Lago de carpas em fachada de escritório vira ponto de encontro de bairro

“Queria que a Truvian Arquitetura refletisse o espírito do nosso tempo, com liberdade de sermos quem somos, usufruindo da natureza e da arte como agentes que fomentam a criatividade e trazem ganhos de produtividade e, ainda, que fosse um lugar que promovesse a difícil sensação de pertencimento a um espaço corporativo”, comenta a arquiteta Rafaela Zanirato, à frente do escritório.

Com 167 m² de área construída, o edifício é envolto em painéis de madeira vazados, que escondem as janelas, o que evitou a necessidade se construir muros ao redor. O uso deste elemento trouxe privacidade, mas sem bloquear por completo a vista do exterior, e ainda permitiu a instalação de áreas verdes no vão entre o prédio e as estruturas de madeira.

A fachada de linhas contemporâneas traz paredes de concreto junto a jardins verticais, além de um paisagismo bem pensado ao redor do lago de carpas, com espécies adaptadas ao calor da cidade mato-grossense. O pergolado em balanço garante proteção contra o sol forte da região, trazendo frescor aos ambientes internos.

Na parte interna, a natureza invade os espaços, com parte do lago adentrando a recepção, e aparece ao lado de obras de arte, móveis de design assinado e até um pequeno balanço. Alguns detalhes de placa de concreto aparecem em meio aos muitos painéis de madeira.

Memórias afetivas completam a decoração aconchegante e incluem poesias escritas pelo pai da arquiteta, fotografias, quadros de artistas locais, discos de vinil antigos e livros de arquitetura e clássicos da literatura, criando uma identidade com a história pessoal da profissional e uma conexão com amigos e clientes.

As salas da equipe e de reuniões foram pensadas para ser espaços calorosos e agradáveis, e ganharam telas, gravuras e fotografias de artistas nacionais, além de um moderno grafite que contrapõe o ar mais clássico dos ambientes.

Na recepção, o clima de casa dita a ambientação, com objetos e móveis que evocam brasilidade, como a poltrona Mole, de Sergio Rodrigues. O espaço de pé-direito alto reúne peças de artesãos e memórias de viagem da arquiteta, trazendo vida e alma ao ambiente que costuma ser um local mais frio e transitório.

Uma pequena copa aberta favorece o encontro entre a equipe e com os clientes para um café. "Assim como a dança, a arquitetura é a arte de transcender e levar o espírito para outro lugar", comenta Rafaela, que se inspirou em uma de suas paixões, o balé clássico, para projetar a sede do escritório.