• Larissa Lopes
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Gabriela retirou completamente a mama direita e, parcialmente, a mama esquerda, que conseguiram se recuperar e produzir leite para amamentar sua primeira filha (Foto: Bárbara Aviz)

Gabriela retirou completamente a mama direita e, parcialmente, a mama esquerda, que conseguiram se recuperar e produzir leite para amamentar sua primeira filha (Foto: Bárbara Aviz)

Em outubro de 2011, aos 30 anos, a médica Gabriela Aquim, de Joinville, Santa Catarina, percebeu um nódulo no seio direito enquanto fazia o autoexame. Em pouco tempo, foi confirmado o diagnóstico: câncer de mama. Além de toda a preocupação com a saúde, ela sabia que, naquele momento, teria que postergar o sonho de ser mãe até que a rotina com sessões de quimioterapia, radioterapia e tratamento hormonal acabasse.

No ano seguinte, Gabriela passou por uma adenomastectomia, cirurgia que retirou completamente a mama direita, substituindo-a por uma prótese de silicone - e algumas glândulas mamárias do seio esquerdo - que haviam apresentado cistos - precisavam ser avaliadas. "Na época, o que me marcou foi quando o cirurgião me perguntou se eu tinha certeza de que queria passar por aquele procedimento na mama esquerda, já que, teoricamente, isso me impediria de amamentar", relembra Gabriela. "O meu sonho era me tornar mãe, e eu precisava vencer o câncer para realizá-lo. 'A gente dá uma jeito na amamentação', foi o que eu pensei. O importante era conseguir engravidar", completa.

A médica Gabriela Aquim se emociona ao amamentar pela primeira sua filha, a recém-nascida Giulia, após lutar contra o câncer de mama por cinco anos (Foto: Bárbara Aviz)

A médica Gabriela Aquim se emociona ao amamentar pela primeira sua filha, a recém-nascida Giulia, após lutar contra o câncer de mama por seis anos (Foto: Bárbara Aviz)

Mas por conta do tratamento intensivo, as chances de engravidar estavam diminuindo, enquanto as de entrar na menopausa precoce ou ficar estéril aumentavam. "A quimioterapia é um tratamento direcionado às células jovens, para destruir as novas células malignas do tumor. Desta forma pode destruir outras células normais do corpo, e isso causa alguns efeitos colaterais como a perda dos cabelos e uma possível destruição dos óvulos", explica Gabriela, que é clínica geral. "Após a quimio, também tive que tomar algumas medicações e bloqueadores de hormônios femininos, que poderiam acelerar uma menopausa precoce. Durante os seis anos de tratamento, não menstruei", diz.

"A quimioterapia é um tratamento direcionado às células jovens, para destruir as novas células malignas do tumor. Desta forma pode destruir outras células normais do corpo, e isso causa alguns efeitos colaterais como a perda dos cabelos e uma possível destruição dos óvulos” explica Gabriela, que é clínica geral.
“ Apos a quimio também tive que tomar algumas medicações bloqueadores de hormônios femininos, o que poderia acelerar uma menopausa precoce”. Mas felizmente após 6 anos de tratamento, voltei a menstruar.

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No entanto, para a surpresa dela, em setembro de 2017, depois de encerrar o tratamento, uma novidade foi seguida de um susto: Gabriela havia engravidado, só que, infelizmente, perdeu o feto na oitava semana. Mas ela não desistiu. Exatamente um ano depois, chegou a notícia de que ela estava grávida novamente. "Os primeiros meses foram de muita apreensão, mas a minha filha estava se desenvolvendo normalmente", lembra. "A partir da 29ª semana, precisei ficar em repouso, pois a gravidez se tornou de risco. Na 39ª semana, a Giulia nasceu de cesárea no Hospital Dona Helena, onde trabalho", conta.

Gabriela Aquim amamentando a filha Giulia (Foto: Bárbara Aviz)

Gabriela Aquim amamentando a filha Giulia (Foto: Bárbara Aviz)

O momento foi capturado pela fotógrafa Bárbara Aviz, que neste ano recebeu dois prêmios por seu trabalho em fotografia familiar. "Eu estava presente neste momento e meus olhos se encheram de lágrimas. Meu coração não aguentou e transbordou sem ela perceber", escreveu Bábara em seu relato no Instagram. "Foi um dos encontros mais lindos e emocionantes que já fotografei", completa. 

A parte mais emocionante ainda viria após do parto, quando Gabriela foi incentivada por uma técnica em enfermagem a amamentar Giulia com a mama esquerda. Sem exepectativa alguma, a mãe se emocionou ao perceber que as glândulas que restaram da cirurgia produziram leite para alimentar a filha. "Foi uma emoção sem tamanho! O melhor presente de dia das mães que qualquer mulher que sonha em ter um filho poderia ganhar. Sinto um amor inexplicável", comemora Gabriela.

"Durante a gravidez, eu até senti que a mama esquerda estava crescendo, mas eu não imaginava que era o tecido mamário se reorganizando, gerando a possibilidade de eu amamentar", diz, emocionada. "Espero que a minha história sirva de exemplo para que as pessoas nunca percam a fé e a esperança e acreditem nos seus sonhos", finaliza.

Giulia é amamentada após o parto (Foto: Bárbara Aviz)

Giulia é amamentada após o parto (Foto: Bárbara Aviz)

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