Luiza Tomé fala dos 40 anos de carreira, dos três filhos e da volta às novelas

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— Olha, eu me lembro que foi o meu primeiro grande desafio. Havia feito participações em duas novelas antes, “Dancin' Days” e “A Sucessora”, mas Alice Gouveia, de “Corpo a Corpo”, era uma personagem da novela inteira. Tudo muito novo para mim, muita responsabilidade. Foi sofrido, não sabia nada, saía correndo para chorar no banheiro e dizia para mim mesma que nunca mais faria uma novela enquanto não dominasse tudo aquilo. Gostaram de mim, eu me apaixonei pela televisão . Quatro anos depois estava fazendo meu primeiro grande papel em “Tieta”, com a personagem Carol — relembra.

Luiza interpretou muitas mulheres fortes e fez papéis marcantes na televisão. Ela destaca a Rosa Palmeirão, de "Porto dos milagres", como um trabalho que marcou sua carreira:

— Essa personagem marcou muito minha trajetória, as pessoas na rua andavam com uma rosa no pescoço, ditamos a moda naquele momento. Já a Carol, de “Tieta”, foi a primeira personagem com que pude sentir a empatia do público e começar a ser reconhecida por este Brasil lindo, que me abraçou. A Scarlet, de “A Indomada”, era “um must” também. Ela tinha uns bordões que as pessoas começavam a usar no dia a dia, principalmente o “isso é um must!”.

A atriz sempre foi considerada um "símbolo sexual", expressão muito usada nos anos 1980 e 1990. Ela conta que nunca se importou com os rótulos que recebeu e afirma que se sente a "mesma Luiza" de sempre:

— Sempre levei numa boa esses títulos que me deram, mesmo surpreendida por eles. Me entendo da mesma forma que nos anos 80 e 90. Claro que mudamos, tem essa tal da lei da gravidade, né? Toda mulher que é segura acaba sendo sensual. Conquistei essa segurança, e a sensualidade veio naturalmente. Mas títulos me foram dados a partir do olhar do mercado e do público, e, é claro, sei que sou uma mulher que estou dentro do padrão que estabeleceram. Sou a mesma Luiza, mas vivemos uma época diferente, podemos ser o que temos vontade de ser. Nos anos 1990 e 2000, uma atriz para ganhar dinheiro e se manter na tela quase sempre tinha que se adequar ao que propunham. A mulher bonita na televisão tinha que ser sexy, provocadora e desafiar algumas situações nas obras. Hoje isso mudou. Temos grandes nomes de todos os perfis, mulheres com cachês altíssimos que estão fora do que ditam como padrão. E acho ótimo, é o talento vencendo. Isso é o certo.

Aos 63 anos, Luiza diz que cuida da alimentação e conta que gostaria de se exercitar mais:

— Me enxergo bem, gosto de me ver no espelho, gosto do que vejo. Claro que tem uma coisa ou outra que olho e penso: “Isso aqui podia estar de outro jeito”. Mas dou risada e está tudo bem. Ser madura e estar diferente do que era faz parte de estar viva, e eu amo a vida. Não posso ficar triste com as mudanças que uma vida longa traz. Quero mais é viver bastante tempo e trabalhar muito. Me exercito menos do que gostaria. Depois do 60, temos que malhar dez vezes mais. Mas com a alimentação sou mais rigorosa. Evito várias coisas, foco nos vegetais, saladas e proteínas magras. Claro, às vezes cedo aqui e ali, mas no geral cuido da alimentação. Até quando viajo a trabalho já tento me antecipar sobre a alimentação para não fugir muito, mesmo que role uma escapulida quando aparece aquele prato irresistível.

No tempo livre, Luiza aproveita para curtir os filhos, Bruno, de 25 anos, e os gêmeos Adriana e Luigi, de 20:

— Amo ficar com a minha família, meu tempo livre é para meus filhos, às vezes mesmo sem nenhuma programação especial. Até no tempo que não é livre eu quero tê-los pertinho. Esses dias fui gravar um filme em uma cidade do interior do Rio de Janeiro e carreguei o Luigi comigo. Pegar um sol e bater papo com as amigas também é gostoso, quando consigo eu faço.

Em agosto, Luiza estreará na novela "A caverna encantada", do SBT, que substituirá "A Infância de Romeu e Julieta". É a primeira vez que ela trabalha na emissora de Silvio Santos.

— Já haviam me dito que trabalhar no SBT é estar em família. Na prática realmente é — afirma a atriz, que viverá Dalete, uma cozinheira do Internato Rosa dos Ventos, onde se passa a maior parte da trama.

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Depois de seis anos afastada das novelas, Luiza comemora o retorno ao formato:

— Sou grata por todos lugares que trabalhei, são quatro décadas de muito trabalho, de muito aprendizado como profissional e também como pessoa. Nesses anos fora das novelas, eu estive atuando no teatro e em filmes. Voltar para novela é uma delícia, eu sinto falta. O convite do SBT foi muito especial para mim.