Saúde
 

Por Giovanna Forcioni


Já era um costume de povos ancestrais andinos, indígenas e africanos usar tecidos para manter os filhos próximos ao corpo da mãe. O tempo passou e o hábito de usar carregadores para bebês, como os slings, acabou se mantendo e tem ganhado cada vez mais adeptos entre os pais, que utilizam o acessório buscando praticidade na rotina de cuidados com o bebê.

“O sling é uma ferramenta de auxílio para os pais. Ele dá autonomia para que a gente possa acolher o bebê quando não conseguimos ter mais braço para fazer todas as tarefas”, explica a assessora em babywearing Ariane Chiebao, que também é empreendedora na Aurora Slings (SP). Em outras palavras, ele é um “facilitador de colo”, que permite que você fique com as mãos livres enquanto carrega a criança de uma forma mais ergonômica.

Mãe com bebê no sling — Foto: Thinkstock
Mãe com bebê no sling — Foto: Thinkstock

No Brasil, ainda não existe uma regulamentação oficial para esse tipo de acessório. Por isso, é bom sempre consultar o fabricante e conversar com o pediatra sobre qual é a melhor opção para você. Para ajudá-lo a entender melhor as diferenças entre os modelos disponíveis, como usá-los e os cuidados que devem ser tomados para que o bebê fique em posições seguras, conversamos com especialistas em saúde e babywearing. Abaixo, eles tiram as principais dúvidas e dão dicas para os pais fazerem um bom uso desses carregadores. Confira:

A partir de que idade o bebê pode usar o sling?

“Não existe um consenso entre os médicos sobre a partir de que idade o sling pode ser usado. Mas sabemos que essa é uma prática milenar. Eu costumo dizer que, se o carregador estiver bem ajustado e seguro, de forma a não sufocar o bebê, pode ser usado desde o primeiro mês”, diz a pediatra e neonatologista Renata Lamano (SP).

Quais os benefícios do sling para os bebês?

De acordo com a médica, se utilizados de forma adequada, os carregadores podem trazer benefícios para os pais e para a criança. “Ele pode ajudar o bebê a dormir bem, fortalecer o vínculo, fazer o intestino funcionar melhor e até mesmo proteger o bebê contra infecções, já que no carregador ele fica com o rosto menos exposto”, afirma.

O pediatra Daniel Becker, do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), acrescenta outros pontos positivos a essa lista: o sling previne a plagiocefalia (também conhecida por cabeça achatada), já que o bebê não fica deitado na mesma posição o tempo todo; a proximidade com o corpo da mãe ou do pai faz com que o bebê chore menos; e ainda alivia as cólicas do recém-nascido.

Em que posição o bebê deve ficar no sling?

A posição em que o bebê vai ficar no sling depende do modelo do carregador e do tipo de amarração escolhidos. A regra geral é que o bebê esteja o mais confortável possível, sem sobrecarregar a coluna, sempre com as vias aéreas livres para respirar. “O bebê sempre tem de estar apoiado. Antes de colocar o bebê no sling você precisa se perguntar: ‘Eu poderia segurá-lo assim nos meus braços?’. Se a reposta for sim, são grandes as chances de ele estar seguro e confortável”, explica Lamano.

Apesar disso, é preciso prestar atenção em alguns pontos. O primeiro deles é que a criança nunca deve ficar numa posição totalmente horizontal. O ideal é que ela esteja sempre com a cabeça mais elevada que o tronco e com o queixo distante do peito. O rosto do bebê, inclusive, precisa estar sempre visível, sem que você precise afastar o tecido para vê-lo. Só assim ele conseguirá respirar livremente. E nunca é demais lembrar: até o terceiro mês de vida, a criança não consegue sustentar o pescoço sozinha. Por isso mesmo, essa parte do corpo precisa estar sempre bem apoiada.

Também é importante ficar de olho no tipo de roupa que a criança está usando. Evite as desconfortáveis, apertadas ou com tecidos muito grossos. De acordo com a pediatra, esses cuidados são fundamentais para manter a temperatura corporal controlada. Caso contrário, pode ser que o bebê fique superaquecido.

Mã e bebê no sling — Foto: Thinkstock
Mã e bebê no sling — Foto: Thinkstock

Qual é a diferença entre os tipos de sling?

Hoje existem vários tipos de carregadores para bebês disponíveis no mercado. O que muda entre eles é, basicamente, a forma como se ajustam ao corpo do adulto. Veja os principais modelos:

1. Wrap sling

O wrap nada mais é do que um grande pedaço de tecido – alguns podem chegar a mais de 5 metros de comprimento. Ele é feito para ser enrolado no corpo do cuidador e, assim, servir como um apoio para transportar o bebê [confira dicas de amarrações no fim da matéria]. Pode ser confeccionado em vários tipos de tecido. Os de malha, por exemplo, são mais maleáveis e recomendados apenas para bebês de até 8 kg. Por se tratar de um tecido mais fino, dê preferência para amarrações distribuídas nos dois ombros. De tempos em tempos, também vale checar se a malha não está esgarçada ou deformada. Ao menor sinal de dano, é hora de buscar um sling novo, para a segurança da criança.

Também existem wraps feitos a partir de tecidos mais rígidos e estruturados. Esses são os que costumam durar mais tempo. Podem ser usados do nascimento até a criança atingir 20 kg mais ou menos. Quanto maior a gramatura da fibra, mais confortável fica para o adulto carregar. Mas é importante lembrar: não é porque o tecido é mais grosso que, necessariamente, ele vai ser mais quente. Ainda assim, é preciso ficar de olho se a temperatura para o bebê dentro do sling está agradável.

A grande vantagem do wrap sling é que ele é versátil e pode ser usado por cuidadores de diferentes portes físicos. Basta fazer uma amarração que se adeque melhor ao corpo de cada um e que distribua bem o peso entre os ombros. Como é mais difícil e demorado para vestir, vale a pena só se você for ficar com o bebê no colo por longos períodos de tempo. O ideal é que o bebê fique com as perninhas para fora, como se estivesse sentado.

2. Sling de argola (ring sling)

É um modelo curinga, já que é ajustável, leve e fácil de transportar. Vem com duas argolas, que ficam mais ou menos na altura dos ombros, e permitem ajustar o tecido para acomodar o bebê em diferentes posições. Acaba sendo mais prático para quem ainda não tem muita habilidade com as amarrações. Mas é preciso prestar atenção: por ser um apoio unilateral, o peso fica mal distribuído e pode sobrecarregar um dos ombros dos pais. Por isso mesmo, não é recomendado que seja usado por longos períodos de tempo e nem para crianças com mais de 20 kg. Antes de comprar, também é importante checar com o fabricante se as argolas têm emendas. Se elas não forem inteiriças, correm o risco de enroscarem no tecido e ele se desgastar com mais facilidade.

3. Rebozo

Muito usado por doulas para aliviar as dores da contração na hora do parto, também pode funcionar como um tipo de carregador de bebês. O tecido tem uma metragem menor (de 2 a 2,5 metros de comprimento) e permite amarrações mais simples em comparação com os outros modelos. A grande vantagem é que ele é 4 em 1: ajuda no parto, serve como xale, pode ser usado como cobertor e também se transforma em carregador. Pode ser usado desde os primeiros dias de vida do bebê até ele atingir os 20 kg mais ou menos.

4) Mei Tai

Mescla características do wrap sling e da mochila evolutiva. O bebê fica sentado, como se estivesse em uma cadeira, com os joelhos flexionados e a barriga encostada na barriga do adulto. Por ter uma base mais larga, apoia bem a coluna. Tem faixas de tecido para amarrar nos ombros e na cintura do cuidador, podendo ser ajustado a diferentes tamanhos de troncos. O peso fica bem distribuído, mas exige alguma habilidade para vestir e regular. É ideal para quando o bebê já está um pouco maior e consegue sustentar a cabeça sozinho.

Como amarrar o sling?

Ariane usa as redes sociais de sua marca para dar dicas e mostrar o passo a passo das amarrações — Foto: Reprodução/Instagram
Ariane usa as redes sociais de sua marca para dar dicas e mostrar o passo a passo das amarrações — Foto: Reprodução/Instagram

Nem todo sling precisa ser amarrado. O pouch, por exemplo, é uma bolsa de tecido inteiriça: basta ajustá-la sobre o ombro e está pronta para usar. Outros, como o ring sling, têm ataduras únicas. É só passar o tecido entre as duas argolas, de forma que fique bem preso e apoiado nas costas do adulto.

Os modelos mais versáteis e que permitem mais amarrações diferentes são os rebozos e os wraps slings. Aqui, a assessora em babywearing Ariane Chiebao (SP) dá dicas de amarrações que podem ser feitas tanto por quem está começando a usar sling agora quanto por quem já tem alguma experiência com o acessório:

- Cruz envolvente: encoste o centro do tecido na sua cintura e, levando-o para a parte de trás, até formar um X nas costas. Deixe a sobra do tecido cair na frente do seu corpo, por cima dos ombros. Afrouxe a faixa horizontal que está na altura da barriga, até deixar espaço suficiente para acomodar o bebê. Pegue-o no colo, passe as perninhas dele por dentro da faixa. Coloque-o sentado sobre essa parte do tecido, barriga com barriga. Deslize a mão sobre o tecido que está abaixo do bubum do bebê e suba-o até cobrir as costas da criança. Pegue as pontas soltas do tecido, estique-as e cruze-as, passando por baixo do bumbum do bebê. Leve-as para a parte de trás do seu corpo e dê um nó duplo na região das costas. Assista:

- Canguru frente: segure o bebê no colo, de forma que ele fique com a barriga na sua e com o bumbum encostado mais ou menos na altura do seu umbigo. Cubra as costas do pequeno. Torça o tecido que ficou solto (dos dois lados) e jogue as pontas para a parte de trás, deixando-as penduradas nos ombros. Passe a mão entre as pernas do bebê e puxe a “sobra” de tecido que existe ali, de modo a formar uma espécie de cadeirinha. Pegue as pontas soltas e cruze-as, fazendo um X nas costas. Traga-as para a parte da frente de novo e amarre-as logo abaixo do bumbum do bebê, dando um nó duplo. Assista:

- Canguru costas: Pegue o bebê no colo e segure-o na lateral do seu corpo. Com o tecido centralizado, cubra as costas da criança. Passe a mão entre as perninhas e puxe a sobra de tecido, formando um tipo de assento. Pegue a ponta de tecido que está mais perto das costas e, por trás, pendure-a sobre o ombro oposto. Agora, segure as duas pontas com uma única mão e, quando perceber que está bem firme, solte a mão de apoio que até então segurava o bebê. Passe esse braço livre por cima da cabeça da criança e posicione-a nas suas costas. É preciso segurá-la bem até que a amarração esteja segura. Prenda entre os joelhos a faixa que já estiver sobre o ombro. Isso é importante para que você possa ter uma mão livre para apoiar a criança e a outra para colocar sobre o ombro a ponta do tecido que faltava. Com os dois lados ajustados, é hora de levar as pontas do tecido para a parte de trás e cruzá-las debaixo do bumbum do bebê. Depois, é só trazê-las de volta para região do umbigo e dar um nó.

- Lado mais legal: Franza o tecido e pendure-o sobre um de seus ombros, deixando uma ponta na parte da frente do corpo e outra na parte de trás. Com o braço oposto, pegue a ponta do tecido que está nas costas e traga-a para a região do umbigo, passando por baixo da faixa que ainda está pendurada. Dê mais uma volta com o tecido, mas, agora, passe a ponta por dentro da faixa que já está na sua cintura. Você observará que o pano formou um X na região do seu quadril. Pegue a ponta que “sobrou”, leve-a até a altura do ombro oposto e passe-a por cima da faixa em está pendurada, de forma a fazer um nó na altura do seu peito. A amarração está pronta. Agora, é só colocar o bebê com o bumbum apoiado no meio X que se formou perto do quadril. Depois de passar as perninhas entre o tecido e acomodá-lo, é preciso ajudar as dobras do tecido para garantir que a criança ficará firme e segura.

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