Prematuros
 

Por Amanda Oliveira


“Ontem foi um dia difícil, ontem eu chorei por impotência, ontem eu suei numa intercorrência de horas, ontem eu clamei a Deus segurando a mão do meu paciente, ontem eu perdi o meu paciente”. Foi assim que a fisioterapeuta intensivista Roberta Marques Rodrigues, de Goiânia (GO), começou um triste relato em seu perfil no Instagram, em 23 de março. A profissional descreveu o dia em que participou do parto de um bebê prematuro de 24 semanas, que infelizmente não resistiu.

“Desligar o ventilador de qualquer paciente é a tarefa mais difícil do fisioterapeuta intensivista, mas desligar o ventilador de um paciente que nem teve a chance de SOBREviver, dói diferente. Ontem, quando fui fazer isso, além de orar por aquele anjinho, eu o agradecia pelos ensinamentos. Quando tudo terminou e fui pro repouso, eu pensei: MEU DEUS! O que tô fazendo da minha vida que não tô lutando com a garra daquele bebê?”, escreveu a fisioterapeuta em sua postagem emocionante. Ao mostrar os bastidores de seu dia como profissional de saúde, Roberta tocou o coração de muitas pessoas. “Estou em prantos, que emocionante... sem palavras...", comentou uma internauta. “Eu chorei, parabéns pela profissão!”, disse outra pessoa.

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Fisioterapeuta faz relato emocionante  — Foto: Reprodução Instagram
Fisioterapeuta faz relato emocionante — Foto: Reprodução Instagram

Em entrevista exclusiva à CRESCER, a profissional contou que no dia 22 de março estava se preparando para o parto de um bebê de 24 semanas. “O hospital em que trabalho é referência, então a maioria dos partos é de risco", explicou. “Estávamos esperando o pior dos cenários, mas crentes em um milagre. Aqui na nossa unidade, já tivemos bebês de 24 semanas que sobreviveram. Então, estávamos com fé. Mas, infelizmente, após alguns minutos de nascido, o bebê teve complicações e acabou não resistindo”, lamentou.

Roberta trabalha como fisioterapeuta intensivista atendendo tanto adultos, quanto pacientes pediátricos. “Nós devemos participar de partos de risco. Junto com a equipe, ajudamos o bebê a respirar, seja por babypuff [reanimador infantil], catéter nasal ou ventilação invasiva. Os primeiros minutos de vida do recém-nascido, principalmente o primeiro minuto [minuto de ouro] são cruciais para a sobrevida e um bom prognóstico do bebê. Por isso, é essencial uma equipe completa e capacitada”, a profissional explicou.

Ao saber que irá participar de um parto prematuro, Roberta precisa pensar em um bom plano de gestão de risco. “Precisamos estar com tudo pronto e preparado para o pior cenário. Então, eu, enquanto fisioterapeuta, organizo o ventilador e deixo tudo pronto. Cada segundo conta, por isso precisamos estar sempre adiantados”, revelou.

No entanto, em alguns casos, os desfechos acabam sendo tristes e deixando não só os pais, mas também os profissionais de saúde desolados. “Eu já fui paciente, já fiquei entre a vida e a morte e internada numa UTI respirando por aparelhos seis vezes. Então, eu sei o quanto é importante sentirmos", destaca Roberta. “Hoje, como profissional da saúde, minha missão é levantar a bandeira do atendimento humanizado, pois por muito tempo nos falaram que não podemos sentir, que um bom profissional não chora, que temos de saber separar a emoção para então ser um profissional competente. Eu discordo totalmente, porque só sentindo, nos colocando no lugar [do outro], é que vamos conseguir, de fato, tratar o doente e não a doença”, completou. Para a Roberta, é preciso ter empatia dentro do ambiente hospitalar. “Eu prometi para mim mesma que no dia em que a dor do outro deixar de doer em mim, eu não sirvo mais pra cuidar de gente”, ressaltou.

Cenário de guerra

Durante a pandemia, o trabalho de Roberta se tornou ainda mais difícil e doloroso. “Cheguei a desligar 12 ventiladores em um único plantão, perdi 12 pacientes, 12 vidas se foram. Muitos não sabem, mas é o fisioterapeuta intensivista que maneja a ventilação mecânica. Então, quando a pessoa é intubada e fica respirando pelo ventilador, somos nós que comandamos tudo, inclusive tiramos o tubo quando achamos que o paciente está apto para respirar sozinho”, relatou. “Toda vez quando desligamos o ventilador, um sentimento de impotência toma conta, pois perdemos, perdemos uma vida, o ar se foi, a vida acabou. Eu nunca vou me acostumar com isso. Me dói todas as vezes”, acrescentou.

Segundo ela, a pandemia transformou o trabalho dela em um cenário de guerra, porém, ela sempre trabalhou com muito respeito em relação às pessoas que estavam doentes. “Naquela época, me comprometi a avisar todo paciente que estava sob meus cuidados, quando ele seria intubado. Os pacientes entravam em insuficiência respiratória lúcidos, eles estavam cientes de tudo. Então, eu não achava certo somente sedar o paciente e intubar, porque muitos não voltavam”, explicou a profissional. “Eu sempre avisei para cada paciente que eles seriam intubados. Eu perguntava se ele queria falar alguma coisa, deixar algum recado… e esse momento era um dos mais marcantes e emocionantes”, afirmou.

Naquele momento, Roberta ouvia mensagens de pessoas que não sabiam se iriam voltar. “Acho que com essa atitude proporcionei dignidade aos meus pacientes. Eu olho para trás e sinto orgulho, muito orgulho do trabalho que fiz, pois eu gostaria muito de poder deixar umas últimas palavras. Acho que eu partiria mais tranquila. Por isso, eu digo que é se colocando no lugar do doente que melhoramos enquanto profissionais. Só tentando sentir e viver o lado dele que vamos, de fato, saber tratá-lo”, finalizou.

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