A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) determinou, na manhã desta quinta-feira, o fechamento do prédio da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) após parte do muro do ginásio desabar. O incidente aconteceu na noite de quarta-feira, por volta das 22h. Segundo a reitoria, o local estava vazio. Até que seja concluído o laudo técnico, as aulas ficarão suspensas por tempo indeterminado.
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Muro do ginásio de educação física da UFRJ desaba e provoca suspensão das aulas
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As imagens mostram um buraco no que seria o muro. Tijolos despedaçados ficaram espalhados pelo corredor do prédio. Os destroços impossibilitaram a passagem.
Não é a primeira vez que a escola sofre por problemas na estrutura. Em setembro do ano passado, o prédio chegou a ficar fechado por dez dias depois do desabamento de uma marquise. Na época, engenheiros da UFRJ chegaram a avaliar a estrutura do lugar para tentar identificar o que provocou o desabamento. Quase cinco meses depois, um novo incidente voltou a interromper as aulas.
— Mais um sinistro na nossa UFRJ, dessa vez, em beirais da escola de educação física e desportos. Já estamos tomando as medidas imediatas para resolver essa situação. Agora, a solução definitiva virá com a suplementação orçamentária. Nós temos várias edificações sob risco, e a UFRJ precisa urgentemente dos recursos necessários para manter suas edificações seguras — afirmou o reitor da UFRJ Roberto de Andrade Medronho.
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O ginásio é uma das principais rotas para acesso às salas de aula. As outras rotas ficam nos fundos da unidade ou na área das piscinas, que também foi interditada para obras. O prédio é utilizado por estudantes, de 16 a 30 anos, do primeiro ao último período, além de professores e funcionários.
— O principal problema é que não temos verbas para reestruturar a universidade, que sofreu com cortes nos últimos 10 anos. A situação estrutural da universidade não apenas impede as aulas, mas coloca a vida dos estudantes em risco — afirmou o presente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) Alexandre Borges.
A professora de Dança Criativa da Escola de Educação Física Ana Célia Saearp, de 65 anos, estava indo para a unidade, às 7h da manhã, quando soube que o muro tinha desabado e as aulas tinham sido suspensas. Ela denuncia a falta de recursos para manutenção do prédio.
— Nós não recebemos verbas há mais de 30 anos. Recebemos três cursos novos ao longo desses anos e não houve ampliação. Não foi feita reforma, preservação ou manutenção da estrutura. Meus alunos estavam em sala e por cinco minutos não foram atingidos. É uma destruição da unidade pública educacional por falta de verba. Há 20 anos houve outro desabamento de 500 metros de vidro que caíram e quase atingiram alunos e professores. A escola constantemente está tendo problemas — protesta Ana Célia.
Pedro II sob risco
Outro prédio que corre riscos por estrutura precária é o Colégio Pedro II, um dos mais importantes da rede federal de ensino. A reitora Ana Paula Giraux alerta que o edifício pode pegar fogo. Segundo ela, o prédio do campus Centro, que é do século XVIII e foi tombado em 1983, pode viver a mesma situação pela qual passou o Museu Nacional, em 2018, e precisa passar por uma ampla reforma em meio a uma crise financeira. Neste caso, além de um dos mais importantes acervos da história da educação no Brasil (com manuais importados do século XIX e o primeiro laboratório de física do país), também estão em risco estudantes e professores.
— Estou muito preocupada com o Centro. Ainda temos gerador no Centro. Tenho muito medo do que aconteceu no Museu Nacional aconteça aqui. É uma tragédia anunciada mesmo. Estou falando disso desde as primeiras visitas que tenho feito no Ministério da Educação — revelou a reitora em entrevista exclusiva ao GLOBO.
O risco , de acordo com ela, está no telhado, que precisa ser reformado e ter suas instalações elétricas renovadas. Caso isso não ocorra, um curto pode provocar fogo no colégio. Partes do teto do Salão Nobre — que é de 1875 e recebeu diversas vezes o próprio imperador Pedro II — e de outras salas do colégio já despencaram. Um sistema para apagar incêndio está sendo instalado nesse momento para tentar pelo menos minimizar o risco.
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