• Por Yara Guerra com Alex Alcantara
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Com o crescimento da população idosa, é necessário se atentar aos cuidados domésticos, começando pela arquitetura (Foto: Pexels/Tristan Le/CreativeCommons)

Com o crescimento da população idosa, é necessário se atentar aos cuidados domésticos, começando pela arquitetura (Foto: Pexels / Tristan Le / CreativeCommons)

Segundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem mais de 28 milhões de pessoas acima de 60 anos, representando 13% da população do país. Em função do aumento da expectativa de vida mundial, esta parcela tende a dobrar nas próximas décadas. Junto às estatísticas, a comemoração do Dia do Idoso, em 1º de outubro, convida a olhar para medidas que contribuem para a saúde deste grupo. A arquitetura, nesse sentido, é fundamental.

Quem mora com pais mais velhos e avós deve entender que os ambientes do lar devem oferecer todas as condições para uma vida confortável e sem acidentes. Um dos principais pontos de atenção, por exemplo, é o desnível do terreno. "O ideal é evitar degraus e que os corredores sejam largos, já pensando na possibilidade de uso da cadeira de rodas", explicou a arquiteta Isabella Nalon. Quando esta arquitetura for inevitável, a saída pode ser investir em pisos antiderrapantes.

Neste projeto da arquiteta Patricia Penna, o piso antiderrapante e o amplo espaço são boas soluções para moradores idosos (Foto: Leandro Moraes / Divulgação)

Neste projeto da arquiteta Patricia Penna, o piso antiderrapante e o amplo espaço são boas soluções para moradores idosos (Foto: Leandro Moraes / Divulgação)

No que diz respeito aos móveis, o ideal é focar em uma boa distribuição para liberar a passagem e em peças que não sejam pontiagudas, evitando acidentes. Vale também pensar em uma mobília alta, para que o movimento sentar-levantar seja facilitado.

"Hoje, a quantidade de mobília e o impacto visual da decoração já não são tão importantes para este perfil de clientes – o que hoje importa é o conforto. Então a poltrona, por exemplo, deve ser aquela gostosa, que eles podem ficar horas sentados vendo TV ou lendo livro; na cama, o colchão tem que ter a altura ideal para a situação de cada um e não pode ser nem muito mole nem muito duro. Os móveis têm que ser fortes para que não arrastem e desequilibrem o idoso ao se levantar. Já nos tapetes, deve-se colocar faixas embaixo para impedir que eles dobrem", explicou a arquiteta.

Tratando-se de banheiros, é necessária uma atenção redobrada. Pisos em contato com a água se tornam um verdadeiro perigo para a terceira idade. Uma saída é investir em barras de apoio para a área do box, o entorno da bacia sanitária e a bancada/lavatório. “Esses suportes são efetivamente importantes para a independência dos movimentos dos idosos e auxiliar em situações mais delicadas”, disse.

Levando em consideração a diminuição do tônus muscular dos idosos, as bacias sanitárias devem ser mais altas para facilitar os movimentos de sentar e levantar. Na foto, a linha Elite da Celite (Foto: Celite / Divulgação)

Levando em consideração a diminuição do tônus muscular dos idosos, as bacias sanitárias devem ser mais altas para facilitar os movimentos de sentar e levantar. Na foto, a linha Elite da Celite (Foto: Celite / Divulgação)

Algumas marcas possuem linhas que atendem às demandas da terceira idade. A linha Elite, da Celite, por exemplo, possui bacias cuja altura tem entre 43 cm e 45 cm, como indicado pela ABNT. A torneira da cuba, por sua vez, tem a abertura de água feita por alavanca, o que facilita o processo. Já as barras da linha conforto Deca respondem à norma NBR reguladora, possuem proteção antibacteriana e são duráveis e resistentes, oferecendo apoio e segurança para pessoas com mobilidade reduzida.

"Para suprir as necessidades desta fase tão importante da vida dos nossos clientes, desenvolvemos produtos onde ergonomia, praticidade, funcionalidade e design convergem em para tornar suas vivências mais seguras e autônomas", disse Fernanda Dayan, gerente de marketing Deca.

O lado afetivo importa

Isabella, que possui alguns clientes com mais de 80 anos de idade e já fez um projeto completamente adaptado para esta faixa etária, conta que outros aspectos na residência também são válidos. "Na casa que fiz, uma das considerações foi tornar o verde muito presente, porque o idoso já não tem a mesma vida social de antes e vive um momento diferente. Então poder trazer o agradável para o seu dia a dia é importante, como poder ver o jardim em qualquer ponto da casa", disse.

No projeto desta casa em Itu, a arquiteta Isabella Nalon optou por deixá-la completamente plana para evitar acidentes (Foto: Julia Herman / Divulgação)

No projeto desta casa em Itu, a arquiteta Isabella Nalon optou por deixá-la completamente plana para evitar acidentes (Foto: Julia Herman / Divulgação)

Nesse sentido, a decoração também pode ajudar. A idade avançada significa, para além da condição física, muitas histórias para contar. Inserir referências de viagens, fotos e quadros de família no décor contribui para esta sensação de bem estar.

Mitos e verdades

Com o avanço tecnológico, muito se fala na efetividade de algumas inovações para casas de idosos. Isabella atenta, porém, à singularidade de cada um. "Persianas motorizadas funcionam para qualquer morador, mas se for algo mais complexo, como assistentes de voz, depende do grau de familiaridade de cada um. Já tive cliente que mandou arrancar tudo e outra que adorou", explicou.

Assim, na hora de investir em aparelhos e sensores, é importante averiguar se serão realmente utsados e auxiliarão na vida do morador, em vez de trazer mais um problema.

"Simplificando: o que o idoso realmente precisa ter em casa são barras de apoio no box, perto da privada e nos corredores. Além disso, uma boa iluminação e boa ventilação, para facilitar a visão e evitar mofo e umidade", finalizou a arquiteta.