• Crescer
Atualizado em

Jade, 39 anos, tinha passado por uma gravidez normal e um parto sem problemas. Dois dias depois, a mãe, de Melbourne, na Austrália, segurava a filha, Lexi, no colo, enquanto a enfermeira fazia as últimas avaliações antes que elas fossem liberadas para ir para casa. A mãe mal podia esperar para apresentar a pequena à irmã mais velha, Chelsey, 4 anos. No entanto, quando a bebê começou a fazer alguns movimentos estranhos com o braço esquerdo, como um tremor, a enfermeira, sem grandes explicações, pegou a menina rapidamente e a levou embora. Lexi estava tendo uma convulsão.

+ Bebê sofre AVC em seu primeiro aniversário e fica com sequelas

Lexi sofreu um AVC antes de completar 48 horas de vida (Foto: Reprodução/ Kidspot)

Lexi sofreu um AVC antes de completar 48 horas de vida (Foto: Reprodução/ Kidspot)

Apesar do susto e do grande ponto de interrogação que se instalou na cabeça dela, Jade é grata pela convulsão ter ocorrido naquele exato momento. “Eu olho para trás e penso em como foi sorte ter acontecido no hospital, porque foi tão sutil, que eu provavelmente não pensaria em nada se visse isso em casa", relatou em entrevista site Kidspot.

Pouco tempo depois, a mãe e o marido, John, puderam ver a filha novamente. Tão pequena, ela estava na UTI, conectada a diversos fios e máquinas para monitorar a atividade cerebral. Naquele dia 7 de dezembro de 2014, eles souberam que a pequena tinha sofrido um acidente vascular cerebral, conhecido como AVC ou derrame.

"Ela teve um derrame, possivelmente cerca de 24 a 48 horas antes de começar a tremer - provavelmente ainda no útero - e foi significativo para o lado direito do cérebro", lembra Jade. "Ficamos tipo: 'O quê? Um bebê tendo um derrame? Isso acontece com pessoas de 80 anos, não com recém-nascidos'”, recorda.

De acordo com a mãe, os funcionários do hospital chegaram a sugerir que a família chamasse um padre, porque ninguém sabia o que aconteceria com a menina dali em diante. "Eles disseram que não deveríamos esperar muito da vida dela, isso se ela sobrevivesse àquela noite", afirma a mãe, com tristeza. "Eu estava arrasada. Eu estava entorpecida... Não sabia o que fazer”, conta.

Mas Jade se recusou a acreditar que a filha não resistiria. Tanto, que não fez nenhum plano. Simplesmente se convenceu de que a menina iria sobreviver. No dia seguinte, ela não apenas tinha ficado viva, como estava respondendo muito bem à medicação. Lexi não teve mais convulsões - e isso era uma grande vitória.

O futuro, no entanto, era totalmente incerto. Lexi tinha sofrido uma lesão cerebral e foi diagnosticada com paralisia cerebral. Como ela ainda era muito pequena, ninguém sabia o quão grave seria a questão e como seriam as sequelas. "Ficamos felizes por ela finalmente acordar e estar livre de convulsões, mas não sabíamos se ela seria capaz de se mover, tomar uma mamadeira ou fazer qualquer coisa. Tínhamos que estar preparados para o fato de que ela poderia nunca ser capaz de andar ou falar. Fiquei me perguntando: 'Por que ela merece isso? O que fiz de errado durante a gravidez?'”, questionou a mãe. No entanto, não havia explicação para o que tinha acontecido. Não tinha nada de errado com Jade, nem com Lexi antes.

Como o derrame aconteceu do lado direito do cérebro, todo o lado esquerdo do corpo da bebê ficou muito fraco. Ainda bebê, ela começou a participar de uma série de terapias. Foram anos muito difíceis. Mas que valeram a pena…

Hoje, Lexi está com 7 anos e está na primeira série de uma escola regular, junto com as irmãs, Chelsea, 11, e Evie, 6. "A menos que você saiba o que aconteceu com Lexi, não dá para saber, olhando para ela. Os médicos dizem que não tem explicação”, relata Jade. "Ela consegue andar, correr, nadar, dançar. A fala está se desenvolvendo bem, ela faz aulas de canto e é uma das melhores da turma em matemática. Ela demora um pouco mais para conseguir algumas coisas [em comparação a outras crianças] e luta para subir e descer escadas à tarde, quando seu lado esquerdo fica mais fraco, mas ela nunca desiste de tentar”, explica a mãe.

Lexi com as irmãs, Chelsea e Evie (Foto: Reprodução/ Kidspot)

Lexi com as irmãs, Chelsea e Evie (Foto: Reprodução/ Kidspot)

Uma das maiores alegrias dos pais é vê-la feliz, andando de bicicleta com as irmãs. Por conta do lado esquerdo mais fraco, conseguir o equilíbrio era um desafio. Ela chorava. No entanto, em seu aniversário deste ano, os pais decidiram dar uma bicicleta de presente e ver no que dava. A surpresa foi que ela conseguiu! “Equilibrar os lados esquerdo e direito é muito mais difícil para ela do que para uma criança normal. Ficamos muito orgulhosos de quanto ela se esforçou”, diz Jade.

A pequena Lexi tem algumas pequenas dificuldades. Segundo a mãe, ela não consegue, por exemplo, vestir o uniforme da escola sozinha, já que as peças têm botões e ela não consegue usar a mão esquerda para fechá-los. “Ela também não consegue manipular a faca e o garfo para cortar carne, por exemplo. Ela não entende por que sua irmãzinha consegue e ela ainda não", afirma a mãe. No entanto, determinada, Lexi nunca desiste. “Espero que, no futuro, ela consiga entender por que ela é do jeito que é e se orgulhar do quão longe chegou”, completa.

Quer acessar todo o conteúdo exclusivo da CRESCER? Clique aqui e assine!