• Amanda Moraes
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O processo de alfabetização é um momento único para cada criança e, para os pais, é sempre emocionante ouvir o filho lendo uma palavra pela primeira vez. Infelizmente, a pandemia, o esquema de aulas online e o distanciamento social foram grandes obstáculos na educação dos pequenos nos últimos anos, principalmente entre aqueles que estavam em idade de alfabetização. Entre 2019 e 2021, o número de crianças de 6 e 7 anos que ainda não sabiam ler ou escrever aumentou em 66%, segundo levantamento feito pelo Todos Pela Educação.

Alfabetizacao na pandemia (Foto: Getty Images)

(Foto: Getty Images)

"A criança aprende e se alfabetiza por um processo. Em contato com os colegas, com situações de letramento, de textos, palavras – todo esse ambiente que ela vive e convive faz parte desse processo de alfabetização", relata a professora Lilian Gramorelli, coordenadora do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, do Colégio Marista Arquidiocesano, de São Paulo, em entrevista à CRESCER. Por isso, a falta de contato presencial com os professores e colegas impactou – e muito! – no aprendizado dos pequenos.

Antes da pandemia, o número de crianças em idade de alfabetização que ainda não sabiam ler e escrever era de 1,4 milhão. No fim de 2021, já ultrapassava os 2,4 milhões. Agora, com a vacinação dos pequenos e a diminuição dos casos de covid-19, é a hora de correr atrás do prejuízo e, além da escola, os pais também desempenham um papel fundamental. "As crianças tiveram, sim, um déficit no tempo que seria ideal para a faixa etária de cada um. Porém, isso pode ser ajustado na sequência. Quanto mais coisas forem colocadas à disposição das crianças, como a leitura, a escrita e tudo que tiver contato com esse mundo, facilitará o aprendizado", ressalta a especialista.

Com pequenas atitudes dentro de casa, os pais podem ajudar os filhos a alcançarem seu maior potencial. Por isso, neste dia 8 de setembro, em que se comemora o Dia Mundial da Alfabetização, separamos dicas para auxiliar as famílias neste processo de aprendizado. Confira:

1. Incentive jogos e brincadeiras educativas

Quem disse que aprender a ler e a escrever não pode ser divertido? Existem várias maneiras de inserir a alfabetização na hora do brincar. No mercado, há muitos jogos de soletrar, quebra-cabeças e até bingos que auxiliam nesse início do letramento dos pequenos. Mas os pais também podem criar brincadeiras casa. Que tal fazer uma adaptação do jogo da memória em que em uma das cartas está a palavra e, na outra, o desenho correspondente? Com a associação de imagens, a criança vai aprendendo o significado das palavras. E a lista de jogos benéficos para a alfabetização vai longe. "Caça-palavras, jogo da forca, stop, ligue palavras, ditado com imagens...Todos são ótimas opções", sugere Lilian Gramorelli.

Além disso, brincadeiras verbais também podem ser grandes aliadas. Praticar trava-línguas é uma forma divertida de desafiar a capacidade das crianças de enunciar os sons individuais em cada palavra. Essa é uma importante habilidade para a leitura, por isso, os trava-línguas também podem ajudar no processo de alfabetização.

2. Crie um hábito de leitura

Os pais podem incentivar o hábito da leitura desde que os filhos são bebês,  afinal há muitas opções de livros para esta faixa etária. Ler em voz alta ou contar uma história antes de dormir pode ajudar a despertar o interesse das crianças. Para os que são menores, livros com várias ilustrações e texturas podem ser boas opções. Quando a criança já é maior, os pais podem pedir para ela ler em voz alta e fazer uma contação dramática da história, assim, ela se diverte e pratica.

3. Envolva a escrita no cotidiano

Já pensou em incluir a criança no momento de fazer a lista do supermercado? Pode acabar demorando um pouquinho mais, porém, segundo Lilian Gramorelli, é uma forma de praticar a escrita e a identificação de palavras, já que ela vai ver os alimentos que escreveu. "Quanto mais forem oferecidas oportunidades de suportes textuais para as crianças, mais contato elas terão com palavras, textos e letras. E quanto maior o suporte, maior a facilidade na alfabetização", destaca a professora.

Além disso, escrever pequenos lembretes, envolver a criança no momento de ler o jornal ou uma revista também são formas de incentivar a leitura. "Não se esqueça de que a criança precisa ter contato com diversos gêneros textuais para ter uma aceleração no aprendizado", completa.

4. Respeite a individualidade e valorize as pequenas conquistas

Nem todas as crianças aprendem a ler e escrever de uma hora para a outra. “Vale ressaltar que a alfabetização é um processo e o tempo de duração depende muito de cada criança, levando em conta o contato com o mundo letrado que ela possui desde bebê", aponta Lilian Gramorelli. Um ritmo mais lento de aprendizado não significa, porém, que a criança está “ficando para trás”, a não ser que exista uma série de sinais que apontem a necessidade de consultar um profissional.

A ideia de que a criança precisa obrigatoriamente estar lendo até o primeiro ano do ensino fundamental é um dos principais mitos que preocupam as famílias. Para especialistas, é aceitável que o processo de alfabetização seja concluído até os 9 anos, pois é uma fase que deve acompanhar o desenvolvimento cognitivo e linguístico da criança.

Portanto, respeite o tempo do seu filho, sem fazer comparações com outras crianças da mesma idade – isso não vai ajudar! Cada conquista deve ser celebrada, não importa o tamanho. Sempre elogie quando ela aprender a identificar uma letra nova e a formar alguma palavra.

5. Dê o exemplo

Todo mundo sabe que as crianças absorvem tudo à sua volta e os pais são os principais modelos. "Diversas pesquisas mostram que crianças criadas em ambientes em que os pais têm mais contato com a leitura se alfabetizam mais cedo", diz a professora. Por isso, sempre que possível, tire um tempo para ler dentro de casa. Pais que têm o hábito de ler demonstram para os filhos o prazer da leitura e acabam incentivando as crianças a terem mais interesse.

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