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Por , São Paulo


O boliviano Martín Escobari, co-presidente da General Atlantic e presidente do comitê global de investimentos da gestora de private equity, está certamente no grupo de investidores que mais ganhou dinheiro apostando no Brasil nos últimos anos. Aportes em companhias como XP Investimentos, QuintoAndar e Gympass (agora Wellhub) foram determinantes para a escalada de Escobari na firma. Depois de morar anos no país, construir sua família por aqui e conhecido pelo bom humor, transformou-se num hábil vendedor de Brasil para gringos - mas a missão tem ficado mais complexa, admitiu hoje, entrevistado por Piero Minardi no Congresso da Abvcap. Atualmente, Escobari fica baseado em Nova York.

Está difícil vender Brasil: “Nos últimos 15 anos, entre os 19 países que a GA investe, o Brasil quem deu o maior retorno. A gente tem credibilidade e trackrecord para demonstrar que dá para ganhar dinheiro no país. Mas hoje está difícil vender Brasil. É uma crise de confiança temporária e até certo ponto injusta, ainda que eu continue acreditando que a oportunidade no país é gigantesca. Acredito, porque a indústria de private equity ainda é muito pequena em relação ao PIB, teria que quintuplicar para ter a mesma penetração de mercados desenvolvidos. Segundo, que os preços estão muito deprimidos. O P/L do Ibovespa está em 7 vezes e a média dos últimos 15 anos foi de 11 vezes, então está com mais de 30% de promoção. O real também está barato, a tendência é de valorização. Agora, a narrativa é muito negativa, ou seja, a instabilidade percebida pelos investidores globais sobre o Brasil é muito maior do que a real instabilidade do Brasil.

É um problema de comunicação e também dessa agenda política. Temos um problema de instabilidade das regras de jogo, principalmente na zona fiscal, que gera muito barulho com o investidor. O litígio tributário é desproporcional, cem vezes maior que nos desenvolvidos. Você não saber quanto imposto é devido é absolutamente desastroso para quem faz investimentos de US$ 500 milhões, US$ 1 bilhão com a gente.”

A bola da vez é a Índia: “A Índia está se beneficiando da migração da manufatura da China para outros países e está se beneficiando de ter chegado atrasado na festa da transição digital. Brasil está em transição digital há 20 anos, a penetração de internet é 70%. Já chegamos à maturidade digital e a Índia está chegando só agora. Sofria de falta de infraestrutura, não tinha conectividade de internet, mas nos últimos cinco anos teve uma revolução em telecomunicações e hoje 60% da população tem acesso à internet banda larga e está fazendo pagamento digital com o Pix deles.”

Martín Escobari é chairman do comitê de investimentos da GA — Foto: Pipeline
Martín Escobari é chairman do comitê de investimentos da GA — Foto: Pipeline

Ousadia americana x Autoestima brasileira: “Os americanos têm uma coisa invejável. É uma ousadia, uma capacidade muito grande de sonhar alto. Quando vim para os Estados Unidos, uma das minhas metas era ajudar companhias latino-americanas a se tornarem globais em tecnologia. Achava que o brasileiro tinha um complexo de vira-lata. Minha mulher, que é carioca, me convenceu que estou errado, o brasileiro se acha melhor que o gringo e tem a autoestima elevada. O problema para sonhar grande é outro: primeiro, que são poucas referências de negócios brasileiros que viraram globais e, segundo, que há uma zona de conforto de ficar só no país. Nenhum empreendedor no Brasil fez um pitch para mim dizendo que vai ser líder global.”

Ada, a IA no comitê de investimentos: Nos últimos meses a GA colocou mais um membro em seu comitê de investimentos. Ada é o robô de inteligência artificial que vem sendo desenvolvida internamente, alimentada por todas as transações e processos decisórios já tomados pela firma. Ada inclusive já participa das votações e tem surpreendido com sua análise perspicaz, segundo Escobari. “Vou poder me aposentar mais cedo”.

Hora de comprar: Não se engane com o desânimo fiscal do gestor. Apesar de ter debulhado as agruras de vender Brasil para investidores globais e mesmo para seus pares de comitê de investimentos, Escobari segue de olho nos ativos locais, justamente porque a visão externa e o interesse internacional sobre o país lhe servem de termômetro. “Quando eu faço reuniões no Brasil que há mais estrangeiros na mesa, está na hora de vender. Quando faço reuniões e há mais brasileiros, está na hora de comprar. É hora de comprar”.

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