Na noite de 29 de agosto de 1993, um grupo fortemente armado e encapuzado entrou na comunidade de Vigário Geral, na Zona Norte, e matou 21 pessoas a sangue frio, todas inocentes. Os homens eram policiais militares que agiam motivados pela vingança, depois da morte de quatro colegas de farda baleados por traficantes na Praça Catolé do Rocha. A imagens dos corpos colocados um ao lado do outro correu o mundo, num dos maiores e mais emblemáticos massacres já ocorridos no país.
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Passadas três décadas, a tragédia é dissecada pelos jornalistas Chico Otávio, Elenilce Bottari e Elba Boechat, no livro “Massacre em Vigário Geral”, da editora Record, com lançamento na segunda-feira, na Livraria da Travessa, no Leblon, na Zona Sul. Os autores recorrem a depoimentos, documentos, processos criminais, perícia e investigação jornalística para recontar o que aconteceu naquela noite e nos dias que se seguiram.
A conclusão é que as investigações foram açodadas, marcadas por precipitação e omissão, que favoreceram a impunidade e a corrupção. O livro revela, por exemplo, que os executores se comunicavam dentro da favela pelo rádio da polícia e que no local havia duas viaturas.
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A publicação traz ainda depoimentos de uma sobrevivente, na época com 9 anos, que até hoje convive com pesadelos. Também ouviu um dos condenados, que persuadiu os comparsas a pouparem as crianças.
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— Escolhemos contar a invasão à casa e o extermínio da família pela visão das crianças. E o que elas testemunharam foi uma ação de monstros. Até hoje não há outra explicação plausível para aquela covardia— diz Elenilce, uma das autoras.
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