Saúde
 

Por Amanda Oliveira — São Paulo


O termo “tripledemia” vem sendo muito usado nos últimos dias. Para quem não conhece, a palavra se refere à coexistência de circulação de três vírus respiratórios: Sars-Cov2, da covid-19, Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e influenza (gripe). Um cenário que vem ocorrendo em muitos países, inclusive no Brasil.

Nas últimas semanas, acompanhamos uma alta de testes positivos para a covid-19 nos laboratórios do país. Em meio a esse crescimento de registros envolvendo o coronavírus, outro agente também vem ganhando espaço. Em boletim divulgado no dia 4 de novembro, a Fiocruz fez um alerta para o aumento de casos semanais associados ao Vírus Sincicial Respiratório (VSR) em crianças de 0 a 4 anos.

Aumento de circulação de vírus respiratórios  (Foto: Getty Images) — Foto: Crescer
Aumento de circulação de vírus respiratórios (Foto: Getty Images) — Foto: Crescer

O boletim é referente à semana Epidemiológica 43, período de 23 a 29 de outubro. Em relação à população geral, o estado de São Paulo segue apresentando números significativos de casos positivos para influenza A nas últimas semanas. “A presença de casos de gripe em São Paulo ainda é relevante, embora não esteja traduzindo em aumento no total de casos de SRAG na maioria das faixas etárias da população adulta, especialmente nos grupos acima de 50 anos”, apontou Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.

No período analisado, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de 19,9% para influenza A; 0,6% para influenza B; 26,4% para VSR; e 26,0% para Sars-CoV-2 (covid-19). Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos foi de 17,6% para influenza A; 0,0% para influenza B; 2,0% para VSR; e 68,6% para Sars-CoV-2.

A coexistência de três vírus circulando, realmente, é um cenário no qual é preciso ficar em alerta. No entanto, o infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), explica que não há motivo para pânico. “A circulação desses vírus [influenza e VSR] já teve um pico maior há um mês. Agora, o que está aumentando mais é a covid-19”, explica o médico.

Segundo o especialista, essa desorganização da sazonalidade dos vírus já foi vista no ano passado, com o aumento fora do comum de casos de Influenza. Há vários fatores que podem explicar essas mudanças. Entre elas a implantação de medidas restritivas durante a pandemia, o que diminuiu o contato das pessoas com esses agentes infecciosos e aumentou o número de pessoas suscetíveis.

Assim como Kfouri, a médica Keilla Mara de Freitas, infectologista da clínica Regenerati, também aponta que o período de isolamento teve um impacto fundamental nas mudanças de sazonalidade dos vírus respiratórios. A especialista ressalta que esses vírus costumavam circular mais no inverno, porém, estão presentes o ano todo. “Nós vamos nos expondo e criamos uma resistência à cepa que está circulando na ocasião. É como se diluíssem os casos ao longo dos meses. No momento que tem uma circulação maior, nos períodos mais frios, boa parte da população já teve contato com o vírus”, esclarece.

Com a pandemia, houve um protagonismo da covid-19 e outros vírus respiratórios perderam espaço. “Os meios de prevenção de covid-19 [máscara e isolamento social] não estavam sendo suficientes para acabar com a circulação do coronavírus, mas já estavam sendo suficientes para diminuir muito a circulação de outros vírus respiratórios”, afirma a especialista.

Durante esse período, as pessoas ficaram sem ter contato com esses vírus respiratórios e se tornaram mais suscetíveis à infecção. Um outro fenômeno que a especialista destaca é o prolongamento do inverno, já que esses vírus se propagam mais nos períodos mais frios.

Alerta no mundo

Em uma coletiva de imprensa na última quarta-feira (16), Carissa F. Etienne, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), pediu para que os países implementassem ferramentas comprovadas para manter as comunidades mais seguras, incluindo vacinas, uso de máscara e distanciamento social, principalmente nesse momento em que as festas de fim de ano estão chegando.

“O aumento de uma única infecção respiratória é motivo de preocupação. Quando duas ou três começam a impactar uma população simultaneamente, isso deve nos colocar em alerta”, disse a diretora. “A situação pode mudar rapidamente”, alertou. “Toda vez que nos tornamos complacentes com esse vírus, corremos o risco de [ele] ressurgir. Não podemos baixar a guarda”, completou.

Na América do Norte, os casos de influenza estão aumentando e também tem se percebido um crescimento dos casos de gripe, em um período fora da sazonalidade, em países do Cone Sul, especialmente na Argentina e no Uruguai.

Em meio à alta da covid-19 e do Influenza, o VSR também tem se destacado. De acordo com a OPAS, as infecções aumentaram significativamente, sobrecarregando os sistemas de saúde no Canadá, México, Brasil, Uruguai e Estados Unidos, e tendo um impacto particular em crianças e bebês menores de um ano.

Como se proteger?

É bom lembrar que para a Influenza e covid-19, nós já temos vacinas para os pequenos. Crianças a partir dos seis meses já podem tomar a vacina da gripe. E, no caso da covid, alguns estados já começaram a vacinar os bebês a partir de seis meses com comorbidades com o imunizante da Pfizer. Para os menores sem comorbidades, a vacina está disponível para o público a partir de 3 anos.

Mesmo com a disponibilidade de vacinas, a cobertura vacinal dos pequenos contra a covid-19 ainda é muito baixa. De acordo com a Fiocruz, quatro meses após a aprovação do uso emergencial da CoronaVac em crianças de 3 e 4 anos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), apenas 5,5% da população brasileira dessa faixa etária recebeu as duas doses da vacina.

Os dados do Vacinômetro Covid-19 (Ministério da Saúde) levantados pelo Observa Infância (Fiocruz/Unifase), em 7 de novembro de 2022, mostram que 938.411 crianças de 3 e 4 anos tomaram a primeira dose da vacina contra a covid-19, enquanto 323.965 tomaram as duas doses do imunizante. No total, cerca de 5,9 milhões de crianças nessa faixa etária moram no Brasil e devem receber as duas doses da vacina.

“O atraso na vacinação infantil contra a covid-19 é preocupante, uma vez que, até junho de 2022, o Brasil registrava uma média de 2 mortes diárias por covid-19 entre crianças menores de 5 anos. Desde a aprovação da Pfizer pediátrica pela Anvisa, em 16 de setembro, 26 crianças menores de 5 anos já morreram em decorrência da doença, o equivalente a dois óbitos a cada três dias”, afirma a coordenadora do Observa Infância, Patricia Boccolini.

Segundo a infectologista Keilla Mara de Freitas, é necessário barrar a circulação do coronavírus, já que à medida que o vírus se dissemina, é possível que surjam novas subvariantes. Assim, nesse caso, a vacinação dos pequenos é fundamental. Além disso, com a proximidade das festas de fim de ano, é importante que grupos de riscos, como crianças, gestantes e imunodeprimidos, usem máscara em locais com grandes aglomerações.

Influenza e VSR

Quanto à gripe, dados do Painel Influenza, atualizados diariamente pelo Ministério da Saúde, apontam que apenas 67,6% das crianças entre 6 meses e 5 anos foram imunizadas contra Influenza em 2022 – a meta é vacinar em torno de 95%, informou a Agência Einstein.

Para o VSR, ainda não temos uma vacina. A única forma de prevenção do VSR, além dos cuidados de sempre, como higiene das mãos, etiqueta da tosse, evitar aglomerações, aleitamento materno, ou seja, tudo que serve para proteger o bebê de qualquer doença respiratória, é a imunização passiva. "São anticorpos artificiais, como o chamado monoclonal palivizumabe, específico para o VSR, que utilizamos nesses bebês de maior risco (prematuros, cardiopatas e os com doença pulmonar crônica). O anticorpo é injetado via intramuscular na criança, em doses mensais, na estação em que o vírus circula, durante cinco meses. Essa imunização passiva é feita no mundo todo e mostra-se extremamente eficiente para os bebês do grupo de risco", afirma o pediatra Renato Kfouri.

Quando vamos voltar a uma normalidade?

Bom, essa pergunta é difícil de responder. De fato, a covid-19 impactou muito a circulação dos vírus respiratórios e, provavelmente, ela ainda estará presente no mundo por muito tempo. No entanto, a infectologista Keilla Mara de Freitas reforça que o caminho para termos um cenário melhor é incentivar cada vez mais a vacinação da população.

Além disso, a médica diz que não podemos abandonar o uso de máscara e o hábito de higienização das mãos com frequência. “Cada vez que alguém se infecta, o vírus se multiplica milhões de vezes e tem a chance de criar uma nova variante. Cada variante que vai surgindo se torna cada vez mais resistente à vacina até ser totalmente resistente, então podemos começar do zero”, finaliza a infectologista.

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