Alimentação
80% das crianças brasileiras de até 5 anos consomem alimentos ultraprocessados, diz estudo
"É preocupante porque são itens ricos em sódio, conservantes e outras substâncias perigosas”, ressalta pesquisador. Veja como mudou a alimentação das crianças durante a pandemia
2 min de leitura80% das crianças brasileiras de até 5 anos costumam consumir alimentos ultraprocessados, como biscoitos e refrigerantes. Entre os pequenos com mais de 2 anos, esse número é ainda maior e chega a 93%. Os resultados são de um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Isso mostra que, em geral, a alimentação das crianças no Brasil está distante das recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS). É preocupante porque são itens ricos em sódio, conservantes e outras substâncias perigosas”, explica Gilberto Kac, pesquisador e coordenador do estudo.
![(Foto: Thinkstock Photo) açúcar (Foto: Thinkstock Photo)](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/FgiL4FF12uovBQ03fDEHvMmqBVU=/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2014/11/10/acucar2.jpg)
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De acordo com o Ministério da Saúde, 6,4 milhões de crianças estão fora do peso ideal, sendo que 3,1 milhões são obesas. Isso significa que 1 em cada 10 crianças entre 5 e 9 anos são diagnosticadas com obesidade infantil. O sobrepeso está relacionado com excesso de alimentos industrializados, ricos em gordura e açúcar, no dia a dia das crianças.
Mudanças na pandemia
Diversas crianças apresentaram aumento de peso durante a pandemia. O pediatra e nutrologista, Mauro Fisberg, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em discussão com a Sociedade Brasileira de Pediatria, estima que o aumento relativo de peso nas crianças tenha sido, em média, de 5 a 6 kg.
"O fato de o Brasil não ter realizado Censo nem a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) no ano passado tem sido um obstáculo para que tenhamos uma real dimensão do problema, mas é algo que tem sido notado em consultórios e hospitais”, afirma Fisberg.
Entre as famílias que conseguiram manter sua condição financeira durante o período, os doces, lanches e telas se tornaram uma forma de acalmar as crianças. Enquanto a falta de exercícios físicos e escolas deixaram as crianças mais sedentárias. "Isso levou ao aumento do sedentarismo e do consumo de alimentos altamente calóricos", destacou o especialista.
Do outro lado, aqueles que viram a renda decair e as crianças ficarem sem merenda por conta do fechamento das escolas tiveram de apelar para os produtos mais baratos nas prateleiras do supermercado — o que, em geral, envolve alimentos com maior porcentagem de gordura.
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