Dicas

Beber um vinho equivale a consumi-lo de maneira casual com foco no prazer imediato. Mas se a ideia é degustá-lo, requer uma imersão mais profunda, direcionando o objetivo para a apreciação dos detalhes sensoriais da bebida, o que envolve metodologias de análise.

Se você quer dar up na experiência com os vinhos em uma degustação em casa, vale a pena prestar atenção nos detalhes que farão toda a diferença. Falamos com profissionais que deram dicas valiosas para tornar o momento mais proveitoso. Confira!

Objetivos

"Degustar vinho é uma experiência que vai além de simplesmente bebê-lo. Envolve uma análise minuciosa através dos sentidos. As etapas da degustação incluem análise visual, olfativa e gustativa", diz Thamirys Schneider, sommelière da Wine.

Seguir essas etapas, portanto, é uma forma de praticar e absorver conhecimentos. "O vinho é uma bebida que, independentemente do nível de conhecimento de quem o saboreia, representa um prazer e um momento agradável. A vantagem de fazer sua degustação de uma forma mais técnica e direcionada é conseguir apreciar mais características da bebida, entre qualidade e defeitos, e, com isso, fazer escolhas melhores", explica Marcelo Rosa, sommelier e restaurateur do Amí Bistrô.

Ou seja, quanto mais conhecimento, maior será a possibilidade de apreciar o que o vinho oferece, impactando diretamente na percepção de seu valor na relação qualidade versus preço.

Preparação

Para degustar um vinho, o líquido pode ser servido na medida de um ¼ da taça — Foto: Freepik / Creative Commons
Para degustar um vinho, o líquido pode ser servido na medida de um ¼ da taça — Foto: Freepik / Creative Commons

Em primeiro lugar, é preciso deixar materiais, ambiente e condições propícios para a degustação de vinhos. Acompanhe alguns detalhes importantes:

  • Temperatura

O ideal é dividir em tipos de vinho. Entre os tintos, recomenda-se que os mais leves sejam degustados entre 14 e 16 °C e os mais encorpados, como os que estagiam em barricas de madeira, entre 16 e 18 °C.

Os brancos e rosés seguem a mesma lógica. Os mais leves ficam ótimos quando servidos entre 10 e 12 °C, enquanto os mais encorpados, entre 12 e 14 °C. Já os espumantes, recomenda-se entre 8 e 10 °C.

Os vinhos fortificados, como o do Porto, a recomendação é servi-lo entre 16 e 18 °C. "Porém, no Brasil, por ter um clima tropical, ele pode ser refrigerado e consumido entre 13 e 15 °C", sugere Marcelo.

  • Tipo de taça

Segundo Marcelo, os tipos de taça podem gerar diferenças na percepção das características do vinho na hora do serviço. "Mas se a intenção é degustar para curtir o momento de uma forma mais descontraída, não há problema de usar o mesmo tipo de taça para vinhos tintos, rosés e brancos", afirma. Dessa forma, a recomendação é optar por uma taça tradicional de cristal, entre 480 e 600 ml.

Se o objetivo, no entanto, é fazer uma análise mais minuciosa do vinho, existem taças específicas para cada estilo e até para cada tipo de uva. "Com isso, a bebida expressará melhor suas características", explica o sommelier.

Para os espumantes em geral, o correto é usar a taça flûte, mais alongada e estreita, para preservar o perlage – as borbulhas que se formam quando servidos.

Para os vinhos fortificados e de sobremesa, recomendam-se taças menores, como a padrão ISO, usada para degustação de vários estilos de vinhos e bebidas.

  • Quantidade na taça

Em linhas gerais, indica-se colocar entre 100 e 150 ml de vinho ou cerca de ¼. "A medida é considerada adequada para manter a temperatura ideal de consumo por mais tempo e destacar melhor a cor e intensidade do vinho", diz Thamirys.

Dessa forma, também fica mais fácil de aerar o vinho – aquele movimento em que se gira a taça para que o vinho entre em contato com o oxigênio e evidencie seus aromas. "Portanto, nunca encha a taça ou passe da metade, porque isso atrapalha as etapas da degustação", alerta Marcelo.

  • Ambiente e iluminação

O ideal é o que ambiente seja refrigerado, pois a temperatura pode interferir no serviço do vinho. "Se o local estiver muito quente, ao servir o vinho, seja tinto, seja branco, poderá esquentar rapidamente, o que atrapalha a experiência", diz o sommelier.

A iluminação deve ser agradável, de preferência indireta, para tornar o ambiente aconchegante. Porém, o espaço não deve estar muito escuro, pois isso atrapalhará a análise visual.

Etapas da degustação

A análise visual é uma das etapas da degustação de vinhos. Nela é possível perceber as lágrimas da bebida na taça, que indicam o teor alcóolico — Foto: Freepik / Creative Commons
A análise visual é uma das etapas da degustação de vinhos. Nela é possível perceber as lágrimas da bebida na taça, que indicam o teor alcóolico — Foto: Freepik / Creative Commons

Análise visual

Segundo Marcelo, esta etapa é importante para entender a estrutura e o estado de conservação do vinho. Para isso, a ideia, segundo Thamirys, é inclinar a taça sobre um fundo branco para observar a cor e os possíveis sedimentos do vinho avaliado. "Às vezes, pela própria cor, já é possível especular sobre as uvas que o compõem, além de ser possível dizer se o vinho tem envelhecimento em garrafa", diz ela.

Conforme a sommelière, o envelhecimento em garrafa altera a cor do vinho, tanto para tintos quanto para brancos. Os tintos jovens normalmente têm tons púrpura e rubi, evoluindo para tonalidades mais granadas com a idade, podendo até assumir tonalidades mais claras e marrons e um pouco alaranjadas. "Se o tom é atijolado, indica ser um vinho mais envelhecido e também um risco de estar oxidado, o que será validado pelas análises olfativas e gustativas em seguida", exemplifica Marcelo.

Para os espumantes, o sommelier frisa que dois pontos são importantes na análise visual em relação à quantidade e ao tamanho das borbulhas. "Quanto maior a quantidade de borbulhas e quanto menor elas forem, melhor será a qualidade da bebida", afirma.

O brilho é essencial para indicar a qualidade do vinho, enquanto a opacidade pode sugerir declínio, segundo Thamirys. Já as lágrimas, percebidas quando se gira e aparece a marcação do líquido escorrendo de cima para baixo, indica o teor de álcool. "Quanto mais próximos estiverem os fios, mais alcoólico é o vinho. Se as lágrimas correm com mais velocidade, demonstram ainda que a bebida é mais estruturada", conta o sommelier.

Análise olfativa

Na segunda etapa, leva-se a taça ao nariz para identificar os aromas, relacionando-os com a memória olfativa. "Antes de girar o vinho na taça, vale sentir seus aromas e, se já demonstra características olfativas mais presentes, significada que é rico e mais complexo", avalia Marcelo. Depois, segue-se com o giro da taça, para que o vinho solte e evidencie suas características aromáticas.

Thamirys sugere que, nesse momento, é interessante resgatar a memória olfativa e relacionar ao que se sente, dando nome aos aromas. "É muito comum as pessoas dizerem que não sentem nada, ou não conseguem identificar os aromas. O caminho é simples: treinar o olfato, prestar atenção em cada cheiro presente no dia a dia, seja nos alimentos e em seus preparos, seja nas flores e plantas e no cheiro de terra molhada. Outra dica importante é evitar o uso de perfumes, cremes ou outros cosméticos para não interferir na etapa olfativa da degustação", diz a sommelière.

Nesta etapa, segundo Marcelo, é hora de perceber os tipos de frutas que o vinho apresenta. Por exemplo, para os tintos, se são vermelhas ou negras, frescas ou em compota, além de avaliar se há notas de baunilha, chocolate ou coco, o que indicaria presença de estágio em barricas. "Quanto mais características olfativas, mais probabilidade de ser um vinho complexo e de qualidade", avalia ele.

Análise gustativa

Na fase gustativa, é preciso permitir que o vinho percorra o paladar lentamente e prestar atenção em sua complexidade e evolução. “Uma boa dica é ‘avinhar’ a boca, ou seja, permitir que o primeiro gole sirva para preparar o paladar. Assim, no segundo gole, você já recebe melhor o vinho e presta mais atenção no que está degustando”, diz Thamirys.

Ao experimentar o vinho, Marcelo indica prestar atenção nos sabores percebidos em pontos da língua: doce (ponta), acidez (laterais), mineralidade e taninos (centro), amargor (final). "Deixe o vinho na boca por alguns segundos e depois tente identificar quais desses pontos são mais ressaltados."

Na análise gustativa, segundo o sommelier, os vinhos se alinharão com o que foi apreciado na etapa olfativa, porém, alguns podem apresentar certas características no nariz e outras distintas na boca. "O que torna o processo de degustação ainda mais interessante", acredita.

Relaxe

As degustações guiadas são boas formas de aprender mais sobre vinhos, mas, se feitas entre amigos, o ar de descontração faz parte da experiência — Foto: Flickr / Creative Commons
As degustações guiadas são boas formas de aprender mais sobre vinhos, mas, se feitas entre amigos, o ar de descontração faz parte da experiência — Foto: Flickr / Creative Commons

Independentemente de conhecimentos, regras e etiqueta no mundo do vinho, Marcelo acredita que devemos ser o mais leve e informal possível na hora de degustar vinhos para não tornar esse momento um ritual maçante, mas, sim, inclusivo e relaxante.

"Divida as informações que já tem sobre vinhos de forma descontraída e divertida para tornar o momento mais agradável a todos", sugere. Afinal, essa é uma oportunidade para compartilhar as descobertas com os participantes da degustação, somando os conhecimentos.

Ao mesmo tempo que é bom ter uma relação de informalidade entre amigos, Marcelo lembra ser preciso também valorizar com a produção da bebida. "Não é fácil produzir vinho, então servi-lo da forma correta e saber degustá-lo é uma forma de respeitar todo o processo, que envolve muitas mãos", conclui.

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