedegemeos_casal), 34 anos, de Santa Izabel do Oeste, no Paraná, já era mãe de Ana, 9 anos, e não planejava ter filhos tão cedo quando descobriu que estava grávida. Mas a surpresa maior veio durante o ultrassom. "Estávamos calados durante o exame, pois não havia sido planejado. Estava um silêncio, e achei que o médico estava brincando, tentando 'quebrar o gelo', quando anunciou que eram gêmeos", lembra.
Bento Benício e Maria Tereza acabaram de completar 3 anos, mas, incrivelmente, a história se repete. Mais uma vez, sem planejar, Lize descobriu que estava grávida e, de novo, na sala do ultrassom, a notícia mais chocante: "Quando o médico colocou o aparelho na minha barriga, na hora, apareceram duas cabeças. Eram dois bebezões. Foi um choque". Grávida de 34 semanas, ela contou à CRESCER essa história incrível.
"Com aproximadamente 18 anos, eu casei. Aos 24, tive minha primeira filha, Ana. Mas quando ela tinha 1 ano, separei do pai dela e fui viver uma vida de mãe solo. Foi assim durante quatro anos. Foi tanto tempo vivendo sozinhas que eu já tinha colocado na cabeça que a responsabilidade era só minha. Era só eu e ela — e a levava para todos os lugares. Até que conheci meu atual marido. Há 9 anos divorciado e com uma filha, um dia, ele me chamou para sair, e eu disse que não porque não tinha com quem deixar minha filha.
Eu era uma mãe solo sem rede de apoio. Não tinha como sair ou fazer qualquer programa de adulto. Falei que se ele quisesse ficar comigo, teria que aceitar a minha realidade. Mas, aos poucos, fomos fazendo programas que eu pudesse levar Ana junto, e as coisas foram acontecendo. Ele aceitou e acolheu meu lado mãe. Ficávamos muito juntos, saíamos com ela, ele me ajudava a criá-la e passou a ser o pai que ela não tinha.
Meses depois, iniciamos o processo para organizar a nossa vida juntos. Nessa época, ainda não eramos casados, cada um morava em um apartamento, mas havíamos investido em um salão de belezão. Só que veio a pandemia. Eu tomava anticoncepional, passei a sentir muita dor de cabeça, enjoo, achei que pudesse ser algo hormonal e fui ao ginecologista. Ela pediu, então, um teste de gravidez. E não só deu positivo, como o nível do Beta HCG estava muito alto. Contei para o meu marido no dia dos namorados, mas, nunca, jamais passou nas nossas cabeças que poderiam ser gêmeos. Eu morava em um apartamento que mal cabia uma criança, quanto mais três.
Gêmeos surpresa
Mesmo grávida, nessa época, ainda achava que a vida continuaria da mesma maneira até que fui fazer a ecografia. Estávamos nervosos, já que a gestação não havia sido planejada. Estávamos calados durante o exame, um silência na sala. E achei que o médico estava brincando, tentando 'quebrar o gelo', quando anunciou que eram gêmeos. Mas começou a ficar sério o exame: 'Feto 1, feto 2...' Não acreditávamos! Nesse mesmo exame, o médico deu quase certeza de que um deles era menino e disse que provavelmente o outro também era. Então, passamos toda a gestação toda acreditando que eram dois meninos.
Foi uma gestação muito tranquila, maravilhosa. Com 35 semanas, retornamos a esse médico. Nessa época, já estávamos com o quartinho montado e enxoval todo prontinho para os dois meninos. Um seria o Bento e outro Benício. Quando ele foi confirmar o sexo dos bebês, disse: 'O feto 1 realmente é um menino. O 2 é uma menina'. Meu Deus, o mundo caiu para a gente. Passamos a gestação toda achando que seriam dois meninos! Veio aquele sentimento de ter vivido uma mentira durante todo esse tempo. E eu pensava: 'E a minha filha, será que ela sentiu?' Realmente, era um menino e uma menina. Foi uma correria no fim da gestação para tentar trocar o que fosse possível. No fim, foi como se tivéssemos feito o enxoval de três crianças.
De certa maneira, não seria exagero dizer que, naquele momento, com os hormônios à flor da pele, era como se eu tivesse ganhado mais um filho e perdido outro. Nós decidimos, então, que o menino se chamaria Bento Benício. Minha sogra, que já tinha sonhado que seria um casal, sugeriu que o nome da menina fosse Maria. Então, escolhemos Maria Tereza, em homenagem à minha sogra, que é como se fosse uma mãe para mim — meu braço direito na criação dos meus filhos.
Assim, a maternidade que, para mim, começou de uma forma sofrida, se transformou em algo tão gostoso, tão natural... Passei a viver o momento e a agradecer muito. Eu tinha sido agraciada com duas crianças ao mesmo tempo. A sensação era de muita gratidão. Estava finalmente podendo dar uma família para a Ana — um pai, uma avó e dois irmãos. Ela nunca mais ficaria sozinha. E estava sendo fantástico para mim.
Meus filhos nasceram de 38 semanas, não precisaram de UTI, pesaram bem, mamaram bem, não tiveram nenhuma doença grave e nossas vidas começaram a prosperar. Decidimos mudar de Curitiba para a minha cidade e, lá, compramos uma casa. Com isso, também ficaríamos perto da minha sogra, que é nossa principal rede de apoio. Em seguida, consegui um emprego na área de radiologia e seguimos nossa rotina, que sempre foi uma loucura, claro, com três crianças.
Gêmeos em dose dupla
Quase um ano na empresa trabalhando como técnica em radiologia, jamais imaginava descobrir outra gestação, ainda mais de gêmeos novamente. Eu tomava pílula anticoncepcional de forma contínua, pois sofria com enxaqueca, dor de cabeça, TPM... Cheguei a me sentir estranha e muito cansada, mas achei que fosse por conta da rotina com as crianças e o trabalho. Foi quando, um dia, minha mãe me olhou de costas e falou: 'Você está grávida, suas costas, seu corpo está largo'. Então, resolvi fazer um teste de farmácia e deu positivo — e foi um susto, pois o teste mostrou que estava com mais de 3 semanas de gestação.
Descobri a gestação com 18 semanas. Durante todo esse tempo, trabalhei dentro de uma sala de raio x, onde a presença de gestantes é muito restritra. Passei quatro meses sem sentir quase nada e sem saber que estava grávida. Não deu pra fazer surpresa para ninguém, pois o primeiro sentimento foi de medo por trabalhar dentro de uma sala de raio x e estar com uma gravidez tão avançada. Minha maior preocupação era com o estado das crianças.
Marcamos, então, uma ultrassonografia de emergência. Como eu tomava o remédio continuo, não tinha ideia de quanto tempo eu estava. O médico perguntou quantas semanas a menstruação estava atrasada, eu disse que não sabia. Perguntou como estava a gestação, eu não sabia nada! Inicialmente, a gente achou que não iria conseguir ver nada ao fazer o ultrassom pela barriga, pois poderia ser recente, mas quando ele colocou o aparelho na minha barriga, na hora, apareceram duas cabeças. Eram dois bebezões! Foi um choque! A gente já tinha gêmeos, tínhamos vivido isso há três anos e, de novo, estávamos vivendo tudo aquilo novamente. Estava gerando gêmeos mais uma vez.
O exame foi minucioso para ver se estava tudo bem — e eles estavam perfeitos, bem formados. Estávamos com 18 semanas e deu até para ver o sexo. Descobrimos que teríamos mais um casal de gêmeos, cada um com uma placenta e em seu saco gestacional. Era o primeiro ultrassom e já tínhamos dois filhos muito bem formados dentro da barriga. Então, começamos o pré-natal, acordando, aos poucos, para essa nova realidade. Agora que estávamos começando a sair novamente, levando as crianças para mais lugares... vamos começar tudo de novo! Felizmente, tínhamos comprado há pouco tempo uma casa grande, com quatro quartos e piscina. E a casa, que até então era gigante, agora está no limite (risos).
Já passamos das 34 semanas, fizemos o morfológicos dos bebês, eles estão mexendo bastante, está tudo bem, a gestação está ótima e o peso deles excelente. Estão se desenvolvendo muito bem. Assim que fiquei sabendo da gestação, por causa da radiação, fui afastada da empresa e vou continuar até após a licença-maternidade. Depois, vamos ter que nos adaptar a outra rotina. Meu marido é mais do que um pai, cria a Ana como se fosse filha dele e agora estamos na expectativa da chegada dos nossos bebês. Sabemos que não será fácil, que a rotina será ainda mais intensa, mas, para mim, a maternidade veio em forma de superação.
Hoje, eu decidi influenciar mulheres e mães, e brinco com elas que 'ninguém solta a mão de ninguém'. Somos guerreiras! Tenho um projeto chamado 'Superando Desafios da Maternidade', que ainda é muito pequeno, mas tem intenção de crescer. Tenho muita coisa para compartilhar, somar e dividir com as mulheres. Podemos ser felizes enquanto mãe, a maternidade não precisa ser pesada. Hoje, recebo muitas mensagens positivas de mulheres dizendo que eu dou força para elas. Então, minha história já está valendo a pena. Minha vida é completa. Eu não estaria em outro lugar ou fazendo outra coisa. Quero estar com a minha família e ao lado dela."
Palavra de médico
Em relação aos riscos que Lize correu em relação a exposição à radiação, o ginecologista e obstetra Alexandre Pupo, médico associado à FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), explicou que o técnico costuma estar protegido, seja por um avental de chumbo ou atrás de um biombo de chumbo, ou até mesmo fora da sala. "As sala são blindadas justamente para que não haja escape. Existe todo um sistema de proteção individual para que a pessoa que está trabalhando lá não se exponha à radiação", disse.
"Na prática, a única pessoa exposta à radiação em uma sala de Raio X, é o paciente que está fazendo o exame, justamente porque o exame exige que se utilize a radiação", completa. "Mas se alguém for exposto à radiação sem conhecimento prévio no início da gestação, quando ainda não sabe que está grávida, o que sabemos é que o bebê exposto à radiação pode ter algumas sequências, como retardo de crescimento e até aborto. E depois, durante a vida, aumento de riscos de leucemia, linfomas e tumores cerebrais. Mas é importante frisar que esses riscos são bastante raros e, normalmente, estão relacionados à doses altas de radiação", esclareceu.
Já sobre as chances de uma mulher engravidar de gêmeos duas vezes seguidas, de forma natural, o médico afirma: "As chances são bastante raras. Engravidar de gêmeos de forma natural é uma probabilidade baixa — 1 para cada 250 nascimentos. E duas vezes seguidas é ainda mais raro. O que ocorre é que, às vezes, existem alterações genéticas na mãe favorecem a gemelaridade. Então, sabemos que existem famílias que, por questões genéticas, a frequência de gêmeos é alta. E isso vale para gêmeos fraternos [como é o caso de Lize] e não gêmeos univitelinos", finalizou.
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