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Por — Rio de Janeiro

O Colégio Pedro II, um dos mais importantes da rede federal de ensino, corre risco de pegar fogo. O alerta é da reitora Ana Paula Giraux. Segundo ela, o prédio do campus Centro, que é do século XVIII e foi tombado em 1983, pode viver a mesma situação pela qual passou o Museu Nacional, em 2018, e precisa passar por uma ampla reforma em meio a uma crise financeira. Neste caso, além de um dos mais importantes acervos da história da educação no Brasil (com manuais importados do século XIX e o primeiro laboratório de física do país), também estão em risco estudantes e professores.

Colégio Pedro II, campus localizado no Centro da Cidade, está precisando de restauros. Na foto, problemas no teto do Salão Nobre do colégio. — Foto: Beatriz Orle/O Globo
Colégio Pedro II, campus localizado no Centro da Cidade, está precisando de restauros. Na foto, problemas no teto do Salão Nobre do colégio. — Foto: Beatriz Orle/O Globo

— Estou muito preocupado com o Centro. Ainda temos gerador no Centro. Tenho muito medo do que aconteceu no Museu Nacional aconteça aqui. É uma tragédia anunciada mesmo. Estou falando disso desde as primeiras visitas que tenho feito no Ministério da Educação — revelou a reitora em entrevista exclusiva ao GLOBO.

O risco, de acordo com ela, está no telhado, que precisa ser reformado e ter suas instalações elétricas renovadas — o risco é de um curto botar fogo no colégio. Partes do teto do Salão Nobre — que é de 1875 e recebeu diversas vezes o próprio imperador Pedro II — e de outras salas do colégio já despencaram. Um sistema para apagar incêndio está sendo instalado nesse momento para tentar pelo menos minimizar o risco.

Na foto, infiltração na parede do Salão Nobre do colégio. — Foto: Beatriz Orle/O Globo
Na foto, infiltração na parede do Salão Nobre do colégio. — Foto: Beatriz Orle/O Globo

O alerta da reitora é feito depois de uma série de idas ao Ministério da Educação para conseguir viabilizar a obra. Só o restauro do teto levaria mais de um ano e custaria R$ 10 milhões. O alto valor é reflexo da arquitetura tombada do prédio, com telhas francesas, e contempla a instalação de sistemas de ar-condicionado e a renovação da parte elétrica.

No entanto, o atual orçamento, segundo a gestora, não tem dado nem para atender a todas as demandas do dia a dia. Em 2023, o orçamento de assistência estudantil atendeu apenas 65% dos alunos que precisavam. Em 2024, o Congresso ainda cortou 70% dessa verba. O MEC conseguiu só agora recompor esses valores para o patamar do ano passado, que não atende a todos que precisam.

Além do telhado, a reitora defende que o prédio do Centro passe por uma ampla reforma, o que aumentaria o custo para a casa da centena de milhões de reais. Atualmente, documentos históricos do colégio estão se degradando por estarem armazenados sem as condições ideais e a biblioteca histórica, sem ar-condicionado, fica com as enormes janelas abertas, recebendo toda a poluição da movimentada Av. Marechal Floriano a poucos metros de distância.

A reitora já tentou o projeto com o MEC e por emendas, mas não conseguiu. Agora, tenta reunir um grupo de trabalho para viabilizar um projeto de reforma via BNDES, Banco do Brasil e Petrobrás para não acontecer novamente o que se passou com o Museu Nacional. Entre os complicadores para a obra, além dos custos de se restaurar um prédio bicentenário, estão a necessidade de realocar os alunos para outro prédio e todo um acervo da História da Educação que atrai pesquisadores do mundo inteiro e só podem ser manipulados por especialistas.

— É uma obra muito grande, que não vai acabar na minha gestão. Mas alguma gestão tem que começar. Se eu conseguir entrar para a história como a gestão que conseguiu iniciar esse processo, está bom — brinca a reitora, professora do Pedro II há quase 40 anos. — Fui pedir recursos para o MEC e de emendas, mas percebi que não é possível buscar assim. Por isso, um grupo de trabalho foi feito, para ampliar, até com novas ideias, para que a gente possa ter uma captação mais robusta e faça a diferença aqui para o campus Centro.

Na foto, Ana Paula Giraux, reitora do Colégio Pedro II — Foto: Beatriz Orle/O Globo
Na foto, Ana Paula Giraux, reitora do Colégio Pedro II — Foto: Beatriz Orle/O Globo

O orçamento de investimento utilizado para melhorias prediais de 2024 é dez vezes menor do que o de 2014. Já o de custeio é a metade de 2014. Com isso, todos os campi sofrem com problemas graves de manutenção, como infiltrações, goteiras, salas alagadas.

— Acaba sendo só recurso de manutenção. E não é manutenção predial, mas é para pagar contas de água, luz — diz a reitora.

Em fevereiro, O GLOBO lançou uma ferramenta que analisa a infraestrutura de todas as escolas brasileiras com base em 16 critérios. O Pedro II de Realengo aparece como uma das oito instituições públicas mais bem equipadas do país, com estruturas como existência de biblioteca ou sala de leitura, laboratórios de ciências e de informática, piscina e quadra de esportes, além de acessibilidade e climatização, entre outros fatores. No entanto, o sucateamento atinge todas as estruturas da escola.

— O campus Realengo foi inaugurado no governo Lula, tem instalações incríveis, mas estamos sofrendo sem recursos para manutenção. Lá temos um teatro que é um primor, fica no prédio tombado pela prefeitura, mas infelizmente precisa internamente de adaptações devido a vazamentos, cupins, uma série de coisas. Além de uma reforma na cobertura, da restauração de salas de aulas e de equipamentos que a escola tem, mas precisa de manutenção — afirmou.

No mês passado, o colégio recebeu a confirmação do MEC de que seis unidades (Centro, Engenho Novo II, Humaitá II, Tijuca II, Complexo de São Cristóvão e Complexo de Realengo) serão contempladas pelo PAC. O foco dos investimentos será a melhoria da infraestrutura dos restaurantes estudantis, que também precisavam de reformas.

Atualmente, todos os 14 campi do Pedro II estão em greve, o que gerou grande insatisfação numa parcela de pais e estudantes. A escola esperava consertar o calendário escolar — afetado até hoje pela pandemia — neste ano, começando as aulas em abril e terminando em dezembro. No entanto, a instituição aderiu ao movimento de técnicos-administrativos, categoria que alega ter o menor salário do funcionalismo público no Brasil.

Entre os técnicos administrativos, há cinco níveis salariais: do A (funções como porteiro, auxiliar de serviços gerais) ao E (psicólogos, assistentes sociais, biólogos, administradores, etc). A variação de remuneração base vai de R$ 1,5 mil a R$ 4,3 mil. A maioria da categoria (70%) está concentrada nos níveis E e D (profissões de nível médio, como técnico administrativo e auxiliar de enfermagem, com salários-base de R$ 2,3 mil).

— Esse é um pleito importante. Os técnicos são psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, engenheiros, pedagogos. São todas essas pessoas que dão estrutura à escola.

Na última semana, o governo federal ofereceu um reajuste de 9% em 2025 e outros 3,5% em 2026. A categoria decidiu analisar até o fim dessa semana, mas lideranças apontaram que os trabalhadores ficaram descontentes com a proposta. Com isso, a tendência é que a greve continue pelos próximos dias.

Procurado, o MEC informou que tem ciência da demanda, reconhece a importância histórica da unidade e está incumbido em apoiar o restauro e a reforma do campus do Colégio Pedro II (RJ). Parte dos recursos deve ser contemplada no Novo PAC, na ação de consolidação da rede federal de educação profissional. Considerando o volume de recursos estimados (R$ 30 milhões), o MEC entende que será de fundamental importância a articulação dos diversos atores que comporão a força-tarefa em apoio à unidade.

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