Quer que seu filho aprenda a ser resiliente e a ter jogo de cintura para lidar com situações difíceis? Então, comece a estimular a criatividade dele. Esse conselho não é nosso, mas, sim, de pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio (Estados Unidos). Eles fizeram um estudo com alunos do terceiro, quarto e quinto ano do Ensino Fundamental no qual os especialistas observaram que, depois de serem expostas a exercícios criativos, as crianças demonstraram mais facilidade em resolver obstáculos da vida real.
![Criança desenhando arco-íris na parede — Foto: Freepik](https://cdn.statically.io/img/s2-crescer.glbimg.com/rkhowN3O5hm9r88XZgLR8HXkULA=/0x0:1748x1240/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_19863d4200d245c3a2ff5b383f548bb6/internal_photos/bs/2023/z/G/f9r1dPQiev5InZcxn9hA/design-horizontal-2-.png)
“Antes do experimento, elas tinham propensão a desistir quando enfrentavam problemas. Isso pode fazer com que fiquem zangadas, envergonhadas ou, então, procurem adultos que possam oferecer soluções”, diz Angus Fletcher, um dos autores do estudo. O segredo, segundo ele, é fazer com que os pequenos consigam sair do automático e enxergar as próprias questões sob outra perspectiva. “Se elas não conseguem resolver o problema sozinhas, cabe a nós treiná-las a recuar e refletir sobre a origem dele e, a partir daí, pensar em soluções criativas”, conclui.
3 maneiras de estimular a criatividade das crianças
1. Use a tecnologia na dose certa
Motivo de discussão entre pais e especialistas, a tecnologia pode ter efeitos negativos e positivos na criatividade das crianças. Um estudo da Universidade do Texas (Estados Unidos) com mais de 1.700 crianças de até 12 anos mostrou que os pequenos que assistem a três horas de TV por dia dedicam um terço a menos de tempo a brincadeiras criativas e a projetos de arte. Por outro lado, uma pesquisa com cerca de 500 crianças de 12 anos da Universidade de Michigan (Estados Unidos) descobriu que os pequenos que jogavam videogames se saíram melhor em testes de criatividade do que aqueles que não praticavam a atividade eletrônica.
De acordo com John Kounios, professor de Neurociência na Universidade de Drexel (Estados Unidos), autor do livro The Eureka Factor, Random House, (“O fator eureka”, em tradução livre do inglês), a diferença de resultados nas pesquisas existe porque a tecnologia não é, por essência, nem heroína nem vilã. Tudo depende de como está sendo utilizada. “Quando as crianças têm acesso a ela por curtos períodos, com a supervisão dos pais, é uma fonte de conhecimento que alimenta a criatividade. Agora, se o uso for excessivo ou o pequeno tiver acesso a conteúdo inapropriado, provavelmente causará problemas no desenvolvimento”, diz.
2. Reconheça que errar faz parte
Depois que o conhecimento sobre determinado assunto é adquirido, o processo criativo passa pela fase crítica, em que a criança começa a questionar se há um jeito melhor ou diferente para expressar um pensamento, uma forma mais fácil e simples de resolver um problema ou uma nova maneira de interpretar as informações que coletou.
Tentativa e erro são parte do processo, por isso, fique atento para não ser rígido demais ao comentar um trabalho do seu filho, e esteja aberto às ideias não tradicionais trazidas por ele. Por exemplo, se o pequeno usa o lápis roxo e não o azul para colorir o céu em um desenho, não há por que pressioná-lo para que use as cores realistas. E se não dá para ter a menor ideia do que o desenho que ele fez representa, você não precisa mentir, dizendo que ficou maravilhoso, mas pode valorizar o empenho com uma frase como: “Gostei muito de como você caprichou nesse desenho”.
Reconhecer os pontos fortes do seu filho, sem a necessidade de exagerar, fortalece a autoconfiança, essencial para a criatividade, de acordo com a psicopedagoga Quézia Bombonatto, diretora da Associação Brasileira de Psicopedagogia.
Quando ocorre o inverso e os pais adotam uma postura muito crítica, as crianças, que dão grande valor à aprovação dos adultos, ficam com medo de tentar algo diferente. “A competitividade tem contaminado a infância, e essa busca por ser o melhor e estar em primeiro lugar dá pouco espaço para os erros. Por meio do acolhimento, tanto do que deu certo, quanto do que não deu, os pais ensinam os filhos a lidar com as falhas de forma saudável, o que é essencial para quem quer, no futuro, realizar um trabalho criativo de forma constante”, explica Quézia.
3. Valorize a diversidade
O convívio com crianças de diferentes classes sociais, religiões e nacionalidades amplia visões de mundo e não há nada melhor para a criatividade. De acordo com o neurologista Kenneth Heilman, do departamento de neurologia da Universidade da Florida (Estados Unidos), as sociedades mais heterogêneas, ou seja, aquelas que apresentam grande diversidade, são frequentemente as mais criativas. Em contrapartida, dogmas e crenças fechadas diminuem o ímpeto curioso, e por consequência, a criatividade. “As crianças devem conviver em um ambiente que permita a exploração, a descoberta e a discussão sobre os diferentes costumes”, diz.
Para garantir uma boa dose de diversidade na vida do seu filho, é importante se certificar de que ele estuda em uma escola inclusiva, onde há a oportunidade de conviver com outras crianças, com capacidades e limitações diferentes das dele, incluir na rotina passeios a espaços públicos e ressaltar os costumes diversos de cada região durante as viagens em família. E, claro, permitir que a imaginação do seu pequeno sempre corra solta. Embarque você também nessa aventura!
- 📲 Siga o canal da Crescer no WhatsApp
- 📧 Quer ficar por dentro das notícias sobre o universo da maternidade/paternidade? Assine grátis a newsletter semanal da CRESCER, com as principais notícias da semana
- ✅ Saiba como assinar a Crescer para ter acesso a nossos conteúdos exclusivos