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Por André Ítalo Rocha — São Paulo


Paulo Morais, um dos fundadores da Espaçolaser, havia acabado de anunciar a saída do comando da companhia quando recebeu um telefonema de Xuxa, a primeira e mais icônica garota-propaganda da marca. O assunto não era a rede de depilação a laser, da qual ela também é sócia, mas uma oportunidade para os dois investirem juntos em outra empresa, na qual a ex-apresentadora da TV Globo cederia sua imagem por participação acionária, como na Espaçolaser.

O novo negócio, um fast-food de comida vegana, batia com um desejo antigo de Xuxa. Adepta do veganismo desde 2018, ela buscava há anos uma marca à qual pudesse se vincular e fosse um instrumento para fortalecer a sua luta na causa animal. Mas queria que o empresário analisasse a papelada e o quão promissor seria o investimento. "Eu só vou se você for", disse Xuxa a ele.

Morais resolveu conhecer pessoalmente a Bloom e foi até o Shopping JK Iguatemi, em São Paulo, para visitar a primeira e única unidade da marca. A Bloom - que define seu nicho como "fast good" - foi fundada no ano passado por Fabio Munno, ex-executivo da Nestlé, e Thiago Jaffet. O empresário gostou do que viu, já pensando no potencial para avançar com um modelo de franquias.

"Eu sabia que ele iria me abrir os olhos para dizer se o caminho era bom ou não", diz Xuxa ao Pipeline. A entrada de Morais, porém, não era a única condição de Xuxa, que também pediu para que a marca mudasse de nome e incluísse o X na frente, passando a se chamar XBloom. "O X é também algo que lembra sanduíche", ela justifica. Os sócios toparam, mas deve levar um tempo até que embalagens e logo sejam trocadas oficialmente.

Xuxa, com sua Doralice: a apresentadora terá 6% da Bloom e a marca passará a se chamar XBloom — Foto: Divulgação
Xuxa, com sua Doralice: a apresentadora terá 6% da Bloom e a marca passará a se chamar XBloom — Foto: Divulgação

Com a Bloom, Xuxa quer levar a palavra do veganismo aos brasileiros, não para convertê-los mas incentivar uma parte da população a diminuir o consumo de carne e lácteos — e o fast-food pode ajudar na abordagem. "A gente fica esperando muito que as pessoas mudem o mundo, mas a gente pode mudar começando pelo nosso mundinho", diz a rainha dos baixinhos.

A empresa — que se tornou o terceiro investimento de Xuxa, depois da própria Espaçolaser e da Casa X, franquia de festas infantis — entrou no radar da apresentadora por meio do marido, Junno Andrade, também vegano. Quando estava atrás de um negócio, ela chegou a cogitar investir em algo relacionado a roupas ou maquiagem e foi até o exterior para conhecer marcas que poderia trazer para o Brasil.

Mas então Andrade soube da Bloom por meio da Atlhetica Nutrition, fabricante de suplementos, que aportou R$ 10 milhões na companhia. O marido, aliás, está entrando com Xuxa no negócio. O casal terá uma participação de 6%. Já Morais, que adiciona a experiência com franquias, ficará com 10%, com um aporte de valor não revelado. Munno seguirá como principal acionista, com 57,3%. E a Nutramerica Holding, dona da Athletica Nutrition, tem 26,67%.

Com Morais na sociedade, a Bloom começou a planejar a transformação em uma rede de franquias no mês passado. Já fechou com seis franqueados, em São Paulo, Ceará e Rio Grande do Sul, além de Brasília. Outras quatro unidades estão em fase de prospecção, e a Bloom espera terminar o ano com 10 a 15 franquias. "Nossa ideia é ir fazendo de duas a três unidades por mês, nesse começo", diz Munno.

No longo prazo, a Bloom quer chegar a uma rede de 350 unidades até 2026 e de 500 até 2028, com tamanhos que variam entre 35 a 50 metros quadrados. O investimento estimado para o franqueado é de R$ 200 mil a R$ 300 mil, com uma margem líquida de 10% a 14%. A projeção é que cerca de 90% da rede seja formada por franquias e o restante, lojas próprias.

Segundo Munno, a Bloom consegue ser competitiva em preços porque tem parceiros estratégicos. A JBS, por exemplo, participa da cadeia com o fornecimento de proteína vegetal.

Embora o veganismo ainda enfrente barreira culturais para se consolidar nos hábitos alimentares dos brasileiros, Morais acredita que o cenário é semelhante ao que encontrou quando fundou a Espaçolaser, em 2004. "Quando começamos, ninguém fazia ideia o que era depilação a laser. Era algo que ficava restrito a um público de alto aquisitivo, mas que nós democratizamos", diz. "Há uma tendência de crescimento nesse mercado de alimentação vegana. Quando olhamos para os Estados Unidos, vemos que há uma preocupação maior em comer de forma saudável."

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