• Aline Dini
Atualizado em
Madalena, 56 com a filha, Maria Rita, 4. (Foto: Reprodução Instagram)

Madalena, 56 com a filha, Maria Rita, 4. (Foto: Reprodução Instagram)

Ser mãe sempre esteve nos planos da chefe de cozinha Madalena Albuquerque, de 56 anos, de Recife (PE). Apesar disso, a vida sempre a apresentou outras oportunidades. Aos 45, anos após terminar a faculdade de arquitetura, ela resolveu ingressar na de gastronomia. Na sequência, veio o MBA. E a idade, que antes nunca foi um impedimento para que essa recifense alcançasse seus objetivos, começou a pesar. 

Ela conheceu o marido, o arquiteto Newman Belo de França Costa, 55, ainda moça, mas os dois só se casaram aos 40. Por isso, ela já sabia que a partir dali, a gestação já seria de risco. "Eu sempre tive consciência dos riscos da gravidez tardia. E vira e mexe conversava com especialistas sobre o meu desejo. Mas só levei mesmo a sério a vontade de engravidar aos 48 anos", contou Madalena à CRESCER. 

ASSUMINDO RISCOS

É verdade que àquela altura, o relógio biológico já havia ultrapassado todos os limites, mas isso não fez com que Madalena desistisse do sonho. "Durante dois anos fiz diversos exames para ver como estava a minha saúde em todos os sentidos, e só então me lancei de corpo e alma no projeto de ser mãe", lembra. Ao seguir com a escolha, Madalena assumiu riscos.

Segundo o urologista Guilherme Leme, especialista em reprodução assistida pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), as chances de uma gravidez depois dos 50 anos é de menos de 1%, tanto naturalmente quanto em reprodução assistida. "O custo do tratamento é alto, além de ter um desgaste psicológico muito grande. Tudo isso faz com que diversos centros de reprodução em todo mundo nem aceitem realizar o procedimento. Nessa fase da vida, a mulher geralmente já não tem óvulos e se tiver, são pouquíssimos que já perderam qualidade. Assim, as probabilidades de gerar uma criança com Síndrome de Down, por exemplo, são bem maiores", explica.

Para piorar, Madalena ainda tinha sobrepeso e hipertensão, dois grandes complicadores para qualquer gestação. Porém, contrariando todas as estatísticas, aos 50 anos, ela fez uma estimulação ovariana, coletou os óvulos, partiu para a fertilização in vitro. Aos 51, numa única transferência, engravidou! "Havia apenas dois embriões válidos e um deles vingou", conta, emocionada.

Madalena com Maria Rita recém-nascida (Foto: Reprodução Instagram)

Madalena com Maria Rita recém-nascida (Foto: Reprodução Instagram)

GRAVIDEZ EM SEGREDO

O casal sabia que as chances de complicações em uma gravidez como essa eram grandes. Como não estavam dispostos a ouvir conselhos ou comentários de conhecidos e desconhecidos - e também não criar muitas expectativas -, eles decidiram que só dariam a notícia após o primeiro trimestre. "Foi só abrirmos a boca para virarmos assuntos em todos os grupos. Soubemos de diversas críticas, mas decidimos não abrir a porta para elas. Tínhamos um objetivo maior e focamos em nossa filha, que estava a caminho", conta.

Madalena foi acompanhada por cardiologista, nutricionista e endocrinologista durante toda a gestação. "Fiz dieta e perdi 15 quilos durante a gravidez. Meu cardápio era muito rico nutricionalmente, porém, pobre em calorias", lembra. E, dessa forma, sem complicações, a gravidez seguiu até o fim. "Minha filha, Maria Rita, nasceu de 38 semanas de cesárea programanda. Por todos os riscos que poderíamos ter, considero quase um milagre essa gestação", diz.

Madalena com o esposo e a filha (Foto: Reprodução Instagram)

Madalena com o esposo e a filha (Foto: Reprodução Instagram)

OS PRÓS E CONTRAS DA MATERNIDADE TARDIA

Agora, com uma criança em casa, Madalena reconhece que não tem a mesma disposição de antes. "Mas em compensação, tenho a maturidade e a tranquilidade de encarar os desafios de forma mais amena. Qualquer decisão tem ônus e bônus. Essa é a minha. Claro que isso pesa, mas não chega a ser um motivo para queixas", afirma. Maria Rita nasceu saudável e foi amamentada até os três meses de vida. "Eu adorava amamentar. Mas ela não queria pegar o peito de jeito nenhum. Até procurei um especialista, mas decidi não fazer disso um problema", conta. 

Chinesa de 67 anos está grávida de gêmeos e recusa recomendação médica de interromper a gravidez . Veja os riscos da gravidez tardia

Família que malha unida permanece unida! (Foto: Reprodução Instagram)

Família que malha unida permanece unida! (Foto: Reprodução Instagram)

Não raro, Madalena ouve a frase: "Ela é sua netinha?". "Muitas pessoas questionam se sou mãe ou avó da Maria. Isso só me incomoda quando vem em tom especulativo, porque acho muito invasivo. Mas tento levar com a maior natualidade e tranquilidade possível", diz. Para ela, a grande lição que a maternidade tardia trouxe é que sempre haverá dificuldades, pois não é um caso comum. Mas os processos na vida nunca são simples. "Maria veio para completar nossas vidas", finaliza. 

Filhos de pais mais velhos são mais inteligentes, diz estudo

Madalena e a filha são puro chamego (Foto: Reprodução Instagram )

Madalena e a filha são puro chamego (Foto: Reprodução Instagram )