• Por Teresa Raquel Bastos
Atualizado em

São Paulo comemora 463 anos nesta quarta (25). Muitos são os roteiros para conhecer a história e a rotina da maior metrópole da América Latina, mas já cogitou fugir dos clichês e explorar marcos históricos e obras arquitetônicas por meio das igrejas católicas?

A maioria dos templos importantes está concentrada no centro da cidade, região onde foram construídas as primeiras instalações dos jesuítas em 1554. A Arquidiocese de São Paulo listou 10 igrejas na capital paulista que valem a visita, seja para rezar ou apenas se deslumbrar com a beleza delas.

igrejas-de-sao-paulo (Foto: Reprodução/Arquidiocese de São Paulo)

Catedral da Sé, no centro de São Paulo (Foto Reprodução/Arquidiocese de São Paulo)

1. Catedral da Sé

Um dos marcos do centro da cidade, a Catedral da Sé merece uma visita longa. Suas obras começaram em 1913, no local onde ficava a igreja colonial, que foi demolida. Só foi concluída quatro décadas depois, em 1954, com torres inacabadas na época, para celebrar o quarto centenário de São Paulo. A igreja é considerada o quarto maior templo neogótico do mundo e a maior igreja da metrópole. Como parte do tour, é possível visitar a cripta da catedral, onde estão sepultados bispos e arcebispos de São Paulo como Dom Paulo Evaristo Arns, que morreu em 2016.

Seu estilo neogótico é considerado peculiar por reunir diversas características arquitetônicas. As colunas de 70 metros de altura têm elementos típicos da fauna e flora brasileiras, como ramos de café, um exemplar de tamanduá-bandeira, tatu-bola, entre outros. Já a cúpula é inspirada no estilo renascentista. Todos os mosaicos, esculturas e mobiliário vieram de navio da Itália.

Veja um tour virtual da catedral clicando aqui.

Serviço:
Endereço: Praça da Sé - Sé, São Paulo
Horário de funcionamento: De segunda a sexta-feira e domingo das 7h30 às 18h30 e aos sábados 7h30 às 17h
Missas: De segunda a sexta-feira às 12h e 17h | Sábado: 12h | Domingo: 9h, 11h e 17h
Visitação à cripta: De segunda a sexta-feira das 9h30 às 17h

igrejas-de-sao-paulo (Foto: Reprodução/Arquidiocese de São Paulo)

Pateo do Collegio é o lugar onde foi celebrada a primeira missa em São Paulo (Foto Reprodução/Arquidiocese de São Paulo)

2. Pateo do Collegio

Com traços da arquitetura colonial portuguesa, o Pateo do Collegio tem uma capela em seu interior dedicada a São José de Anchieta, um dos fundadores da cidade. Foi nesse exato local em que aconteceu a primeira missa da cidade, no dia de sua fundação, em uma pequena cabana de pau a pique e palha. O espaço de oração passou por diversas mudanças e essa é a quarta versão da igreja jesuíta. O prédio histórico foi reconstruído na década de 1980 e expõe uma relíquia de Anchieta.

Por ali, é possível visitar o Museu Anchieta, que tem um rico acervo com peças de arte sacra que retraram a religiosidade da época da criação de São Paulo. Após a visita, uma pausa no Café do Pateo, que serve café pessegueiro, "produto paulista, cultivado na fazenda que dá nome a bebida na região mogiana desde 1870”.

Serviço:
Endereço: Largo Pátio do Colégio, 34, Centro
Horário de funcionamento da igreja, museu e café é de terça-feira a domingo das 9h às 16h30.
Missas: De terças as sextas-feiras às 12h e aos domingos às 10h.
Site: www.pateodocollegio.com.br

igrejas-de-sao-paulo (Foto: Reprodução/Arquidiocese de São Paulo)

Mosteiro de São Bento visto do alto (Foto Reprodução/Arquidiocese de São Paulo)

3. Mosteiro de São Bento

O Mosteiro de São Bento foi o lar do Papa Bento XVI em sua visita ao Brasil em 2007. Depois desse evento religioso, a igreja voltou ao radar do turismo em São Paulo. O local é um conjunto da Basílica Abacial de Nossa Senhora da Assunção, do Colégio de São Bento e da Faculdade de São Bento, além de ser a casa de 45 monges que se dedicam diariamente ao ora et labora (do latim, "ora e trabalha") e celebram diariamente missas com canto gregoriano. A língua latina, aliás, está por todos os lugares do templo e há celebrações no idioma extinto.

Com mais de 400 anos de história, a estrutura vista hoje não é a mesma desde a fundação e está em sua quarta versão. A atual começou a ser construída entre 1910 e 1912, sob a supervisão do arquiteto Richard Berndl, Professor da Universidade de Munique e um dos melhores arquitetos da Alemanha. É desta época a decoração interna em estilo Beuronense foi feita pelo beneditino belga Dom Adelberto Gressnigt. A Basílica só foi consagrada em 1922. Nesta época foram instalados os sinos e o relógio, tido como o mais preciso de São Paulo.

Após a visita, passe na lojinha dentro da igreja. Por lá há pães, bolos, doces, biscoitos e geleias feitas pelos próprios monges e cujas receitas são seculares, guardadas há muito tempo no arquivo da abadia. Esse conhecimento é repassado de um monge para outro, a fim de não se perder a qualidade do preparo.

Serviço:
Endereço: Largo de São Bento, s/n - Centro, São Paulo
Horário de funcionamento: 6h às 18h30
Missas: Todos os dias, de segunda à sexta às 7h, aos sábados às 6h e no domingo às 10h
Site: mosteiro.org.br

igrejas-de-sao-paulo (Foto: Reprodução/Arquidiocese de São Paulo)

A Igreja da Ordem Terceira foi restaurada mas manteve estilo barroco (Foto Reprodução/Arquidiocese de São Paulo)

4. Santuário e Igreja da Ordem Terceira - Largo São Francisco

Em 1640, chegou por aqui uma caravana de sete religiosos franciscanos. Dois anos depois, os frades ganharam um terreno, doado pela Câmara, que media “oitenta braças de chão”. No local construíram o Convento de São Francisco e de São Domingos. O terreno do convento tinha três fontes de água pura, mas sofria com as enchentes do ribeirão Anhangabaú.

O prédio histórico tem estilo barroco-rococó e teve projeto arquitetônico assinado por Frei Galvão, que também foi o morador mais ilustre do local. Até meados do século XVII, o frontispício das igrejas da Província era construído em estilo jesuítico, com torre baixa. Desde então, adotou-se o barroco. Em 1884, a fachada da Igreja foi modificada e aberta a entrada central como hoje é utilizada. No seu interior, ela tem uma abóboda com alegorias da história franciscana, de autor desconhecido e possui um sino do século XVIII.

A partir de 1828, o espaço deu lugar à Faculdade de Direito, funciona por lá até hoje. O Santuário São Francisco ainda existe e está aberto para visitação. Ao lado do santuário, é possível conhecer também a Igreja de São Francisco das Chagas, levantada pela Ordem Terceira de São Francisco. A igreja foi tombada como patrimônio histórico de São Paulo em 1982 e é considerada uma das mais importantes obras do século XVIII. 

Serviço:
Endereço: Largo São Francisco, 133 – Centro
Horário de funcionamento: 8h30 às 17h30
Site: www.conventosaofrancisco.com.br

Igreja das Chagas do Seráfico Pai São Francisco (Foto: FAU/Reprodução)

A Igreja das Chagas é o único exemplar arquitetônico remanescente do século XVIII no núcleo urbano da capital (Foto: FAU/Reprodução)

5. Igreja das Chagas do Seráfico Pai São Francisco

Como parte da história da cidade de São Paulo, a igreja é o único exemplar arquitetônico remanescente do século XVIII no núcleo urbano da capital. Foi fundada em 1787 e fica anexa ao antigo convento, onde hoje está estabelecida a Faculdade de Direito da USP. É uma igreja antiga, com muita decoração em madeira, econômica e pouco rebuscada. A atmosfera remete ao clima do século XVII e XVIII.

O seu interior encontra-se bem conservado, com vários retábulos laterais em talhas de estilo rococó. A cúpula octogonal ostenta pinturas do final do século XVIII e, em outras dependências, trabalhos do mesmo período. Abriga, ainda, na Capela de Nossa Senhora da Conceição, o antigo retábulo executado por Luiz Rodrigues Lisboa, entre os anos de 1736 e 1740.

Serviço:
Endereço: Largo São Francisco, 173, Sé
Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 9h às 17h. Aos sábados, das 9h às 13h
Site: arquisp.org.br

igreja da consolação (Foto: Reprodução)

Fundada em 1799, a fachada da Igreja da Consolação tem um portal com arquivoltas e rosácea de ferro forjado batido(Foto Reprodução)

6. Igreja Nossa Senhora da Consolação

Esta igreja foi fundada em 1799 e o atual edifício teve obras iniciadas em 1909. À época, um forte sentimento de renovação fez com que a arquitetura passasse por modernização e perdesse o estilo colonial. Um documento antigo atesta bem esse espírito da época: “Fazemos saber que (...) havemos por bem de conceder-lhe faculdade para mandar demolir a actual igreja matriz da parochia afim de que no mesmo lugar se possa erigir uma nova matriz que possa corresponder aos belos edifícios que ora existem nesta capital” (D. Duarte Leopoldo e Silva, Arcebispo metropolitano, ao vigário da Igreja da Consolação, 15 de agosto de 1909).

O projeto da nova igreja é de autoria do arquiteto alemão Maximilian Emil Hehl, professor da Escola Politécnica de São Paulo. Com estilo neorromântico, a fachada tem um portal com arquivoltas e rosácea de ferro forjado batido. Por dentro, o altar-mor foi trazido de Paris, feito em carvalho, mármore e bronze. Os vitrais são da antiga Casa Conrado.

Serviço:
Endereço: Rua da Consolação, 585 - Centro, São Paulo – SP
Horário de funcionamento: das 7h30 às 20h
Missas: De segunda a sexta-feira às 7h, 12h, 18h e 19h
Sábado: 8h, 12h e 18h
Domingo: 8h, 10h, 12h, 18h e 20h
Site: arquisp.org.br

Mosteiro da Luz (Foto: Reprodução)

O Mosteiro da Luz é considerado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco (Foto: Reprodução)

7. Mosteiro da Luz

Considerado pela Unesco “Patrimônio Cultural da Humanidade”, o Mosteiro da Luz é um dos únicos edifícios em taipa de pilão ainda em pé no Estado de São Paulo, com fundação estimada em 1600. É também a principal obra colonial de São Paulo, do século XVIII. O projeto arquitetônico é de Frei Galvão, que está sepultado lá. As irmãs concepcionistas moram no local e distribuem pílulas milagrosas preparadas desde a época do santo.

Ainda no terreno do Mosteiro, é possível conhecer o Museu de Arte Sacra de São Paulo – mantido por uma parceria entre a Arquidiocese de São Paulo e o Governo do Estado. No acervo, estão peças importantes ligadas à vida da Igreja na cidade, como os objetos sacros usados durante o IV Congresso Eucarístico Nacional, realizado em São Paulo no ano de 1942.

Serviço:
Endereço: Avenida Tiradentes, 676 - Luz - Centro - São Paulo. (Acesso pelo metrô São Bento).
Horário de funcionamento: das 7h às 16h30
Horário das missas no mosteiro: das 7h às 16h. Missas: de segunda a sexta, às 7h; sábado, às 8h e às 16h; e domingo, às 8h, 10h30 e às 16h. E em todo os dias 23, 24 e 25 de cada mês tem missas em honra a Frei Galvão às 7h e 16h
Horário de distribuição das pílulas: De segunda a sexta das 8h30 às 11h e das 14h30 às 16h45, aos sábados e domingos após a missa das 8h às 16h
Horário de funcionamento do museu de arte sacra: Terça a Domingo - 9h às 17h
Ingresso:
Sábado: gratuito
Demais dias: R$ 6 (estudantes pagam meia)
Isentos: idosos acima de 60 anos; crianças até 7 anos; professores da rede pública (com identificação) e até 4 acompanhantes

Mais informações no site do MAS.
Site: mosteirodaluz.org.br

Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos (Foto: Reprodução)

A Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos foi construída no período colonial por homens negros (Foto: Reprodução)

8. Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos

Localizada no Largo do Paissandu, região central de São Paulo, a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos possui um histórico importante para a cidade de São Paulo. Foi construída no período colonial por homens negros para que eles finalmente pudessem celebrar ritos católicos misturados com outas crenças. Por isso, acabou sendo também um lugar de resistência.

Em sua estrutura há uma diversidade de detalhes, como pinturas nas paredes. Entretanto, a simplicidade de seus traços, representam o status social dos negros naquela época. A arquitetura é considerada eclética por misturar elementos renascentistas, barrocos e neoclássicos.

Serviço:
Endereço: Largo do Paissandu, s/nº, Centro
Horário de funcionamento: De segunda a sexta das 7h às 19h e domingo às 7h às 12h
Missas: De segunda a sexta-feira às 7h30, 8h30 e 18h, aos domingos, 7h30, 9h e 10h30.
Site: arquisp.org.br

igreja da boa morte (Foto: Reprodução)

A Igreja da Boa Morte segue estilo barroco-colonial, com paredes de taipa de pilão e telhado de madeira (Foto: Reprodução)

9. Igreja da Boa Morte

A Irmandade da Nossa Senhora da Boa Morte foi fundada em 16 de janeiro de 1728 na região onde está o Pateo do Collegio. Sua principal característica era aceitar membros de todas as etnias, classe social e gênero, algo inédito na época colonial. Antes, frequentavam a igreja do Convento do Carmo, mas anos depois compraram em 1802 o que terreno onde até hoje é a Igreja da Boa Morte. Foram oito anos contruindo a igreja, inaugurada agosto de 1810. O prédio é tombado pelo CONDEPHAAT.

A arquitetura segue estilo barroco-colonial, com paredes de taipa de pilão e telhado de madeira. Tem uma esfera simples, diferente da ostentação das igrejas vizinhas na época. Parte das imagens de santos e de Nossa Senhora vieram de Portugal. Em 2009, um ano antes de completar 200 anos, foi reaberta após uma longa restauração. Durante o processo de restauro, foi encontrada uma pintura barroca representando a Coroação da Virgem Maria que estava escondida sob camadas de tinta cinza, em tábuas do forro de madeira sobre o altar.

Serviço:
Endereço: Rua do Carmo, 202, Centro
Horário de funcionamento: Aberta 24h
Missas: de segunda a sexta às 18h, sexta-feira às 12h, aos sábados às 15h e aos domingos às 10h e às 18h
Site: www.misericordia.com.br

Basílica Nossa Senhora do Carmo (Foto: Divulgação)

A estrutura da Basílica Nossa Senhora do Carmo foi projetada pelo arquiteto polonês Georg Przyrembel (Foto: Divulgação)

10. Basílica Nossa Senhora do Carmo

A Basílica do Carmo de São Paulo foi fundada pelos Carmelitas e erguida pelo Frei Antônio de São Paulo em 1594. Era o humilde começo do que seria em séculos posteriores a bonita Igreja do Carmo e o grande Convento da Ladeira do Carmo, na esquina da Rua do Carmo, atualmente Avenida Rangel Pestana.

Sua estrutura foi projetada pelo arquiteto polonês Georg Przyrembel, que conseguiu aproveitar as obras sacras da antiga igreja do Carmo. As pinturas foram feitas por Tullio Mugnaini e as Vias Sacras por Carlos Oswald. Sua arquitetura filia-se a um movimento que buscava, na tradição colonial brasileira, os componentes para a sua expressão.

Serviço:
Endereço: Rua Martiniano de Carvalho, 114, Bela Vista
Horário de funcionamento: Das 8h às 21h
Missas: 2ª feira às 19h, De 3ª, 4ª, 5ª e 6ª feira: 12h15, Sábado: 7h15 e 16h, Domingo: 7h30, 9h, 11h e 18h30
Site: www.basilicadocarmo.com.br