• Nathalia Ziemkiewicz
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Em uma sociedade machista e patriarcal, prevalece a ideia de superioridade do homem sobre a mulher. Especialistas afirmam que, nesse contexto cultural, é urgente promover a liderança das meninas e a empatia nos meninos. Elas devem ter uma autoestima forte, desenvolver sua autonomia para expressar necessidades e limites, não ter medo de impor sua voz ou correr riscos.

Como educar crianças para a igualdade (Foto: Getty Images)

(Foto: Getty Images)

“Precisamos falar sobre a sua força e coragem, incentivá-las a perceberem suas habilidades para além do espaço doméstico, libertá-las da maternidade compulsória e dizer que o corpo é só delas”, afirma a educadora sexual Julieta Jacob, de Recife (PE). Apresente modelos de mulheres fortes e inteligentes, problematize quando personagens femininos forem caricatos, estimule o pensamento crítico das crianças.

Os meninos devem reconhecer (e recusar) seus privilégios, gerenciar adequadamente seus sentimentos, desenvolver sua comunicação para ter relações mais íntimas, não ter medo de expressar suas fragilidades. Julieta completa: “Precisamos dizer que eles podem chorar e se conectar com suas emoções, ensiná-los a cuidarem do espaço doméstico, apoiá-los na construção de uma paternidade afetiva e responsável, orientá-los sobre respeito e consentimento”. Desde cedo, você pode ajudar as crianças a nomear o que estão sentindo: raiva, frustração, ciúmes etc. Depois, exercite que eles reflitam como irmãs ou amiguinhas se sentem em diversas situações do cotidiano. Quanto mais empáticos forem os meninos, mais saudáveis e seguros serão os espaços para as meninas.

“Me preocupo que meu filho se torne um adulto que respeite as mulheres e não seja omisso na luta delas”, diz a servidora pública Lia Heck, 39 anos, mãe de Heitor, 4 anos, e Olívia, 3. O que isso quer dizer na prática? Por exemplo: educar o filho para ser um indivíduo autônomo, que saiba cozinhar e limpar a casa. “É muito natural que a gente ensine isso para as meninas, né?”

No recém-publicado livro "Como criar um filho feminista: maternidade, masculinidade e a criação de uma família" (Editora Agir), a escritora indiana Sonora Jha afirma que garotos conscientes das desigualdades de gênero defendem o direito de uma menina entrar no time de basquete ou repreendem um colega por um comentário machista. Eles também sabem que podem cometer erros, sentir vergonha e remorso, pedir desculpas e ser responsabilizados.

Outros conceitos presentes na criação não sexista são consentimento e autonomia corporal. Para favorecer uma relação positiva com o próprio corpo e proteger as crianças de abusos sexuais, comece nomeando os genitais de forma correta desde cedo, em vez de usar apelidos e eufemismos. Respeite quando elas pedirem para parar as cócegas ou alguma brincadeira. Não insista para que beijem ou abracem outras pessoas, sob pena de ignorar seus limites e fazê-las achar que não têm o direito de dizer “não”. Caso você se preocupe que o adulto fique ofendido diante da recusa, que tal um aceno ou beijo de longe?

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