Morder as mãos, apesar de às vezes preocupar os pais, é algo totalmente esperado dos bebês. "A fase oral ocorre aproximadamente por volta dos três meses de idade, quando eles tendem a colocar na boca as mãos, os pés ou outros objetos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), tal ato faz parte do comportamento normal do bebê, pois ele faz isso desde o útero materno, para fortalecer a musculatura responsável pelos movimentos de sucção, preparando-se para mamar", explica Aline Magnino, diretora médica do Prontobaby Hospital da Criança (RJ).
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O aumento da baba também pode ocorrer nos pequenos sem que fuja da normalidade. "Diversos fatores contribuem para que os bebês produzam uma quantidade maior de babas, principalmente na faixa etária entre os três e 12 meses de vida. A SBP reforça que babar é um processo normal e, em geral, não representa problema de saúde", afirma Magnino. "A salivação excessiva é causada pelo próprio desenvolvimento neurológico e bucal da criança, que baba por ainda não ter coordenação para deglutir a quantidade de saliva produzida", acrescenta.
Pode ser a dentição?
Sim, este comportamento também pode estar relacionado à dentição. "Cada criança tem o seu próprio tempo para o surgimento dos dentes, e este processo pode ser alterado por mudanças nas condições de saúde ou do ambiente da criança", diz Aline Magnino. Durante o surgimento dos primeiros dentes, as gengivas podem causar um processo inflamatório, ocasionando sintomas como:
- Dor
- Desconforto
- Vermelhidão (eritema)
- Inchaço (edema)
- Coceira
- Aumento da quantidade da saliva (como uma reação da inflamação das gengivas e do inchaço)
"Tudo isso faz com que o período de dentição geralmente coincida com a fase oral, aumentando a necessidade de aliviar o incômodo levando a mão à boca", destaca a especialista. Vale ressaltar que os sintomas apresentados durante a fase da dentição são transitórios e não geram consequências que comprometam a saúde da criança.
Como aliviar o desconforto da dentição?
"Para aliviar os sintomas, os pais devem primeiramente gerar acolhimento, manter a calma e oferecer carinho, para que a criança se sinta segura. Podem também ser utilizados objetos para diminuir o incômodo dos sintomas, como anéis de dentição, mordedores e brinquedos flexíveis", orienta Aline Magnino.
Se mesmo assim não tiver nenhuma melhora do desconforto, é uma boa ideia levar o bebê para o pediatra. "Pode ser necessária a prescrição de um analgésico. Mas é importante ressaltar que estes casos devem ser sempre acompanhados pelo pediatra do lactente, os pais não devem medicá-los", diz a diretora médica do Prontobaby Hospital da Criança.
Pode ser sapinho?
A candidíase oral, conhecida como “sapinho”, é uma infecção fúngica (pelo fungo Candida albicans) que pode acometer a língua, palatos mole e duro, mucosa oral e toda a área gengival. "As lesões parecem placas ou pontos brancos, e os bebês podem apresentar dor, agitação ou recusa alimentar, o que pode ocasionar também a necessidade de levar as mãos à boca, como forma de alívio de tais sintomas", explica a especialista.
Em caso de suspeita de candidíase oral, é preciso levar a criança ao pediatra para que possa examiná-la clinicamente e, caso o diagnóstico seja confirmado, deve ser prescrita a medicação anti-fúngica adequada. "É importante também neste caso esterilizar brinquedos, além de verificar se há contaminação do seio materno", diz Magnino.
Os pais devem impedir que os bebês mordam as mãos?
Apesar de poder gerar angústia aos pais, a especialista reforça que é um processo natural do desenvolvimento do lactente, e não gera prejuízos à saúde. "O processo de levar às mãos a boca ou até objetos, gera aprendizado e desenvolvimento ao bebê, através de processos como: exploração ao ambiente, desenvolvimento do paladar (através de diferentes texturas e sensações), fortalecimento do sistema imunológico e sensação de conforto, principalmente quando o lactente leva o polegar à boca", finaliza.
Carolina Molina, psicóloga especializada em desenvolvimento infantil, explica que geralmente bebês que não são impedidos de colocar as mãos na boca pronunciam melhor as palavras e se comunicam mais facilmente com outras pessoas.
Quais cuidados tomar?
Apesar disso, é importante tomar algumas precauções durante a fase oral, para proteger os pequenos. É essencial, por exemplo, deixar objetos pequenos que podem ser engolidos fora do alcance da criança e evitar que muitas pessoas segurem as mãozinhas do bebê, para prevenir sujeira e contato com doenças. Uma boa dica é oferecer mordedores e brinquedos de silicone, pois são seguros para os bebês e ajudam a satisfazer o impulso de colocar objetos na boca.
