1) O documento analisa a viabilidade econômica da produção de bioetanol em microdestilarias no Rio Grande do Sul utilizando cana-de-açúcar, batata-doce e sorgo como matérias-primas.
2) Foram simulados três modelos empresariais - cooperativa, associação de produtores e grande propriedade rural - e analisados indicadores econômicos como VPL, TIR e payback para diferentes níveis de financiamento.
3) A alternativa com cana-de-açúcar e
A ameaça de racionamento de energia elétrica é mais um caso de incompetência ...Fernando Alcoforado
O documento discute a ameaça de racionamento de energia elétrica no Brasil devido à má gestão do setor energético e falta de planejamento do governo federal. Estudos mostram que as mudanças climáticas também aumentam a vulnerabilidade do sistema energético brasileiro, que depende fortemente de fontes renováveis como hidrelétricas. Soluções como fontes renováveis alternativas e eficiência energética não foram adequadamente adotadas.
1) O documento discute a situação atual da oferta de energia no Brasil, com a queda da geração hidrelétrica e aumento das térmicas, fazendo subir as tarifas.
2) Também aborda a queda nos preços globais do petróleo e o aumento das fontes renováveis, indicando uma mudança no perfil energético mundial.
3) Por fim, destaca a necessidade de diversificar a matriz elétrica brasileira com mais gás natural e fontes renováveis, além de reformas regulatóri
O documento discute os desafios e perspectivas do etanol químico e da alcoolquímica como alternativa para expansão da produção química brasileira, à luz da experiência internacional, das novas tecnologias e do conceito de biorrefinaria. O documento descreve a importância crescente do etanol no mundo devido a pressões de preços e preocupações ambientais, com foco nas políticas dos EUA e UE. Também discute as novas tecnologias de produção de etanol a partir da biomassa e o conceito de bior
O documento discute os principais temas da Conferência Rio+20 sobre Desenvolvimento Sustentável, incluindo: 1) a importância da pesca e dos oceanos para a segurança alimentar, 2) os desafios da escassez hídrica e da poluição da água, 3) o crescimento de cidades sustentáveis e a geração de empregos verdes.
Perspectivas para o setor de petróleo e gás numa economia de baixo carbonoSustentaí
O documento discute as perspectivas para o setor de petróleo e gás em uma economia de baixo carbono. Aborda como as mudanças climáticas e o pico do petróleo levarão a indústria a adotar um novo modelo de negócio baseado em eficiência e fontes renováveis. Também apresenta alternativas como biocombustíveis, mobilidade urbana sustentável e captura de carbono para reduzir emissões sem prejudicar o desenvolvimento econômico.
Brasil e Reino Unido lançam publicação em parceria
Iniciativa da Embaixada Britânica, relatório sobre sustentabilidade traz dados e pesquisas a respeito da mitigação dos efeitos das mudanças climáticas na agricultura
Marcos Giesteira
Uma parceria entre os governos do Brasil e do Reino Unido na área de agricultura de baixo carbono resultou na publicação intitulada “Semeando Sustentabilidade”. O conteúdo foi produzido a partir de uma rodada de encontros entre especialistas, produtores e tomadores de decisão dos dois países, que ocorreu entre os dias 21 e 25 de fevereiro deste ano, no Reino Unido.
Participaram da missão brasileira representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Embrapa, Banco do Brasil, Senado Federal, Instituto Agronegócio Responsável (Ares) e Universidade de Campinas (Unicamp).
O grupo visitou propriedades rurais em Hampshire, no sudeste da Inglaterra, e reuniu-se com membros de duas das principais cadeias varejistas do Reino Unido (Tesco e John Lewis/Waitrose). Os brasileiros também participaram de um debate com executivos da consultoria Carbon Trust, uma das maiores prestadoras de serviço no ramo de inventários de emissões e certificação de cadeias produtivas.
Segundo o chefe da Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Derli Dossa, o modelo produtivo sustentável da Fazenda Leckford e o contato com um programa de computador que quantifica o fluxo de carbono proporcionaram novos conhecimentos aos integrantes da missão.
“A Inglaterra está à frente na questão do pagamento por serviços ambientais, em ações efetivas de motivação da sociedade, no monitoramento e quantificação da pegada de carbono”, explica Dossa. A expressão "pegada de carbono" corresponde à quantidade de dióxido de carbono (CO²) e outros gases de efeito estufa emitidos como resultado direto ou indireto de uma atividade. “Os ingleses demonstraram que podem nos ajudar a avançar no controle de emissões, respeitando-se as diferenças e características de cada país”, ressalta o chefe da assessoria do ministério.
A publicação foi lançada nesta terça-feira, 16 de agosto, durante a primeira oficina para nivelamento dos profissionais que serão responsáveis pela capacitação de multiplicadores do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC). O encontro vai até 18 de agosto na sede da Embrapa Estudos e Capacitação, em Brasília. O material está disponível no site do Ministério da Agricultura no endereço:
Mudanças Climáticas: Impactos da Mudanças Climáticas no Nordeste BrasileiroIsabella Aragão Araújo
O documento discute os impactos das mudanças climáticas no Nordeste Brasileiro, especificamente o aumento na frequência de secas e redução na disponibilidade de recursos hídricos devido ao aumento de temperatura. Também aborda as políticas climáticas internacionais, nacionais, estaduais e municipais, bem como os aspectos socioeconômicos relacionados aos custos das mudanças climáticas na região.
O documento discute as estratégias de gestão energética sustentável no Brasil, com foco nas energias renováveis. Apresenta a atual matriz energética brasileira e cenários para 2030, mostrando pequena mudança na participação de fontes renováveis. Também mostra que as emissões de CO2 continuarão elevadas, indicando que o plano energético nacional contribui pouco para mitigar as mudanças climáticas.
O documento discute as mudanças climáticas e seus impactos na agropecuária, e as ações necessárias para mitigação e adaptação. Apresenta o Plano ABC, que estabelece metas para reduzir emissões de gases de efeito estufa utilizando seis tecnologias, e destaca o crédito rural subsidiado para financiar a adoção dessas tecnologias.
O artigo tem como objetivo apresentar uma análise do tipo SWOT para avaliar os aspectos de sustentabilidade ambiental da produção do etanol no Brasil. A análise SWOT é utilizada freqüentemente para informar aos decisores os fatores determinantes ou críticos de uma determinada situação em estudo. Tem como objetivo reduzir incertezas e auxiliar na formulação de estratégias explicitando os fatores que poderão influenciar o sucesso de um projeto. São verificados os impactos conhecidos em sete fatores ambientais, considerados os mais críticos para a expansão da cultura de cana no país: qualidade do ar, recursos hídricos, biodiversidade, ocupação do solo, preservação do solo, uso de defensivos
agrícolas, uso de fertilizantes agrícolas. Conclui-se que tem havido progressos na direção de melhorar os aspectos de sustentabilidade, mas ainda novas práticas agrícolas e novas tecnologias que minimizem o uso de recursos hídricos e efluentes são requeridas.
Utilização de sementes de espécies oleaginosas para produção de biodieselcamila guimarães
1) O documento discute o potencial do Brasil para a produção de biodiesel a partir de oleaginosas e os benefícios socioambientais deste biocombustível.
2) Atualmente, o Brasil tem capacidade para expandir sua área agricultável em 150 milhões de hectares sem competir com a agricultura alimentar.
3) A introdução de 2% de biodiesel na matriz energética brasileira poderia gerar 45 mil novos empregos no campo.
O documento discute cenários socioeconômicos para o Brasil até 2050, abordando: 1) projeções para a população e economia mundiais, como crescimento da população na Ásia e preços de commodities; 2) mudanças climáticas e seus impactos no Brasil; 3) crescimento econômico brasileiro em meio a um mundo com maior demanda por alimentos e matérias-primas.
Biodiesel Perspectivas no Brasil e no Mundobiovaleenergia
O documento discute as perspectivas dos biocombustíveis no Brasil e no mundo. Ele destaca que os biocombustíveis podem aumentar a renda agrícola e fortalecer as economias rurais, criando mais empregos do que a indústria de petróleo. No Brasil, o setor da cana-de-açúcar gera mais de 1 milhão de empregos diretos e 4 milhões indiretos. Além disso, a produção de biocombustíveis tende a ser menos centralizada do que a indú
Análise da Viabilidade para a produção de Biocombustíveis...ProjetoBr
Este documento apresenta os resultados de estudos de viabilidade para a produção de biocombustíveis em países da América Central e Caribe realizados pela FGV. O estudo foi dividido em três fases: a definição da aptidão das terras, a análise da capacidade de produção e recomendações de investimentos. A primeira fase mapeou as áreas adequadas para culturas como cana-de-açúcar, soja e dendê considerando fatores como solo, clima e relevo. Nas próximas fases, serão avaliadas a
O documento discute a retomada do setor sucroenergético no Brasil em 2016. Após anos de crise, o setor está se recuperando graças aos bons preços do açúcar e etanol, aumento da demanda e expectativa de crescimento de 5% na moagem da cana. A 24a edição da FENASUCRO & AGROCANA, entre 23-26 de agosto, espera receber 30 mil visitantes e gerar R$2,8 bilhões em negócios, mostrando soluções tecnológicas para a cadeia
Manual boas práticas em Eficiência EnergéticaFlavio Casemiro
Este documento discute a importância da eficiência energética e do desenvolvimento sustentável nas empresas. Apresenta o conceito de sustentabilidade e como as empresas podem melhorar a eficiência energética através de estratégias como a utilização eficiente de energia elétrica e térmica, a produção descentralizada de eletricidade e calor, e a sustentabilidade nos transportes. O objetivo é ajudar as empresas a reduzir custos e impactos ambientais por meio da adoção de medidas de eficiência energética.
Instituto ethos - Carta Mudanças ClimáticasFabricio
O documento discute a necessidade de ações para combater as mudanças climáticas. Líderes empresariais lançaram uma "Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas" e debateram compromissos e propostas do país para a Conferência de Copenhague. Representantes do governo e empresas defenderam maior engajamento na redução de emissões e na economia de baixo carbono.
Agroenergia surge como alternativa para redução de custosProjetoBr
A produção de agroenergia em larga escala promove o desenvolvimento sustentável da sociedade, permite a redução de custos em relação ao combustível fóssil, apresenta vantagens ambientais, estimulando a geração de renda e de emprego, com conseqüente fixação do homem no setor rural.
1) O documento discute o uso da biomassa para a produção de energia renovável como o etanol, destacando os benefícios ambientais e econômicos de culturas como a cana-de-açúcar.
2) A produção de etanol de segunda geração a partir da celulose de resíduos agrícolas como palha é uma alternativa promissora.
3) O desenvolvimento de novas culturas energéticas com alta produtividade de biomassa é importante para diversificar as matérias-primas e descentralizar a produção de biocomb
Biodiesel no Brasil: diversificação energética e inclusão socialProjetoBr
1. O documento discute o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel no Brasil, que tem como objetivos promover a inclusão social, geração de renda, diversificação energética e desenvolvimento sustentável.
2. O programa incentiva a produção de biodiesel a partir de diversas matérias-primas e já atingiu capacidade para misturas de até 5% em diesel, gerando oportunidades para agricultores familiares.
3. O biodiesel brasileiro representa um exemplo de política pública construída com participação dos atores
Biodiesel no Brasil: diversificação energética e inclusão socialProjetoBr
O documento discute o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel no Brasil, que tem como objetivos promover a inclusão social, geração de renda, diversificação energética e desenvolvimento sustentável. O programa regulamenta a produção e uso do biodiesel no país por meio de incentivos fiscais, financiamentos e leilões públicos para compra do combustível. O biodiesel já representa uma parte significativa da matriz energética brasileira e traz benefícios econômicos, sociais e ambientais.
O documento descreve a evolução do setor sucroenergético brasileiro desde o boom do etanol entre 2003-2011 até a estagnação após 2011, com fechamento de usinas, alto endividamento e baixo crescimento da cana-de-açúcar. Detalha os resultados financeiros e operacionais das empresas do setor e analisa como a gestão eficiente do caixa, endividamento e investimento agrícola são fundamentais para a sustentabilidade do negócio. A terra mostrou-se o principal ativo de geração de valor do setor.
Políticas Públicas para Conservação de EnergiaHabitante Verde
Este documento discute políticas públicas brasileiras para a conservação de energia, incluindo programas como o Procel, que promove a eficiência energética, e o CONPET, que incentiva o uso eficiente de derivados de petróleo e gás natural. O documento também analisa fontes renováveis versus não renováveis e a importância da eficiência energética no Brasil e no mundo.
O documento discute os impactos da produção de biocombustíveis no preço dos alimentos. Aponta que a expansão da área plantada para biocombustíveis substitui outras culturas, levando ao encarecimento de alimentos como o feijão no Brasil. Também destaca críticas como o aumento do desmatamento e da emissão de gases de efeito estufa causados pela produção de biocombustíveis.
O documento discute os impactos da produção de biocombustíveis no preço dos alimentos. Aponta que a expansão de culturas para biocombustíveis, como cana-de-açúcar e milho, reduziu a oferta de outros alimentos e aumentou seus preços. Também levanta preocupações com exclusão social, desmatamento e uso intensivo de recursos hídricos pela produção de biocombustíveis. No entanto, reconhece que há espaço para melhorias que minimizem esses impactos negativos.
O documento discute o potencial da produção de biodiesel no Nordeste brasileiro para gerar desenvolvimento econômico sustentável na região. A produção de biodiesel poderia reduzir a dependência do Brasil de importações de petróleo e diesel, além de abrir novas oportunidades para o agronegócio nordestino.
1. O documento discute o impacto do crescimento da produção de biocombustíveis no Brasil sobre a demanda por fertilizantes nitrogenados, em especial ureia, cuja matéria-prima é o gás natural.
2. A expansão das culturas energéticas aumenta a pressão sobre o mercado de ureia e de gás natural, já que o Brasil depende das importações destes insumos.
3. O estudo avalia se um novo projeto de produção de ureia no Brasil seria viável economicamente, considerando as proje
1) A produção de etanol nos EUA tem aumentado a demanda por milho e pressionado os preços para cima.
2) Isso tem impactado os custos de ração no Brasil através da alta dos preços de milho e soja.
3) Porém, a produção de subprodutos como o DDG pode ajudar a reduzir os custos com farelos protéicos.
Este artigo analisa o sistema setorial de energia eólica no Brasil e sua relação com a inovação sustentável. Discute como as ações desse sistema consideram as dimensões econômica, social e ambiental da sustentabilidade. Conclui que, embora os pilares da sustentabilidade estejam presentes, a dimensão econômica ainda é a mais importante, com as dimensões social e ambiental dependentes da competitividade da energia eólica.
O documento discute a utilização de Certificados de Emissões Reduzidas (CERs) na análise de risco de investimento em Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) no Brasil. Apresenta o contexto do Protocolo de Quioto e mercado de carbono, e como CERs podem impactar positivamente a análise de risco de projetos de geração renovável.
O documento discute as ações e perspectivas da Petrobras em energias renováveis. A Petrobras vem investindo em biocombustíveis como etanol e biodiesel, além de energia eólica, solar, biomassa e hidrelétricas. Seu objetivo é aumentar a capacidade instalada de fontes renováveis para 240 MW até 2011.
1) Os biocombustíveis podem aumentar a renda agrícola e fortalecer economias rurais, criando mais empregos do que a indústria de petróleo.
2) O Brasil lidera a produção mundial de etanol e tem potencial para também liderar a produção de biodiesel.
3) A demanda global por energia continuará crescendo rapidamente, enquanto as reservas de petróleo declinam, criando uma lacuna que pode ser preenchida por biocombustíveis e outras fontes renov
1. O documento discute os aspectos energéticos da biomassa no Brasil e no mundo, analisando seu potencial como fonte de energia renovável e as barreiras à sua maior utilização.
2. A biomassa contribui atualmente com 11% da energia mundial e é a principal fonte em países em desenvolvimento, podendo diversificar a matriz energética brasileira e contribuir para o desenvolvimento sustentável.
3. São analisados os diversos tipos de aproveitamento da biomassa, como queima direta, extração de óleos e produção de bi
Novas fontes de energia e eficiência energética para evitar a catastrófica mu...Fernando Alcoforado
Independentemente das várias soluções que venham a ser adotadas para eliminar ou mitigar as causas do efeito estufa e da consequente mudança climática catastrófica global, a mais importante é sem dúvidas a adoção de medidas que contribuam para a eliminação ou redução do consumo de combustíveis fósseis na produção de energia, bem como para seu uso mais eficiente nos transportes, na indústria, na agropecuária e nas cidades (residências e comércio), haja vista o uso e a produção de energia serem responsáveis por 57% dos gases de estufa emitidos pela atividade humana. Neste sentido, é imprescindível a implantação de um sistema mundial de energia sustentável.
A participação das fontes renováveis na matriz energética coloca o Brasil em destaque no mundo. Projeções firmes mostram que essas fontes responderão pela maior parte da expansão da capacidade instalada nos próximos cinco anos. É grande o potencial do setor energético para impulsionar o crescimento do país e ajudar na sua transição para uma economia com menor emissão de gases de efeito estufa.
Com painéis sobre as energias hidrelétrica, eólica, solar e de biomassa, este seminário reunirá autoridades, especialistas e formuladores de políticas para discutir os desafios e oportunidades para a ampliação da oferta de energias renováveis e suas consequências para o desenvolvimento do país.
PALESTRANTE
Giovani Machado (Empresa de Pesquisa Energética - EPE)
Semelhante a Microdistillery Feasibility Study Brazil (20)
Desafios e oportunidades para as energias renováveis no Brasil - Giovani Mach...
Microdistillery Feasibility Study Brazil
1. Análise da viabilidade econômica da produção de bio-etanol
em microdestilarias
Adriano Garcia Rosado Júnior
Programa de Pós Graduação em Zootecnia – UFRGS
Av. Bento Gonçalves, 7712, 91 540 000 - Porto Alegre– RS
e-mail: adrianorosadojr@gmail.com
Hilton Machado Coelho
Programa de Pós Graduação em Engenharia de Minas, Metalurgia e Materiais – UFRGS
Av. Bento Gonçalves, 9500, 91 501 970 - Porto Alegre–RS
e-mail: coelho.hm@terra.com.br
Norton Ferreira Feil
Programa de Pós Graduação em Engenharia de Minas, Metalurgia e Materiais – UFRGS
Av. Bento Gonçalves, 9500, 91 501 970 - Porto Alegre–RS
e-mail: norton.feil@ufrgs.br
RESUMO:
A composição da matriz energética tem ocupado cada vez mais espaço nos meios
acadêmico e empresarial, com preocupações que vão dos efeitos ambientais e climáticos
a importância estratégica da energia no desenvolvimento econômico e social. Os bio-
combustíveis, por serem renováveis e menos poluidores que os combustíveis fósseis,
tornaram-se uma alternativa muito estudada e perseguida por vários países. No Brasil,
os biocombustíveis já são uma realidade, com projetos de grandes usinas controladas
por empresas com ações negociadas em bolsa de valores, sendo que o governo brasileiro
pretende que esta atividade se estenda ao pequeno produtor rural, como meio de gerar
renda e disseminar o desenvolvimento. Dentro desse objetivo, este trabalho analisa a
viabilidade econômica do projeto de uma micro-destilaria de álcool, com foco específi-
co na pequena propriedade rural, analisado tanto para operação em sistema de coopera-
tiva quanto por associação de produtores. Foi simulada também a opção do projeto fazer
parte de um modelo de produção dentro da grande propriedade rural. Para todas as op-
ções, foram simuladas duas alternativas de matéria-prima para abastecer a biodestilaria,
sendo uma composta de cana-de-açúcar mais sorgo sacarino e a outra de batata doce e
sorgo sacarino. A análise econômica foi realizada através da simulação de um fluxo de
caixa pelo período de dez anos, incluindo-se a tributação mais adequada a cada caso.
Diferentes níveis de financiamento do projeto também foram testados, com parâmetros
diferenciados entre pequena e grande propriedade. Foram calculados o VPL, a TIR, a
TIRM, o VAUE e o Pay-back do projeto. A alternativa 1 mostrou-se viável com ou sem
financiamento, enquanto a alternativa 2 só deve ser empregada na condição financiada
ou sob condições de uma maior remuneração pelo bio-etanol. Em relação às modalida-
des empresariais testadas, fica evidenciada a vantagem na utilização interna do bio-
etanol, simulada na grande propriedade, mesmo com maior custo de produção devido ao
acréscimo do custo da mão-de-obra. Quando o produto é comercializado com os distri-
buidores aos preços normalmente praticados no mercado, os indicadores econômicos
mostram inviabilidade ou baixa rentabilidade quando na ausência de financiamento,
exacerbando a necessidade de melhores preços como forma de viabilizar o projeto.
Palavras chave: biocombustíveis, empresa familiar, biodestilarias
1
2. 1. INTRODUÇÃO
1.1 Os biocombustíveis na matriz energética do Brasil e do mundo
O mundo atravessa um dos momentos mais dinâmicos na área de energia. O cres-
cimento da economia asiática liderada pela China e Índia com taxas de crescimento do
PIB na faixa de dois dígitos anuais tem questionado a capacidade do planeta em suprir a
demanda por matérias primas. O efeito psicológico dessa análise tem gerado uma gran-
de oscilação nos preços dos combustíveis e das commodities metálicas e agrícolas. Na
agenda da reunião dos países pertencentes ao G-8 que ocorreu no Japão em junho de
2008, com participação dos líderes dos países em desenvolvimento do G-5, a pauta ma-
térias-primas e alimentação foi tratada com maior interesse do que o controle de emis-
sões de CO2 e outras questões ambientais, até então centro das discussões em eventos
similares.
O etanol é um combustível considerado limpo e teria um enorme espaço para su-
prir parte da demanda de petróleo, com a vantagem de ser muito menos poluente. Essa
era a visão que os países desenvolvidos tinham até a elevação dos preços dos alimentos.
Com o aumento do preço dos produtos agrícolas, o conseqüente risco de inflação e pre-
ocupação com a escassez e a fome nos países pobres, o etanol passou a ser o vilão do
aumento dos preços da alimentação, por depender de área agricultável para a sua produ-
ção. Nesse momento ele está sendo questionado entre o benefício ao meio-ambiente e o
malefício do uso de terras que poderiam ser destinadas a produção de alimentos. O fato
é que o aumento do consumo de alimentos sempre foi suprido pelo aumento da produti-
vidade e o etanol, os poucos, deve ocupar espaço maior no mercado de combustíveis,
crescendo a sua liquidez como uma commodity negociada nas principais bolsas de mer-
cadorias do mundo como a BM&F (Quadro 1) e Bolsa Mercantil de Chicago.
Produto Número de Contratos Volume Contratos em
Negócios Negociados (Milhões R$) Aberto
Etanol Futuro 9 61 1.682 1.293
Quadro 1: Negócios de etanol na BM&F (semana 30/06-04/07/2008)
Quanto aos preços do etanol, eles dependem do preço do petróleo, o qual, assim
como os demais ativos e derivativos negociados em bolsa de valores, é sensível a um
grande número de variáveis e ambientes que interagem nos mercados: as taxas de cres-
cimento da economia mundial, os acontecimentos geopolíticos, as decisões de produção
e cotas da Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP), política de estoques
norte-americana, sazonalidade e capacidade de refinamento e transportes. O crescimen-
to econômico e a melhoria da qualidade de vida com aumento percentual das classes
média e alta geram maior consumo de energia, pressionando os estoques das matérias-
primas energéticas e determinando grande volatilidade nos preços. Apesar da crise imo-
2
3. biliária americana ser uma possibilidade de desaceleração da economia, poucos econo-
mistas se arriscam a apostar em recessão mundial prolongada, pois o novo arranjo eco-
nômico coloca novos players no mercado global como os membros do BRIC (Brasil,
Rússia, Índia e China), que poderão alavancar o consumo e compensar a queda ameri-
cana. Apesar de todos os dias a imprensa noticiar novas descobertas de reservas de pe-
tróleo, os preços tem subido em percentuais muito acima da inflação e a OPEP acena
com preços de até 200 dólares o barril para os próximos anos. Por outro lado, há os ana-
listas que defendem a possibilidade do preço retornar ao nível de 80 dólares o barril. É
esse cenário de incertezas e volatilidades que o biocombustível enfrentará para consoli-
dar sua posição no mercado mundial de energia.
Essa característica do mercado de combustíveis é histórica e foi o centro de gran-
des oscilações no crescimento e comportamento da economia, merecendo a atenção dos
maiores estudiosos da economia mundial. A preocupação com o futuro do petróleo se
estende a estudos como a interpretação da “curva de Hubbert”, geólogo americano que
em 1956 previu, com precisão, que o pico de produção americana de petróleo ocorreria
em 1970 (ROSA e GOMES, 2004). Seu estudo foi extrapolado para parâmetros mundi-
ais por seus seguidores, reunidos na Association for the Study of Peak Oil & Gas (As-
po), concluindo que o pico da produção de petróleo deverá ocorrer em poucos anos,
tornando crucial a questão da sua substituição como fonte de energia (Figura 1).
Figura 1: Produção de petróleo no mundo
NETO (2007) determinou as correlações existentes no mercado brasileiro de
combustíveis (Figura 2), encontrando uma correlação positiva de 0,69 entre os preços
físicos do álcool hidratado e do petróleo. Tal fato possibilita visualizar um cenário posi-
3
4. tivo aos produtores de álcool em relação aos preços futuros, influenciados por uma pos-
sível manutenção ou elevação do preço internacional do petróleo.
Figura 2: Análise gráfica entre os preços mensais do álcool hidratado (na bomba)
e os preços mensais da gasolina C (na bomba) – Índice = Janeiro 2004.
O Rio Grande do Sul é deficitário na produção de álcool, sendo que 98% do vo-
lume consumido no estado é importado de São Paulo e de outras regiões do Brasil. O
litro do produto chega a custos 42% acima do preço pago no centro do país. Segundo
relatório da Subcomissão da Cana-de-açúcar, do Álcool e do Etanol da Assembléia Le-
gislativa do RS (2007), há a necessidade premente de se saber se projetos de produção
de álcool poderão transformar-se em uma alternativa econômica e social, tecnicamente
viável ao setor primário do Rio Grande do Sul e contribuir para a auto-suficiência do
Estado em álcool, além da geração de emprego e renda. O relatório observa que, em
termos de oportunidade, o modelo paulista não serve para o estado, porque a estrutura
fundiária lá existente é diferente da encontrada no RS.
O relatório da Subcomissão também enfatiza a descoberta recente feita pela em-
presa Braskem, que anunciou o quot;primeiro polímero verde certificado do mundoquot;, feito a
partir do álcool de cana-de-açúcar. Com esta tecnologia é possível produzir plástico em
escala industrial, sem uso de petróleo, através da transformação do etanol saído da usi-
na, em etano e depois eteno, matéria-prima do plástico. Isto aumenta as possibilidades
de uso e também valoriza a cadeia do álcool com a agregação de valor ao produto. Com
4
5. a decisão da Braskem de instalar a sua planta petroquímica verde no Pólo Petroquímico
de Triunfo, aumenta o interesse em produzir álcool no estado.
Diante das limitações climáticas para a produção de cana-de-açúcar no RS e a
possibilidade de incluir a agricultura familiar na produção de biocombustíveis como
forma de aumentar a sua sustentabilidade, as alternativas também se voltam para outras
matérias primas, como a batata doce e a mandioca.
Uma nova realidade que passa a fazer parte do agronegócio são as máquinas agrí-
colas que utilizam o etanol como combustível principal, as quais já estão presentes no
mercado brasileiro e devem ter um aumento de participação significativo nos próximos
anos na frota nacional.
Este estudo tem por objetivo determinar a viabilidade econômica de biorefinarias
de pequeno porte para produção de bio-etanol em três diferentes modalidades empresa-
riais, sendo duas na pequena propriedade rural e uma terceira modalidade contemplando
a grande propriedade rural, utilizando a cana-de-açúcar e matérias-primas alternativas
como a batata doce e o sorgo sacarino, bem como determinar o efeito do financiamento
externo sobre o desempenho econômico do projeto.
1.2 Ferramentas utilizadas na análise econômica
1.2.1. Taxa Mínima de Atratividade (TMA)
A taxa mínima para aceitação do investimento (também conhecida como taxa de
desconto) é o elo entre as medidas de valor e a decisão, por considerar o valor do di-
nheiro no tempo e por refletir o custo de oportunidade dos recursos destinados ao inves-
timento. Para o patrocinador do investimento, em análise financeira, a taxa de desconto
recai em favor de uma taxa de juros associada a títulos sem risco, enquanto tal taxa de
desconto não incorporar margens para incertezas (MARCHETTI, 1995). Para o investi-
dor é a taxa mínima que ele busca obter com o investimento realizado. Para o tomador
de empréstimo é a taxa máxima que ele aceita pagar pelo financiamento.
1.2.2. Valor Presente Líquido (VPL)
Ainda segundo Marchetti (1995), o VPL revela uma expectativa de ganho de capi-
tal acima (se positivo) e abaixo (se negativo) do retorno mínimo esperado, considerado
na taxa de desconto. Recomenda-se a aceitação do empreendimento quando o valor pre-
sente líquido esperado for igual ou maior que zero e rejeita-se nos casos em que o VPL
for negativo, por não ser atrativo.
5
6. Tratando-se o VPL de uma medida de valor que requer a definição de uma taxa de
desconto, não há um único valor presente líquido, mas inúmeros, um para cada taxa de
desconto considerada. Entretanto, a uma taxa de desconto apropriada, o VPL é a medida
do mérito que oferece maior segurança na decisão, porque supõe que os fluxos gerados
possam ser reinvestidos à taxa de desconto considerada, e por levar em conta o investi-
mento inicial e seu custo de oportunidade. Calcula-se o VPL pela equação abaixo:
Onde:
VPL = Valor Presente Líquido
FCt = Fluxo de Caixa do período t (receitas – despesas)
FC0 = investimento inicial do projeto
i = taxa de desconto (TMA estabelecida pela empresa)
t (1; n) = período abrangido pelo projeto
O VPL considera no processo de cálculo o valor do investimento inicial e seu cus-
to alternativo. Em conseqüência, permite comparar alternativas de investimentos e esta-
belecer uma ordem de preferência, para escolha entre alternativas, e uma ordem métrica,
para indicar quanto uma alternativa é mais atrativa que outra. Essas características fa-
zem do VPL a medida do mérito mais aceitável para decisão em investimentos, que
melhor descreve o percentual de lucros de um investimento e mais consistente em con-
siderar a maximização dos lucros para a tomada de decisão.
1.2.3. Taxa Interna de Retorno (TIR)
É o método que nos permite encontrar a remuneração do investimento em termos
percentuais. Encontrar a TIR de um investimento é o mesmo que encontrar sua potência
máxima, o percentual de renumeração que o investimento oferece. Em termos práticos,
encontrar a TIR é encontrar a taxa de juros que permite igualar receitas e despesas na
data zero, transformando o Valor Atual do investimento em zero. Isto porque, ao deslo-
carmos os valores existentes no fluxo de caixa referentes a determinado investimento
para este momento, está-se, na verdade, extraindo daqueles valores os juros neles embu-
tidos desde a data zero até seu vencimento efetivo (Pilão & Hummel, 2003).
6
7. Seu cálculo não exige o emprego de uma taxa mínima de desconto. Contudo, para
decisão, deverá ser comparada a uma taxa de desconto, recomendando-se a aceitação do
investimento se a taxa interna de retorno esperada for igual ou maior que a taxa de acei-
tação definida. Da relação seguinte, obtém-se a TIR.
Onde:
r = taxa interna de retorno (TIR)
O emprego da TIR em decisões está associado a algumas desvantagens. Conside-
rando que somente em casos raros a TIR representará a taxa de re-inversão dominante,
não fica assegurado que os fluxos excedentes esperados possam ser reinvestidos à mes-
ma taxa TIR, senão a uma taxa inferior. Em outra consideração, mais de uma TIR pode
ser obtida de um mesmo fluxo de caixa quando os fluxos líquidos envolverem duas ou
mais inversões de sinal.
A taxa interna de retorno (TIR), por ser expressa em percentagem, é de mais fácil
visualização e interpretação. A TIR é suficiente para decidir a aceitação ou rejeição de
um empreendimento isolado, mas não é suficiente quando se tratar da escolha entre vá-
rias alternativas. Neste último caso, deixa de ser medida satisfatória. A TIR mais eleva-
da não mostra sempre a melhor escolha, pois a maior taxa nem sempre significa a maior
retorno financeiro, sem considerar o VPL. O tamanho das alternativas comparadas foi
eliminado no processo de cálculo (MARCHETTI, 1995).
1.2.4. Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRM)
É outro método que tenta eliminar os problemas da TIR tradicional, desenvolvido
por Kassai (1996). O método tem quatro etapas: (i) definição da taxa de re-investimento
e da taxa de financiamento; (ii) descapitalização dos fluxos de caixa negativos através
da taxa de financiamento; (iii) capitalização dos fluxos de caixa positivos através da
taxa de re-investimento e (iv) cálculo da TIRM como a taxa de desconto que iguala os
dois valores. O método considera que a empresa dispõe inicialmente de todo capital
necessário para o projeto, investindo-o à taxa de financiamento até que o mesmo seja
necessário. Como esta taxa é inferior à taxa de re-investimento do capital, a TIRM é o
modelo que apresenta o menor valor para a rentabilidade do projeto.
7
8. Deve-se ter cautela na determinação das taxas de aplicação e financiamento, pois
valores equivocados podem alterar significativamente os resultados finais da análise. O
método da TIRM, embora seja mais real financeiramente, dificulta o entendimento dos
resultados por parte dos gestores, não sendo, por isso, tão utilizado como a TIR tradi-
cional (Eder et al., 2004).
1.2.5. Pay-back
O método do pay-back representa o período de recuperação do investimento inici-
al. É obtido calculando-se o número de anos que será necessário para que os fluxos de
caixa futuros acumulados igualem o montante investido inicialmente no projeto. Uma
vez determinado, se este prazo de recuperação for um período aceitável pelos proprietá-
rios, então o projeto será efetivado, caso contrário será descartado (FONSECA, 2008).
Este método é aplicado de duas formas: pay-back simples e pay-back descontado.
A principal diferença entre os dois é que o pay-back descontado considera o valor tem-
poral do dinheiro, ou seja, atualiza os fluxos futuros de caixa a uma taxa de aplicação no
mercado financeiro ou a uma TMA específica, trazendo os fluxos a valor presente, para
depois calcular o período de recuperação.
A simplicidade no uso deste critério é tal que um grande número de empresas ain-
da o utiliza, muitas vezes como único critério de seleção de investimentos. O falho neste
fato é utilizá-lo como um critério de rentabilidade, quando na verdade, ele se caracteriza
mais como uma medida de liquidez do capital investido em um projeto (Galesne, 1999).
1.2.6. Valor Anual Uniforme Equivalente (VAUE)
Este método consiste em achar a série uniforme anual (ou de outro período) equi-
valente ao fluxo de caixa dos investimentos à Taxa de Mínima Atratividade (TMA), ou
seja, acha-se a série uniforme equivalente a todos os custos e receitas para cada projeto
utilizando-se a TMA. O melhor projeto é aquele que tiver o maior saldo positivo (PI-
LÃO & HUMMEL, 2003).
Onde:
VAUE = Valor Anual Uniforme Equivalente (série anual)
8
9. VPL = Valor Presente Líquido
r = taxa de desconto (TMA estabelecida pela empresa)
t (1; n) = período abrangido pelo projeto
2. METODOLOGIA
O estudo foi estruturado de forma a testar a viabilidade econômica de biorefinari-
as de pequeno porte em duas modalidades empresariais na pequena propriedade rural,
baseada na mão-de-obra familiar, com os produtores organizando-se em forma de coo-
perativa ou de associação. Uma terceira modalidade alternativa contempla a grande pro-
priedade rural, utilizando mão-de-obra contratada, com o objetivo de obter a auto-
suficiência em combustíveis para suas máquinas. Em todas as modalidades serão avali-
adas a utilização da cana-de-açúcar e matérias-primas alternativas como a batata doce e
o sorgo sacarino, bem como o efeito do financiamento externo sobre o desempenho e-
conômico do projeto.
Para a realização da análise econômica, foi determinado o fluxo de caixa a ser ge-
rado pelo projeto em questão para um período de 10 anos, através de um levantamento
de todas as despesas e receitas geradas desde a produção da matéria-prima até a venda
do produto final, nas diferentes modalidades empresariais simuladas.
Na área agrícola, foram utilizados padrões de produtividade descritos na literatura
e valor dos insumos de produção para as condições do Rio Grande do Sul. Da mesma
forma, o valor dos equipamentos e instalações necessárias (investimento inicial) foi ob-
tido junto a fornecedores sediados no Estado.
2.2. Parâmetros adotados na simulação
2.2.1. Parâmetros agrícolas
Foram definidas duas alternativas de produção de matéria-prima para abastecer a
destilaria, respeitando as características agronômicas das culturas consideradas no estu-
do. Para a produção no segundo semestre do ano simulou-se tanto a utilização da cana-
de-açúcar como da batata doce, e para o primeiro semestre o uso do sorgo sacarino.
Desta forma, duas combinações são possíveis durante o ano, de acordo com o período
de colheita de cada cultura, conforme o Quadro 2.
Alternativa Colheita JAN a MAI Colheita JUN a NOV
1 Sorgo sacarino Cana-de-açúcar
2 Sorgo sacarino Batata doce
Quadro 2: Alternativas de produção de matéria-prima
9
10. No mês de dezembro não há produção em função do término da colheita das cul-
turas de inverno e da cultura de verão não ter atingido o estágio ideal de colheita.
Apesar da produtividade média das lavouras de cana-de-açúcar no RS em 2007 ter
sido de 36,9 ton/ha (CONAB, 2007), há estudos mostrando que com tratos culturais
adequados é possível facilmente atingir patamares de produção entre 60 e 70 ton/ha
(EMATER/ASCAR), dependendo da região (Figura 3). Neste estudo foi considerada
uma produtividade inicial de 70 ton/ha, com decréscimo de 10% ao ano até o quinto
ano, com renovação do canavial no 6° ano. Os custos de implantação e manutenção da
lavoura de cana-de-açúcar estão expressos no Quadro 3.
Cana-de-açúcar Custos de Implantação Custos de Manutenção (anuais)
Quant.
Unidade / ha Valor Unit. Valor Total
INSUMO Quant. / ha Valor Unit. Valor Total
Mudas/sementes ton 10 R$ 70,00 R$ 700,00
Calcáreo ton 3 R$ 70,00 R$ 210,00
Fertlizante de base ton 0,4 R$ 1.500,00 R$ 600,00 0,2 R$ 1.500,00 R$ 300,00
Uréia ton 0,2 R$ 1.600,00 R$ 320,00 0,2 R$ 1.600,00 R$ 320,00
Herbicida litros 3 R$ 40,00 R$ 120,00 3 R$ 40,00 R$ 120,00
Máquinas hora máq. 6 R$ 50,00 R$ 300,00 2 R$ 50,00 R$ 100,00
TOTAIS R$ 2.250,00 R$ 840,00
Fonte: USI – Usinas Sociais Inteligentes
Quadro 3: Custos de implantação e manutenção para cana-de-açúcar
Figura 3: Mapa de Potencial de Produção de Cana do RS (Fonte: CTC-2005)
10
11. O sorgo sacarino tem sido avaliado como alternativa de matéria-prima às micro-
destilarias durante o verão (RIBEIRO FILHO et al., 2007). Algumas características pe-
culiares o habilitam como cultura com grande potencial energético, quais sejam: planta
de ciclo curto, bom rendimento em colmos ricos em açúcares, tolerância a períodos de
seca, além de poder ser cultivada em todo o centro-sul bem como na maioria das regiões
do Brasil. Além dos colmos, permite a produção de grãos, que poderão ser utilizados na
alimentação animal ou para outras finalidades (TEIXEIRA et al.,1997). Para efeito de
análise, neste trabalho considerou-se uma produtividade média do sorgo sacarino de 45
ton/ha de colmos e 3 ton/ha de grãos, em dois cortes.
A batata doce é uma cultura tipicamente cultivada em pequenas propriedades ru-
rais do RS, o qual é o maior produtor do Brasil. Com boas condições agronômicas, as
lavouras podem atingir facilmente produtividades de 35 ton/ha (KROTH), sendo este o
parâmetro considerado nas análises. Os custos de implantação das lavouras de sorgo
sacarino e batata doce utilizados no trabalho estão expressos no Quadro 4. Por se tratar
de culturas anuais, não há custo de manutenção.
Custos de Implantação Batata Doce Sorgo Sacarino
Quant.
Unidade / ha Valor Unit. Valor Total Quant. / ha Valor Unit.
INSUMO Valor Total
Mudas/sementes kg 30 R$ 4,00 R$ 120,00 8 R$ 10,00 R$ 80,00
Calcáreo ton 3 R$ 70,00 R$ 210,00 3 R$ 70,00 R$ 210,00
Fertlizante de base ton 0,4 R$ 1.500,00 R$ 600,00 0,4 R$ 1.500,00 R$ 600,00
Uréia ton 0,1 R$ 1.600,00 R$ 160,00 0,3 R$ 1.600,00 R$ 480,00
Herbicida litros 2 R$ 30,00 R$ 60,00
Fungicida litros 1 R$ 60,00 R$ 60,00
Máquinas hora máq. 6 R$ 50,00 R$ 300,00 3 R$ 50,00 R$ 150,00
TOTAIS R$ 1.450,00 R$ 1.760,00
Fonte: USI – Usinas Sociais Inteligentes
Quadro 4: Custos de implantação para Batata doce e Sorgo sacarino
Após o levantamento dos custos de lavoura, foi montado um fluxo de despesas a-
grícolas para o período de 10 anos, no qual se agregou re-aplicações de calcáreo no 4° e
7° ano. Também se estimou a produtividade média de cada cultura ao longo do período
do projeto e o custo por tonelada produzida (Quadro 5).
11
12. CUSTO POR ANO DO PROJETO (R$)
Médias
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Cultura
Cana-de-açúcar 2.250,00 840,00 840,00 1.050,00 840,00 2.040,00 1.050,00 840,00 840,00 840,00 1.143,00
Sorgo Sacarino 1.580,00 1.370,00 1.370,00 1.580,00 1.370,00 1.370,00 1.580,00 1.370,00 1.370,00 1.370,00 1.433,00
Batata Doce 1.450,00 1.240,00 1.240,00 1.450,00 1.240,00 1.240,00 1.450,00 1.240,00 1.240,00 1.240,00 1.303,00
PRODUTIVIDADE POR ANO DO PROJETO (ton/ha)
Cana-de-açúcar 70 63 56,7 51 46 70 63 56,7 51 46 57,3
Sorgo Sacarino 45 45 45 45 45 45 45 45 45 45 45,0
Batata Doce 35 35 35 35 35 35 35 35 35 35 35,0
CUSTO POR TONELADA PRODUZIDA (R$)
Cana-de-açúcar 32,14 13,33 14,81 20,58 18,29 29,14 16,67 14,81 16,46 18,29 19,94
Sorgo Sacarino 35,11 30,44 30,44 35,11 30,44 30,44 35,11 30,44 30,44 30,44 31,84
Batata Doce 41,43 35,43 35,43 41,43 35,43 35,43 41,43 35,43 35,43 35,43 37,23
Quadro 5: Produtividade, custos totais anuais e custo por tonelada produzida
2.2.2. Parâmetros da microdestilaria
Para esta simulação adotou-se como equipamento padrão uma microdestilaria
com capacidade de produção de 35 litros/hora de bio-etanol a 94° GL, utilizando tanto a
sacarose como o amido como substrato, em funcionamento sob um sistema de fluxo
contínuo, ou seja, os processos de hidrolização, sacarificação e fermentação ocorrem
simultaneamente com utilização de enzimas a frio e leveduras, em temperaturas na faixa
de 28ºC à 32ºC (Figura 4). Nesta simulação as fontes de sacarose consideradas foram a
cana-de-açúcar e o sorgo sacarino e a fonte de amido, a batata doce.
Para este nível de produção, a destilaria consome 340 litros/hora de mosto (mate-
rial fermentado e pronto para a destilação), sendo este o referencial utilizado para defi-
nir a necessidade de produção de matéria-prima, considerando a produção de mosto por
tonelada de produto e produtividade por hectare cultivado, originando na combinação
dos dados, a necessidade de área de lavoura para cada cultivo e seus respectivos custos.
Os custos de manutenção de equipamentos foram estipulados a partir de um per-
centual anual crescente com o avanço da vida útil, dividido em três períodos: 1° ao 3°
ano; 4° ao 7° ano e do 8° ao 10° ano, conforme dados do fabricante para cada equipa-
mento.
12
13. Figura 4: Esquema de produção de álcool etílico hidratado a partir de fontes de
amido e sacarose, geração de subprodutos e suas possíveis destinações.
A determinação dos principais custos operacionais, sua quantificação e valoriza-
ção foram calculados em R$/hora de funcionamento. Exceção fez-se ao cálculo para
enzimas e leveduras para as quais se utilizou como parâmetro a quantidade necessária
por tonelada de matéria-prima utilizada no processo (Quadro 6).
No caso da alternativa 1, durante os meses de utilização de cana-de-açúcar, 90%
da lenha será substituída pela queima do bagaço. Mesmo com este uso, há um excedente
de bagaço na ordem de 80% do total produzido. O bagaço de sorgo não será considera-
do como alternativa energética em função de seu maior teor de água (dificuldade de
combustão), sendo que seu aproveitamento deverá ser feito com alternativas suplemen-
tares ao projeto como alimentação animal ou fertilização (compostagem).
O tempo de processamento da matéria-prima foi calculado conforme a capacidade
dos equipamentos, requerendo-se 3,4 horas diárias tanto para a cana-de-açúcar como
para o sorgo sacarino (moagem) e 3,1 horas para a batata-doce (limpeza e trituração),
ficando o restante do tempo diário disponível destinado à colheita do material. Em rela-
ção ao processo de destilação, é necessário que uma pessoa permanentemente monitore
a operação durante as 12 horas projetadas para o funcionamento. No total, estima-se que
pelo menos 3 pessoas devam dedicar-se integralmente à microdestilaria.
A vinhaça resultante da destilação foi qualificada quanto à sua composição em
macronutrientes (N, P e K) e valorizada pelos preços atuais destes nutrientes como ferti-
13
14. lizantes agrícolas. Foi considerado o seu uso como substituto parcial na fertilização das
áreas agrícolas e seu valor equivalente deduzido das despesas com adubação.
Descrição Unidade Quantidade Valor uni- Valor total
tário (R$) (R$)
Energia elétrica destilaria kw/ hora 4,17 0,23* 0,95
Energia elétrica limpeza kw/ hora 2,2 0,23* 0,50
Energia elétrica moagem kw/ hora 3,17 0,23* 0,73
Energia elétrica trituração kw/ hora 2,2 0,23* 0,50
Lenha para caldeira 0,03 70,00 2,15
m³ / hora
Enzimas** l / ton de MP 0,85 13,77 11,70
Leveduras kg/ton de MP 0,5 6,00 3,00
*Valor do kw/hora em área rural (Fonte: AES Sul)
** Utilizada somente quando a matéria prima for a base de amido, no caso, a batata doce
Legenda: MP= matéria-prima
Quadro 6: Descrição dos custos operacionais da microdestilaria (Fonte: USI- Usi-
nas Sociais Inteligentes)
2.2.3. Parâmetros econômicos
O projeto foi avaliado para um horizonte de 10 anos, com inflação considerada
homogênea. Foi estipulada uma Taxa Mínima de Atratividade (TMA) de 8% ao ano
(aa), baseada na remuneração garantida pelo governo Federal através da Poupança, que
remunera o capital a 6% aa mais a Taxa Referencial (TR), que repõe a inflação.
O custo da destilaria e dos equipamentos necessários para preparação da matéria-
prima (limpeza, moagem e trituração), bem como das instalações (galpão pré-moldado
de 100 m²), foram depreciados em 10 anos, sem valor residual. Foi definido um valor de
mercado final de 10% para os todos os equipamentos, exceção à coluna de destilação
para a qual se considerou 30% do valor inicial em função da qualidade do material de
sua constituição (aço inox). Este valor foi considerado como uma receita no décimo ano
(encerramento do projeto) e submetido à tributação de imposto de renda.
Quanto às máquinas agrícolas necessárias ao cultivo dos produtos que serão usa-
dos como matéria-prima, trabalhou-se com a pré-existência das mesmas na propriedade
e seu compartilhamento com outras atividades, não sendo incluídas no montante de in-
vestimento inicial e, portanto, não gerando créditos de depreciação para efeitos fiscais.
Entretanto, o projeto custeará as despesas com manutenção destas máquinas, calculadas
pelo mesmo critério previamente citado para os equipamentos da destilaria.
No caso da pequena propriedade rural, toda a mão-de-obra envolvida na operacio-
nalização das atividades foi considerada como existente na(s) propriedade(s), não ha-
14
15. vendo a existência de vínculos empregatícios no processo, sendo sua remuneração pro-
veniente dos lucros do negócio, além de um valor em pró-labore equivalente a um (01)
salário mínimo nacional por pessoa envolvida na operacionalização da usina (moagem e
destilação), como custo de oportunidade do trabalho. Na modalidade da grande empresa
rural, considerou-se o uso de mão-de-obra contratada, remunerada pelo salário mínimo
nacional, acrescidos dos encargos trabalhistas da ordem de 101,81%, conforme legisla-
ção vigente no país (Manual da Legislação Trabalhista).
Quanto ao custo de utilização da terra, não foi considerado um valor específico,
devendo esta ser remunerada pelo lucro líquido da atividade.
Após a montagem do fluxo de caixa, foram calculados o Valor Presente Líquido
(VPL), a Taxa Interna de Retorno (TIR) e a Taxa Interna de Retorno Modificada
(TIRM), o Valor Anual Uniforme Equivalente (VAUE) além do período de Pay-back
(descontado) do projeto, todos para cada uma das modalidades empresariais combinadas
com as duas alternativas de produção.
2.2.4. Financiamento do projeto
Outro aspecto importante a ser considerado, principalmente em se tratando de a-
gricultura familiar, são a existência de linhas de financiamento e seus respectivos custos
para viabilizar a implantação de projetos de maior envergadura em relação ao fluxo fi-
nanceiro habitual da pequena propriedade rural. A situação sem financiamento foi a
base para avaliar os indicadores econômicos do projeto em si, remunerando todo o capi-
tal necessário para a sua implantação, enquanto na modalidade financiada foi avaliado o
benefício proporcionado pelo uso de recursos externos nas atuais condições disponíveis
no mercado para a agricultura familiar e empresarial.
Para a pequena propriedade, foi considerado o uso de duas linhas de crédito
(PRONAF - Programa Nacional de Agricultura Familiar, exercício 2008/2009), sendo
uma para custeio (1 ano de prazo e juros de 2,0% ao ano), a qual foi fixada em 90% da
necessidade anual, e outra para investimento (10 anos de prazo, 3 anos de carência e
juros de 2,0% ao ano), que foi avaliada, inicialmente, em dois extremos: zero e 90%
(percentual máximo permitido) do valor total necessário. O limite atual por família para
estas linhas de crédito é de R$100.000,00 ao ano, o que requer a formação de associa-
ções familiares para a implantação do projeto, o qual excede este limite de investimento.
Tal associação é permitida pelo sistema PRONAF, além de ser benéfica no sentido de
atingir a área agrícola necessária para a produção de matéria-prima à agroindústria,
comprometendo apenas uma parte da área de cada família com as culturas destinadas à
produção de álcool.
No caso da grande propriedade rural, os juros considerados foram de 6,75% a.a.
tanto para investimento como para custeio (Ministério da Agricultura e Abastecimento -
15
16. MAPA, Plano Safra 2008/09), nas mesmas condições de uso simuladas para a pequena
propriedade.
2.2.5. Estimativas de receitas
A formação do preço do álcool sofre forte influência da colheita da cana-de-
açúcar no Brasil central, principalmente em São Paulo, maior produtor nacional, o que
causa uma flutuação sazonal típica dos preços pagos ao produtor, com decréscimo no
preço no segundo semestre do ano. Neste trabalho foi considerada a média mensal de
preços líquidos praticada no estado de SP (CEPEA) pagos ao produtor no ano de 2007,
acrescidos de 20% de diferencial no RS em relação àquele estado, decorrentes dos cus-
tos adicionais com frete e impostos para a importação do produto (Quadro 7). Este valor
percentual foi estimado após levantamento de preços praticados por produtores e distri-
buidores locais (RS). Considerou-se que a produção de álcool será comercializada no
mês de produção, sem estocagem para venda na entre-safra.
Mês JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
0,85 0,80 0,86 0,94 0,72 0,58 0,58 0,58 0,58 0,58 0,72 0,74
SP*
1,02 0,96 1,04 1,13 0,87 0,70 0,70 0,69 0,69 0,69 0,86 0,89
RS**
*Fonte: Cepea / Esalq ** Estimativa (+ 20%)
Quadro 7: Valores líquidos pagos ao produtor pelo litro de álcool hidratado com-
bustível (94° GL) em São Paulo (SP) e no Rio Grande do Sul (RS)
No caso da grande propriedade, em não havendo comercialização, foi considerado
como receita o volume produzido multiplicado pelo valor praticado pelo TRR (Trans-
portador Revendedor Retalhista) ao produtor, o qual foi estipulado em 85% do preço
médio de bomba praticado no RS no ano de 2007 (ANP), conforme levantamento reali-
zado pelos autores junto a distribuidores locais (Quadro 8).
Valor médio do álcool hidratado combustível no RS (2007) * R$ 1,743
Valor praticado pelos TRR’s no RS para o álcool hidratado combustível
R$ 1,482
(2007) **
*Fonte: ANP ** Estimativa (85%)
Quadro 8: Preços médios para o álcool hidratado utilizados na simulação
Para efeito de comparação, foi simulada uma alternativa na qual a cooperativa ou
a associação de pequenos produtores possam utilizar todo o bio-etanol produzido dentro
de suas próprias propriedades ou vendê-lo diretamente a outros produtores (possibilida-
16
17. de ainda não permitida pela legislação atual). Neste caso, foi utilizado o valor praticado
pelas TRR’s (R$ 1,482) como preço de comercialização.
2.3. Impostos e carga tributária.
Neste trabalho, para cada modalidade empresarial aplicou-se uma alternativa de
tributação diferenciada, considerando a necessidade de constituição de pessoa jurídica
como forma de comercializar o produto.
No caso de formação de uma cooperativa de produção, a simulação prevê que os
produtores associados transferem a matéria-prima à cooperativa pelo valor correspon-
dente ao custo de produção, sendo que será recolhido 2,3% sobre o valor desta transa-
ção, referente ao Funrural, a cargo da cooperativa. Ainda nesta modalidade empresarial,
os impostos federais PIS e COFINS não incidirão sobre o valor de comercialização do
álcool, fato somente possível nos casos em que toda a matéria-prima utilizada pela usina
for proveniente de sócios da cooperativa, caracterizando um ato cooperativado, estando
também isenta de recolhimento de Imposto de Renda.
Quando a opção empresarial for a associação de produtores, adotou-se a tributa-
ção via o sistema Simples Nacional, conforme as faixas e alíquotas vigentes no país
(Quadro 9).
Receita bruta Alí- IRPJ CSLL COFINS PIS / INSS ICMS IPI
em 12 meses quota PASEP
(R$) (%)
Até 4,50 0,00 0,21 0,74 0,00 1,80 1,25 0,50
120.000,00
120.000,00 a 5,97 0,00 0,36 1,08 0,00 2,17 1,86 0,50
240.000,00
240.000,00 a 7,34 0,31 0,31 0,95 0,23 2,71 2,33 0,50
360.000,00
Quadro 9: Tabela do Simples Nacional (2008) – Fonte: Receita Federal
No caso da grande empresa rural, não haverá incidência de impostos em função de
não haver comercialização do produto com terceiros, sendo todo o bio-etanol produzido,
utilizado internamente na empresa.
A compilação de todas as despesas operacionais permitiu a construção do fluxo
esperado de desembolso durante os 10 anos de avaliação para todas as modalidades em-
presariais e as alternativas de produção. Este fluxo será complementado com as despe-
sas de amortização e custo financeiro de capital externo nas modalidades financiadas,
além dos valores referentes a pró-labore ou salários e encargos trabalhistas, compondo
desta forma o total de despesas do projeto.
17
18. 2.4. Análise de sensibilidade
Com o objetivo de identificar o efeito da variação dos principais parâmetros eco-
nômicos e técnicos que afetam o negócio foi efetuada a análise de sensibilidade para
valor do investimento total, custo operacional, produtividade agrícola e percentual de
financiamento do projeto. As análises foram efetuadas para a pequena propriedade no
sistema cooperativista, utilizando a alternativa de produção 1 (cana-de-açúcar e sorgo
sacarino) como referência. Também se analisou o efeito do aumento do uso interno do
bio-etanol pelos produtores cooperados, em substituição à venda do produto, sobre os
indicadores econômicos.
3. RESULTADOS e DISCUSSÃO
3.1. Custos de produção
A produção total possível nos 11 meses de operação com o equipamento e regime
de trabalho simulados foi de 106.260 litros de álcool (94° GL), sem variação em relação
à alternativa de produção devido ao fato de ter sido considerada a capacidade máxima
da usina, independente da matéria-prima utilizada. A área necessária de acordo com os
parâmetros de produtividade e tempo de operação simulados foi de 31,5 e 27,5 hectares
para as alternativas 1 e 2, respectivamente. Dependendo da área média das propriedades
na região de implantação de uma bio-refinarias, um maior número de unidades pode ser
necessário para atingir a produção necessária (Quadro 10), sem comprometer as demais
atividades de cada família. Este fator pode ser considerado de menor importância na
grande propriedade rural.
Consumo Anual de Matéria-prima (ton) Alt. 01 Alt. 02
Cana-de-açúcar 804 0
Sorgo sacarino 782 782
Batata doce 0 352
Quadro 10: Necessidade anual de matéria-prima de acordo com a alternativa de
produção
O custo médio de produção do bio-etanol foi influenciado diretamente pelo tipo
de matéria-prima utilizada, sendo que os principais fatores são o custo da tonelada pro-
duzida (que tem relação direta com a produtividade), o tipo de processamento (tritura-
ção ou moagem), a necessidade de digestão enzimática (no caso do amido) e o rendi-
mento de álcool por tonelada processada (Quadro 11). Quando a análise de custo é feita
individualmente para cada matéria-prima, somando-se apenas os valores referentes aos
insumos agrícolas, processamento e destilação em cada caso, observa-se que a cana-de-
18
19. açúcar produz o álcool mais barato em função do baixo custo da matéria-prima, por
diluir o investimento de implantação em 5 anos, além do bom rendimento na destilação.
A batata doce compensa o seu alto custo de produção agrícola pelo maior rendimento de
álcool, pois para cada tonelada processada (triturada) adiciona-se 600 litros de água para
diluição, aumentando a produção de mosto a ser fermentado. Uma desvantagem desta
matéria-prima é a necessidade do uso de enzimas para o processo de sacarificação (di-
gestão do amido), as quais atualmente são importadas pelo Brasil, incrementando signi-
ficativamente o custo de produção, além de requerer um maior tempo de fermentação (5
dias), aumentando a necessidade de dornas em relação ao uso de matérias-primas forne-
cedoras de sacarose (fermentação em 3 dias). O sorgo sacarino apresentou o mais alto
custo para o álcool, mesmo considerando-se a receita adicional proporcionada pelos
grãos produzidos durante o ciclo, resultado da combinação dos custos de uma lavoura
anual com um menor rendimento por hectare. Porém, seu uso é altamente justificável,
pois produz em um período de entressafra do álcool no Brasil, onde o produtor conse-
gue melhores preços pelo bio-etanol, além de evitar a ociosidade da destilaria, diluindo
seus custos fixos.
Custo de produção da matéria-prima R$/ton
19,94
Cana-de-açúcar
31,84
Sorgo sacarino
37,23
Batata doce
l / ton
Produção de álcool / ton de matéria-prima
Cana-de-açúcar 72
62
Sorgo sacarino
165
Batata doce
Custo parcial do álcool (matéria-prima + processamento
+ destilação) R$ / l
0,35
Cana-de-açúcar
Sorgo sacarino 0,56
0,46
Batata doce
Quadro 11: Produtividade e custos parciais de produção do álcool de acordo com
a matéria-prima utilizada
A utilização de capital externo aumentou os custos em ambas alternativas de pro-
dução e em todas as modalidades empresariais, mesmo com custos financeiros reduzi-
dos em função das baixas taxas de juros. Porém, o uso do financiamento pode viabilizar
a implantação do projeto, especialmente na pequena propriedade rural.
A modalidade empresarial também influenciou o custo, principalmente em função
da mão-de-obra, o que tornou a modalidade “grande propriedade rural” a de maior custo
19
20. de produção, pois nesta modalidade existe a necessidade de recolhimento dos encargos
trabalhistas por haver vínculo empregatício. Mesmo com o recolhimento do Funrural
sobre a transferência da matéria-prima do associado à cooperativa, esta modalidade
mostrou-se a mais eficiente em relação aos custos de produção. Também a carga tributá-
ria contribuiu para uma leve diferença entre o sistema cooperativista e a associação de
produtores, a qual recolhe tributos pelo Simples Nacional (Quadro 12). Mesmo sendo
pequena, esta diferença causa impacto nos indicadores econômicos.
Custo Bio-etanol (R$/litro)
Alternativa 1 Alternativa 2
% Financiamento Inv. 90% 0% 90% 0%
Cooperativa 0,658 0,641 0,718 0,700
0,661 0,643 0,714 0,696
Associação
0,881 0,821 0,936 0,876
Grande Propriedade
Quadro 12: Custo de produção do bio-etanol em função da alternativa de produ-
ção, modalidade empresarial e nível de financiamento externo
3.2. Fluxo de caixa
O investimento total requerido para implantação do projeto foi de R$ 149.880,00,
sendo que 19,2% desde valor foi recuperado ao final do projeto, como valor residual.
O fluxo de caixa gerado pela alternativa 1 apresenta maiores flutuações no resul-
tado líquido do caixa, em função dos investimentos pontuais de implantação e renova-
ção do canavial. Já a alternativa 2 mostrou um fluxo de caixa mais homogêneo ao longo
do período de duração do projeto, devido ao caráter anual das culturas para produção de
matéria-prima (sorgo e batata-doce).
Na modalidade financiada o fluxo mostra claramente o impacto do início da amor-
tização do investimento inicial a partir do 4° ano, além do custo financeiro sobre o capi-
tal externo, combinação que reduz os valores do resultado líquido anual, chegando a ser
negativo ao 4º e 7º ano na alternativa 2 e ao 6º ano na alternativa 1, tanto sob o regime
de cooperativismo como na associação de produtores.
No modelo da grande propriedade rural não ocorreram fluxos negativos devido às
receitas projetadas serem bem superiores ao dos modelos para a pequena propriedade.
Importante salientar que estas receitas são caracterizadas por uma supressão de despesas
com compra de combustível, não existindo entrada real de caixa.
A representação gráfica dos fluxos está expressa nos Quadros 13 a 16. A demons-
tração do fluxo gerado para a cooperativa de produtores com a alternativa 1 e 90% de
financiamento para investimento consta no Quadro 17, como exemplo dos fluxos mon-
tados para todas as possibilidades testadas.
20
21. 100.000,00 150.000,00
100.000,00
50.000,00
50.000,00
0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
R$
R$
0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
-50.000,00
-50.000,00
-100.000,00
-100.000,00
ELC com financiamento ELC sem financiamento ELC com financiamento ELC sem financiamento
-150.000,00 -150.000,00
Quadro 13: Fluxo de caixa Alternativa 1 / Cooperativa Quadro 14: Fluxo de caixa Alternativa 1 / Grande propriedade
100.000,00 150.000,00
100.000,00
50.000,00
50.000,00
0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
R$
R$
0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
-50.000,00
-50.000,00
-100.000,00
-100.000,00
ELC com financiamento ELC sem financiamento ELC com financiamento ELC sem financiamento
-150.000,00 -150.000,00
Quadro 15: Fluxo de caixa Alternativa 2 / Cooperativa Quadro 16: Fluxo de caixa Alternativa 2 / Grande propriedade
21
23. 3.3. Indicadores Econômicos
3.3.1. Pay-back e VAUE
Quando analisamos o projeto pela óptica do tempo de retorno do investimento ini-
cial (pay-back), o financiamento causa mudanças significativas neste indicador em fun-
ção de diminuir a necessidade de capital próprio, o qual retorna rapidamente ao produtor
na condição simulada com 90% do valor inicial com capital externo, auxiliado pelo pe-
ríodo de carência (3 anos). Há de se considerar que fica o compromisso de amortização
deste recurso e seu custo financeiro, os quais aparecem como despesas no fluxo de cai-
xa. A alternativa de produção também afetou o período de pay-back devido à diferença
de rentabilidade existente entre elas, sendo que a alternativa 2 na ausência de financia-
mento não recuperou o capital investido na modalidade associação de produtores duran-
te o período de avaliação do projeto e ficando no limite na modalidade cooperativa
(Quadro 17).
Pay-back Descontado (anos)
Alt. 1 Alt. 2
% Financiamento Inv. 90% 0% 90% 0%
Cooperativa 1,2 7,9 1,1 9,9
1,3 9,4 1,3 -
Associação
0,5 2,5 0,3 2,7
Grande Propriedade
Quadro 17: Pay-back descontado para as diferentes modalidades empresariais e
níveis de financiamento
Apresentando comportamento proporcional ao VPL, o VAUE mensal mostrou-se
menor nas modalidades sem financiamento e na alternativa 2, chegando a ser negativo
na associação de produtores (Quadro 18). O mesmo acontece na análise do VAUE por
ha/ano, a exceção da modalidade grande empresa rural, na qual a alternativa 2 foi supe-
rior devido a menor utilização de área cultivada e maior remuneração pelo produto
(Quadro 19).
VAUE Mensal
Alt. 1 Alt. 2
% Financiamento Inv. 90% 0% 90% 0%
Cooperativa 1.022,51 525,86 537,11 40,47
674,05 177,41 244,04 -252,61
Associação
4.109,62 4.006,15 3.661,55 3.558,08
Grande Propriedade
Quadro 18: VAUE para as diferentes modalidades empresariais, alternativas de
produção e níveis de financiamento
23
24. VAUE/ha/ano
Alt. 1 Alt. 2
% Financiamento Inv. 90% 0% 90% 0%
Cooperativa 390,67 200,92 234,96 17,70
257,54 67,78 106,75 -110,50
Associação
1.570,18 1.530,65 1.601,72 1.556,46
Grande Propriedade
Quadro 19: VAUE anual por hectare (ha) para as diferentes modalidades empresa-
riais, alternativas de produção e níveis de financiamento
3.3.2. VPL, TIR e TIRM
Na alternativa 2 sem financiamento externo, o VPL resultou em valores negativos
na modalidade associação de produtores, mostrando que o projeto não remunera o capi-
tal à TMA determinada de 8%, enquanto na modalidade cooperativa o valor ficou muito
próximo do zero, confirmando a indicação de menor rentabilidade para a produção ba-
seada no uso da batata doce à cana-de-açúcar (Quadro 20). Entretanto, com melhores
remunerações pelo produto, este efeito desaparece e a alternativa 2 atinge níveis de ren-
tabilidade semelhante.
Os valores para VPL incrementam-se significativamente com o uso de financia-
mento externo (90%), onde ambas as alternativas de produção mostram-se viáveis, po-
rém ainda com vantagem significativa para a produção com base em cana-de-açúcar e
sorgo sacarino (alternativa 1). Importante considerar que o principal motivo deste in-
cremento deve-se ao fato de que o capital a ser remunerado reduz-se significativamente
com a entrada do capital externo.
VPL
Alt. 1 Alt. 2
% Financiamento Inv. 90% 0% 90% 0%
Cooperativa 85.310,29 43.874,14 44.812,71 3.376,55
56.237,70 14.801,54 20.360,71 -21.075,45
Associação
342.875,48 334.242,95 305.491,87 296.859,34
Grande Propriedade
Quadro 20: VPL para as diferentes modalidades empresariais, alternativas de pro-
dução e níveis de financiamento
Sob a óptica da TIR, em consonância com o ocorrido com o VPL, a alternativa 2 é
inviável na modalidade associação de produtores na ausência de financiamento, ficando
abaixo da TMA exigida, atingindo o nível mínimo (iguala-se à TMA) na modalidade
cooperativa (Quadro 21).
24
25. TIR
Alt. 1 Alt. 2
% Financiamento Inv. 90% 0% 90% 0%
Cooperativa 117% 13% 99% 8%
93% 10% 69% 5%
Associação
349% 45% 353% 42%
Grande Propriedade
Quadro 21: TIR para as diferentes modalidades empresariais, alternativas de pro-
dução e níveis de financiamento
O valor expressivamente elevado para a TIR nas duas alternativas de produção
com capital externo (financiado) deve-se ao fato de que o valor inicial do investimento
próprio é pequeno em relação aos volumes financeiros envolvidos no projeto, haja vista
a simulação considerar um alto nível de financiamento (90%). A TIRM foi calculada
com o intuito de encontrar uma taxa mais realista para o projeto, sendo mais coerente
com os valores do VPL, usando-se a taxa de financiamento (2%) para descapitalizar os
fluxos negativos e a TMA (8%) para re-investir os positivos (Quadro 22). A desvanta-
gem deste método é a perda da comparabilidade a outros investimentos em função de
que cada projeto tem a sua TIRM particular, pois os parâmetros para seu cálculo (taxas
de re-aplicação) são definidos de forma específica em cada situação. Mesmo com esta
desvantagem, a TIRM pode ser uma medida mais fidedigna de rentabilidade quando
existe grande participação de capital externo no projeto, por considerar os reais custos
deste capital e um valor mais fidedigno a realidade de mercado como taxa de re-
investimento dos fluxos positivos.
TIR M
Alt. 1 Alt. 2
% Financiamento Inv. 90% 0% 90% 0%
Cooperativa 30% 11% 20% 8%
23% 9% 12% 6%
Associação
48% 21% 47% 20%
Grande Propriedade
Quadro 22: TIRM para as diferentes modalidades empresariais, alternativas de
produção e níveis de financiamento
O atual sistema de comercialização de combustíveis no Brasil não permite ao pro-
dutor vender seu produto diretamente ao consumidor final. Na cadeia de fornecimento,
os postos de combustíveis se abastecem com os distribuidores, com os quais o produtor
está habilitado a negociar. Este mercado é regulado pela Agência Nacional de Petróleo
(ANP), a qual fiscaliza também os padrões de qualidade do produto como acidez, con-
dutividade elétrica, massa específica, teor alcoólico, potencial hidrogeniônico, níveis de
sulfato, ferro, cobre e sódio.
25
26. Atualmente máquinas agrícolas que utilizam álcool hidratado em associação ao
óleo diesel já estão disponíveis no mercado, além dos veículos bicombustíveis que são a
grande maioria da produção automobilística nacional no momento, aumentando a possi-
bilidade do uso interno do bio-etanol (na propriedade) em substituição à compra, o que
pode ser um fator de aumento de rentabilidade significativa por agregar ao resultado a
diferença entre o valor pago pelo distribuidor e o valor do combustível na bomba, cujo
incremento aproxima-se dos 100% (Figura 5), além de isentar a produção de tributação
direta. Este benefício é evidenciado nos indicadores obtidos para o modelo da grande
propriedade rural, que tem a possibilidade de utilizar todo o bio-etanol internamente nos
seus processos produtivos, o que normalmente não acontece nas pequenas propriedades
pelo menor emprego de máquinas agrícolas.
A flexibilização das alternativas de comercialização ao pequeno produtor, bem
como a diferenciação tributária estão sendo estudas pelos legisladores como forma de
aumentar a competitividade, pois mudanças no preço do álcool ao produtor têm um
grande impacto na viabilidade do negócio.
2,10 Preço Revenda
Preço Distribuidora
1,90 Preço Produtor
1,70
1,50
1,30
R$/l
1,10
0,90
0,70
0,50
0,30
m /03
m /04
m /05
m /06
m /07
ju 3
ja 03
ju 4
ja 04
ju 5
ja 05
ju 6
ja 06
7
m /03
no /03
m /04
no /04
m /05
no /05
m /06
no /06
m /07
se 3
se 4
se 5
se 6
/0
/0
/0
/0
/0
l/0
l/0
l/0
l/0
v/
v/
v/
v/
ar
ar
ar
ar
ar
ai
ai
ai
ai
ai
n
n
n
n
n
t
t
t
t
ja
Figura 5: Participação no preço final dos elos da cadeia do álcool hidratado
combustível (Fonte: ESALQ-SP)
3.4. Análise de sensibilidade
O VPL mostrou-se mais sensível ao custo operacional do que ao valor do investi-
mento inicial (Gráfico 1). Isto se deve ao fato de que a maior parte deste custo refere-se
à produção de matéria-prima, que possui alto impacto sobre a rentabilidade, como mos-
tra a análise de sensibilidade do VPL à produtividade agrícola.
26
27. % custo operaciona l % Invest. Inicia l
200.000,00
150.000,00
100.000,00
50.000,00
VPL
-
-30 -20 -10 0 10 20 30
-50.000,00
-100.000,00
-150.000,00
% de variação
Gráfico 1: Análise comparativa de sensibilidade do VPL ao investimento inicial e
ao custo operacional
O VPL é altamente sensível à produtividade das lavouras, especialmente a lavoura
de sorgo, tanto pelo seu alto custo anual como pela maior remuneração recebida pelo
álcool gerado na entressafra, tornando o bom desempenho da cultura essencial para uma
maior rentabilidade do projeto (Gráfico 2).
Produtivida de la voura de cana Produtivida de la voura de sorgo
120.000,00
100.000,00
80.000,00
60.000,00
40.000,00
20.000,00
-
-40% -30% -20% -10% 0% 10% 20% 30% 40%
-20.000,00
-40.000,00
-60.000,00
-80.000,00
% de variação
Gráfico 2: Análise de sensibilidade do VPL à produtividade das lavouras de cana-
de-açúcar e sorgo sacarino
27
28. O aumento progressivo do valor financiado e conseqüente diminuição do capital
próprio investido no projeto elevam também de forma progressiva o valor da TIR, cri-
ando um efeito exponencial, pois os fluxos são re-investidos a taxas cada vez maiores,
gerando uma avaliação matematicamente correta, porém referindo-se a um retorno so-
bre o pequeno volume de capital próprio participante do projeto e não sobre o valor total
demandado (Gráfico 3). A TIRM impede esta distorção ao limitar a taxa de re-
investimento (TMA de 8% aa), porém impossibilidade a comparação direta com outros
investimentos que não utilizem os mesmos parâmetros de avaliação. O mesmo efeito de
incremento ocorre em relação ao VPL, havendo a necessidade de considerar este aspec-
to na interpretação deste indicador.
TIR TIR M VPL
140% 90.000,00
85.310
80.706 80.000,00
120% 76.102
71.498 117% 70.000,00
66.894
100% 62.290
60.000,00
57.686
53.082
80% 50.000,00
48.478
43.874
60% 40.000,00
60%
30.000,00
40%
40% 30%
20.000,00
25% 30%
21%
18%
16%
15%
20% 13% 23%
10.000,00
19%
17%
15%
14%
13%
11% 11% 12%
0% -
0% 20% 40% 60% 80% 100%
% de financiamento
Gráfico 3: Análise comparativa de sensibilidade do VPL, TIR e TIRM ao percen-
tual de financiamento do investimento total
Quando simula-se o aumento do uso do combustível nos processos internos das
propriedades cooperadas observou-se um incremento significativo do VPL e TIR, onde
as cooperativas (e também as associações) aproveitam o mesmo benefício simulado
para a grande propriedade rural (Gráfico 4).
28
29. VPL TIR
500.000,00 60,0%
450.000,00
50,0%
400.000,00
Valor do VPL
350.000,00 40,0%
300.000,00
250.000,00 30,0%
200.000,00
20,0%
150.000,00
100.000,00 10,0%
50.000,00
- 0,0%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Percentual de consumo interno
Gráfico 4: Análise comparativa de sensibilidade do VPL e TIR ao percentual de
uso interno do bio-etanol nas propriedades cooperadas
4. CONCLUSÕES
A análise técnica mostra que o volume de trabalho e a necessidade de área agríco-
la podem requerer o associativismo entre famílias para operacionalizar o projeto. A efi-
ciência agrícola é essencial para o sucesso financeiro pelo impacto direto no custo da
matéria-prima. Novas técnicas de cultivo e a inserção de variedades mais adaptadas às
condições do Rio Grande do Sul podem contribuir com o aumento da renda proveniente
de projetos desta natureza.
Quanto ao tipo de matéria-prima, a cana-de-açúcar mostrou-se mais rentável do
que o uso da batata doce, embora as fontes de amido não devam ser desprezadas nas
pequenas propriedades, as quais usualmente dominam a tecnologia de produção por se
tratarem de culturas típicas deste perfil de propriedade. O uso da mandioca pode apre-
sentar resultados bastante similares ao da batata doce por apresentar as mesmas caracte-
rísticas agronômicas como exigências de solo, produtividade, épocas de plantio e co-
lheita, além de possuir o mesmo teor de amido e potencial de geração de álcool na fer-
mentação, podendo os resultados aqui apresentados ser expandidos a esta cultura como
mais uma fonte alternativa de matéria-prima. O sorgo sacarino justifica sua adoção pelo
aspecto estratégico de sua produção situada no período de entressafra, além de fornecer
grãos que podem ser transformados em produtos de maior valor agregado dentro da
propriedade ou comercializados.
Do ponto de vista dos indicadores financeiros, o VPL e a TIR mostram que a al-
ternativa 1 é viável com ou sem financiamento, enquanto a alternativa 2 só deve ser
29
30. empregada na condição financiada ou sob condições de uma maior remuneração pelo
bio-etanol, pois tem um maior custo de produção. Entretanto, quando existe alta remu-
neração pelo produto, a alternativa 2 mostra um VAUE levemente superior a alternativa
1, como demonstrado no modelo da grande propriedade rural. De qualquer forma, o
financiamento a juros subsidiados é fundamental para viabilizar a implantação por pe-
quenos agricultores em função do elevado investimento inicial necessário como também
por melhorar a rentabilidade do projeto.
Em relação às modalidades empresariais testadas, fica evidenciada a vantagem na
utilização interna do bio-etanol, simulada na grande propriedade, mesmo com maior
custo de produção devido ao custo da mão-de-obra. Este benefício também pode ser
explorado pelas cooperativas e associações de pequenos produtores, à medida que con-
sigam um maior nível de uso interno do produto.
Quando o produto é comercializado com os distribuidores aos preços normalmen-
te praticados no mercado, os indicadores econômicos mostram inviabilidade ou baixa
rentabilidade quando na ausência de financiamento. A adoção de políticas de comercia-
lização que excluam os intermediários da cadeia de fornecimento e também a diferenci-
ação tributária podem melhorar as condições de competitividade das pequenas destilari-
as de bio-etanol. Outra alternativa de aumento de rentabilidade é o incentivo à todas as
possibilidades de uso interno do bio-etanol produzido por eliminar os intermediários e
evitar impostos.
Outro aspecto de grande importância é a garantia de qualidade do produto para
atender as rígidas exigências da ANP, principalmente no tocante à pureza e graduação
alcoólica (entre 92,6 e 93,8°GL) do combustível, o que se consegue através de um pro-
cesso de destilação eficiente e padronizado.
A agregação de valor aos resíduos (vinhaça e bagaço de cana e sorgo) pode
melhorar a rentabilidade como um todo, tanto pela utilização do bagaço excedente na
alimentação animal, geração de energia ou compostagem, como pela fabricação de su-
plementos alimentares para animais a base de vinhaça. Estudos complementares preci-
sam ser conduzidos para maximizar o aproveitamento destes subprodutos pelo produtor.
As pesquisas para a produção do álcool a partir do bagaço da cana, em adiantado estágio
de desenvolvimento, podem alterar significativamente a lucratividade, pois estima-se a
possibilidade de aumentar a produtividade de álcool por tonelada de cana em quase
100%.
Devem-se ressaltar os benefícios qualitativos advindos da implantação dessas u-
nidades de micro-destilarias de bio-etanol em pequenas propriedades rurais, tais como a
progressiva familiarização dos agricultores com esta tecnologia, possibilitando melhori-
as ao sistema aqui apresentado, além de qualificar a mão de obra local. O álcool produ-
zido nas propriedades sem abastecimento de energia elétrica poderia atender boa parte
30
31. de suas necessidades básicas, tais como aquecimento de água para banho, cozimento de
alimentos (com dispositivos funcionando a álcool) e geração de energia elétrica a partir
da combustão do bio-etanol.
A inserção de agricultores familiares como atores na matriz energética brasileira é
uma estratégia privilegiada pelo atual governo brasileiro, que cria condições extrema-
mente favoráveis, com disponibilidade financeira subsidiada para a implantação de pro-
jetos com estas características. Esta oportunidade precisa ser considerada como uma
ferramenta de apoio a manutenção destas famílias no campo, contribuindo para sua me-
lhor qualidade de vida.
31
32. 5. REFERÊNCIAS
EDER, C.F. et al. Avaliação dos Métodos da Taxa Interna de Retorno Modificada:
Uma aplicação prática. UFRGS. Porto Alegre: 2004
Evolução dos Indicadores CEPEA/ESALQ do álcool Anidro e do Hidratado. Dis-
ponível em: http://www.cepea.esalq.usp.br/alcool/, acessado em 12 de outubro de
2008.
FONSECA, Y.D. Técnicas de Avaliação de investimentos: uma breve revisão de
literatura. Disponível em:
http://www.desenbahia.ba.gov.br/recursos/news/video/%7B1FB86F7F-2888-482A-
B9AA-D9525E1AF7A2%7D_Artigo_05.pdf. Acessado em julho de 2008.
GALESNE, Alain, FENSTERSEIFER, Jaime E., LAMB, Roberto. Decisões de inves-
timentos da empresa. São Paulo: Atlas, 1999.
Manual de Rotinas Trabalhistas. Disponível em:
http://www.guiatrabalhista.com.br/guia/planilha_custos_trab.htm, acessado em 12 de
outubro de 2008.
MARCHETTI, V. Risco e Decisão em investimento produtivo. Editora da Universi-
dade. Porto Alegre: 1995
NETO, L.C.M. et.al. Relações de preços no mercado de combustíveis e o potencial
das Bolsas de Futuros para o álcool nacional. Revista Agroanálysis, v. 27, n. 2,
São Paulo, fev.2007.
PILÃO, N.E.; HUMMEL, P.R.V. Matemática Financeira e Engenharia Econômica:
A teoria e a prática da análise de projetos de investimentos. Pioneira Thomson
Learning. São Paulo: 2003
Preço médio do álcool etílico hidratado ao consumidor, segundo Grandes Regiões e
Unidades da Federação - 2001-2007. ANP, Disponível em:
http://www.anp.gov.br/conheca/anuario_2008.asp#secao_4, acessado em 12 de outu-
bro de 2008.
Relatório da Subcomissão da Cana-de-açúcar, do Álcool e do Etanol da Assem-
bléia Legislativa do Rio Grande do Sul, 2007. Disponível em:
www.al.rs.gov.br/download/Subcana_alcool_etanol/Relcana_alcool.pdf. Acessado
em julho de 2008.
RIBEIRO FILHO, N.M. et. al. Viabilidade de utilização de caldo de sorgo sacarino
para a produção de álcool carburante, I Congresso Norte Nordeste de Química,
2007. Disponível em www.annq.org/congresso2007/trabalhos_apresentados/T59.pdf.
Acessado em julho de 2008.
ROSA, S.E.S. e GOMES, G.L. O Pico de Hubbert e o futuro da produção mundial
de petróleo. Revista do BNDES, V.11, Núm. 22, Rio de Janeiro, dezembro de 2004.
TEIXEIRA, C.G. Utilização do sorgo sacarino como matéria-prima complementar
à cana-de-açúcar para obtenção de etanol em microdestilaria. Ciênc. Tecnol. A-
liment. v.17, n.3 Campinas set./dez. 1997.
Sistema PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.
Disponível em : http://www.bndes.gov.br/programas/agropecuarios/pronaf.asp, aces-
so em 15 de outubro de 2008.
32