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Ansiedade. Está aí um sentimento que toma conta de pais e mães, assim que se deparam com os dois tracinhos ou com o sinal de positivo no teste de gravidez. O período de nove meses parece muito longo para saber como vai ser aquela criança que começa a se formar dentro da barriga da mãe. Para alguns pais, o que eles puderem conhecer antes, melhor. Talvez por isso o método Ramzi, que promete detectar o sexo do feto no primeiro ultrassom, seja um assunto muito comentado em grupos de mães e fóruns maternos na internet. Mas será que é mito ou verdade?

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O método ganhou notoriedade ao ser publicado em um artigo no site Contemporary Ob Gyn. Desenvolvida pelo médico Saam Ramzi Ismali, a teoria é de que o local em que a placenta se forma pode revelar se o feto é um menino ou uma menina. Se a placenta estiver do lado esquerdo, será uma menina, se estiver do lado direito, será um menino.

Mulher fazendo ultrassom  (Foto: Getty Images)

Mulher fazendo ultrassom (Foto: Getty Images)

Método Ramzi: como surgiu?

Para chegar a essa conclusão, Ramzi analisou 5376 grávidas, entre 1997 e 2007, por meio de um exame de ultrassonografia fetal na 6ª semana de gestação. Em 22% delas, o exame foi feito via transvaginal e, em 78%, via transabdominal. Entre a 18ª e a 22ª semana, as gestantes passaram por um novo ultrassom e, depois, foi avaliado o sexo do bebê após o nascimento. Em 97,2% dos bebês do sexo masculino, a placenta estava implantada do lado direito do útero e, em 97,5% do sexo feminino, estava do lado esquerdo.

Parece tentador acreditar. No entanto, o estudo é duvidoso porque não está catalogado em bases científicas, não foi revisado por pares e não se sabe nem mesmo quais são as credenciais do médico Saam Ramzi Ismali ou em que local essa análise foi realizada.

“O método é apenas uma brincadeira de adivinhação e não é baseado em nenhuma evidência. Pode ser colocado ao lado de outras crendices, como a tabela chinesa ou a observação do formato da barriga”, explica o ginecologista e obstetra Mario Burlacchini, do laboratório Fleury Medicina e Saúde (SP). Segundo ele, não há fundamento e trata-se apenas de uma questão de sorte, com 50% de chance de erro e 50% de acerto, como qualquer palpite sobre o sexo da criança.

“A placenta, na sexta semana, ainda não está formada”, lembra o médico. “O que esse método propõe é verificar a posição do saco gestacional”, afirma. O saco gestacional é a primeira estrutura responsável pela formação da placenta, o que vai acontecer somente por volta da 12ª semana de gravidez.

“É uma brincadeira, mas não pode fazer com que você defina o enxoval de bebê. Não há comprovação na comunidade acadêmica e científica”, endossa a ginecologista e obstetra Camilla Pinheiro, do Centro de Ginecologia e Obstetrícia (CGO). “É um estudo que não foi feito de forma em que possamos confiar, não tem validação”, aponta.

Quando dá para saber o sexo do bebê pelo ultrassom, então?

Segundo Burlacchini, só dá para identificar, com certeza, o sexo do bebê por meio do exame de ultrassom a partir da 15ª semana de gravidez. “Nesse momento, já fica mais claro e dá para informar com mais certeza”, explica. Ainda assim, a posição do bebê pode dificultar a precisão.

Sexagem fetal para saber antes

Para os pais que realmente desejam saber logo no início o sexo do bebê, o método mais indicado e confiável é a sexagem fetal. “A partir de um exame de sangue coletado da mãe, é possível identificar, com precisão, o sexo do bebê”, aponta o obstetra do Fleury. O exame, que pode ser feito a partir da 8ª semana de gravidez, busca a presença de fragmentos do cromossomo Y na corrente sanguínea da mãe. Se não forem encontrados, o bebê, provavelmente, é uma menina. A taxa de acerto é de 99% e a análise não oferece nenhum risco à mãe, nem ao bebê. Custa entre R$ 300 e R$ 800.

Exame de urina

Há ainda um outro método, realizado a partir da urina da mãe. A coleta se parece com a realização de um teste de gravidez de farmácia. No entanto, é pouco utilizado porque a taxa de erro costuma ser bem alta, informa Burlacchini.

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