Da utopia para a realidade. Quatorze anos após ‘‘baixar âncora” na Zona Portuária da cidade, antes mesmo de a região ser remodelada pelo projeto Porto Maravilha, o Armazém da Utopia, um dos principais equipamentos culturais da área, está em contagem regressiva para uma nova fase. No próximo dia 29, depois de quase um ano de obras — que custaram R$ 36 milhões —, o Armazém, que ocupa o galpão seis do Boulevard Olímpico, ganhará um perfil de espaço multiúso (veja o projeto aqui).
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A inauguração será feita num evento em que até o presidente Lula é esperado. No galpão principal, a restauração completa do telhado, eliminando goteiras e outras falhas, permitirá que o local passe a receber grandes eventos, de forma permanente. O espaço será, por exemplo, um dos pontos de reuniões paralelas da sociedade civil durante o encontro dos chefes de estado do G-20, que reunirá, em novembro no Rio, as 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e da União Africana. Outros oito países e 15 organismos internacionais, entre os quais o FMI, também estão entre os convidados.
— Em 2010, nós ajudamos a transformar a região portuária antes mesmo das obras e da derrubada do Elevado da Perimetral. Agora, o Armazém da Utopia está preparado para dar um salto quântico de qualidade — comenta Luiz Fernando Lobo, diretor da Companhia Ensaio Aberto, que administra o local há 14 anos.
Captação via Rouanet
Na última quinta-feira, operários ainda trabalhavam nos acabamentos da reforma, realizada com recursos privados captados pela Lei Rouanet. A reabertura dos espaços será feita por etapas. No dia 29, serão entregues as obras do galpão principal. Com 3,3 mil metros quadrados, a estrutura foi restaurada para recuperar as características originais do local, usado nas primeiras décadas do século passado para armazenar grãos exportados pelo porto do Rio.
— Já temos um calendário de atividades que começa em agosto. Pela primeira vez, vamos receber parte parte da programação do Rio Innovation Week (maior conferência global de tecnologia e inovação do país), entre 13 e 16 de agosto. Em setembro, virá a Rio Oil & Gas. Já em outubro, seremos anfitriões do Festival do Rio (mostra internacional de cinema) — enumerou Tuca Moraes, atriz e diretora executiva da Companhia Ensaio Aberto.
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Em três meses, serão entregues as obras do anexo. Uma das principais intervenções foi a reformulação do teatro Oduvaldo Vianna Filho. Antes fixa, a estrutura agora é retrátil, podendo receber 300 ou 500 espectadores, conforme o perfil da peça. A reestreia será com uma montagem de “ O Banquete”, última obra de Mário de Andrade, que morreu sem terminar o texto, em 1945.
— Os cenários serão produzidos em julho pelos alunos de nossas oficinas, que formam mão de obra especializada em artes cênicas — explicou Luiz Lobo.
Na reforma, o anexo ganhou ainda um revestimento acústico e novas instalações, entre elas a Sala Sérgio Brito, menor que o teatro original e que também vai receber peças e demais eventos. Outra novidade é que nos anexos serão abertos um restaurante e um café, ambos com vista para a Baía de Guanabara.
Uma das curiosidades é que parte do cardápio da cafeteria será temático, com os pratos batizados com alguma referência às peças que estiverem em cartaz.
—Vamos manter a estratégia de usar o Armazém da Utopia para formarmos novas plateias. No caso de “O banquete”, das 40 apresentações, doze serão gratuitas. Nas demais sessões, o ingresso não passará de R$60 — garante Tuca.
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