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Você acha que é uma mãe boa para o seu filho? Que consegue exercer a sua maternidade da forma como gostaria? Se sua resposta for não, calma, você não está sozinha nessa. Está na hora de deixar (mais) essa culpa para trás. E foi justamente sobre isso que especialistas, mães e influenciadoras falaram no evento A Voz e a Vez das Mães, promovido pela CRESCER, no auditório da Editora Globo, no Rio de Janeiro (RJ), no último dia 26 de maio. 

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Num bate-papo comandado por Renata Menezes, editora da CRESCER, a mesa Mãe boa o suficiente discutiu sobre como maternar com mais leveza e se livrar das cobranças dos outros (e de si mesma) nesse processo. Participaram da conversa a médica e escritora Ana Bárbara Jannuzzi, a atriz Juliana Alves, a apresentadora Rafa Brites e a empreendedora Anny Meisler.

Rafa Brites grávida de Leon (Foto: Reprodução/Instagram)

Rafa Brites grávida de Leon (Foto: Reprodução/Instagram)

"Se achar boa o suficiente depende da nossa referência. Hoje, aos 35 anos, me acho uma mãe boa o suficiente. Mas, durante muito tempo, não me achei e isso me fez muito mal”, desabafou Rafa Brites, que, além de atriz e apresentadora, também é mãe de Rocco, 5, e Leon, 4 meses.

Ninguém dá conta de tudo... E está tudo bem!

Ser uma mãe boa o suficiente é um conceito que ficou famoso pelo discurso do pediatra britânico Donald Winnicott, no século passado. Mesmo assim, ainda hoje, a sociedade e as próprias mães parecem cobrar bem além disso. É a eterna busca pela perfeição e pelo “dar conta de tudo".

Anny Meisler, Daniela Tófoli, Ana Paula Pontes, Juliana Alves, Renata Menezes e Ana Jannuzzi (Foto: Alex Ferro/ Editora Globo)

Anny Meisler, Daniela Tófoli, Ana Paula Pontes, Juliana Alves, Renata Menezes e Ana Jannuzzi (Foto: Alex Ferro/ Editora Globo)

No evento da CRESCER, a atriz Juliana Alves, que também é mãe de Yolanda, 4, resumiu bem esse sentimento. "Por mais que a gente procure esse equilíbrio, a tendência é de que a gente se culpe. E tem as redes sociais que acabam reforçando essa coisa de que a gente não é adequada, de que a gente não é boa o suficiente. A gente fica num esforço de superação, mas às vezes precisa se conectar com o que é suficiente e possível. É sobre ser boa dentro do seu limite", explicou. 

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E o primeiro passo para definir o seu limite é justamente reconhecer que ele é seu. Nada nem ninguém deve (ou pelo menos não deveria) dizer como você deve maternar. "Cada mãe é única, cada organização familiar é única, cada criança é única. Não tem como seguir uma receita de bolo que funcionou para alguém, sem fazer qualquer tipo de adaptação para que ela funcione também dentro da minha casa", reforçou Ana Bárbara Januzzi, médica especialista em pediatria.

A grama do vizinho nem sempre é mais verde

E ainda bem! Numa realidade em que estamos cada vez mais conectadas pelas redes sociais, acabamos nos comparando não só com familiares, amigas e colegas de trabalho, mas também com outras mães que nem sequer conhecemos direito. A longo prazo, isso pode fazer mal não só para nós, mas também para os nossos filhos. 

"Não podemos usar a experiência da outra como algo que nos pressiona a fazer igual. Sejamos boas o suficiente dentro das nossas limitações e respeitando a nossa individualidade", aconselhou Juliana. 

Saber filtrar quais conselhos, palpites e "dicas" são úteis faz parte desse processo. Não é porque algo funcionou com outra mãe que vai funcionar com você também. Discernimento e bom senso são as palavras-chave. Segundo a médica Ana Jannuzzi, precisamos entender também que nem toda comparação é necessariamente ruim. "Muitas vezes, olhamos para outras pessoas, que nos inspiram ou nos dão ideias sobre as quais nem tínhamos refletido. O problema é se comparar com aquela mãe das redes sociais, que publica apenas um recorte da vida, a parte perfeita, claro. Não dá para ser perfeita em tudo", ressaltou.

A atriz Juliana Alves, ao lado da médica Ana Januzzi (Foto: Alex Ferro/ Editora Globo)

A atriz Juliana Alves, ao lado da médica Ana Januzzi (Foto: Alex Ferro/ Editora Globo)

Para cuidar do outro é preciso cuidar de si

Sabe quando entramos no avião e os comissários de bordo explicam que, em caso de imprevistos, primeiro os adultos devem colocar a própria máscara de oxigênio para, só depois, colocar nas crianças? Na maternidade, a lógica é a mesma. 

Antes de querer entregar a sua melhor versão para o seu filho, você deve entregar a sua melhor versão para você mesma. "Eu acho que é uma luta constante. Nem sempre eu acho que eu sou boa o suficiente, mas eu estou nesse momento da vida tentando ser mais gentil comigo. Eu entendi que para ser boa para minha filha, antes de tudo eu precisava ser gentil comigo mesma", disse Juliana.

Rafa Brites contou que não faz muito tempo que teve esse mesmo insight. "O melhor jeito de educar é por meio do exemplo. Não adianta nada eu falar para os meus filhos correram atrás dos sonhos deles, se eu sou uma mãe que não faz isso. Parece que é feio falar isso, mas eu me priorizo. Mas faço isso para dar o exemplo para eles também se priorizarem", destacou.

No fundo, encarar tantas cobranças internas e externas de um jeito um pouquinho mais leve pode ser a melhor saída para nós e para os nossos filhos. A empreendora e mãe de três Anny Meisler sintetizou bem: "As mulheres não conseguem ser perfeitas, mas elas conseguem ser possíveis". É isso aí! 

Assista ao evento na íntegra abaixo (ou clique aqui)