Mundo
PUBLICIDADE

Por AFP — Kiev

Sob chuva incessante, Diana Ivanova participou nesse domingo da primeira marcha do Orgulho LGBTQI+ organizada em Kiev desde o início da invasão russa, no meio de um significativo destacamento policial, mobilizado tanto pela guerra como contra grupos nacionalistas.

Pouco depois da dispersão da marcha, militantes nacionalistas protestaram na capital ucraniana, gritando slogans homofóbicos.

Apesar da chuva incessante, cerca de 500 pessoas participaram da Parada LGBT em Kiev — Foto: Sergei SUPINSKY / AFP
Apesar da chuva incessante, cerca de 500 pessoas participaram da Parada LGBT em Kiev — Foto: Sergei SUPINSKY / AFP

- Apesar dos ataques, não devemos hesitar em vir e nos mostrar. Somos esse tipo de país, de nação, não baixamos os braços. Se pisoteiam os nossos direitos, nós os defendemos - declarou Diana Ivanova, 27 anos, comparando a situação da Ucrânia com a da Rússia.

Na Rússia, o governo intensificou a repressão contra pessoas da comunidade LGTBQI+ desde que iniciou a invasão na Ucrânia, em fevereiro de 2022.

- Estou feliz por viver num país onde posso até ir à Parada do Orgulho. Esses malditos russos não podem - disse ela.

'Um alienígena'

Por questões de segurança, até a manhã do domingo não haviam sido informados o local nem o horário da manifestação.

Militares gays foram liberados para participar da Marcha do Orgulho LGBT em Kiev — Foto: Sergei SUPINSKY / AFP
Militares gays foram liberados para participar da Marcha do Orgulho LGBT em Kiev — Foto: Sergei SUPINSKY / AFP

No fim, cerca de 500 pessoas assistiram ao evento, que consistiu num comício dentro de um perímetro fechado, recheado com palavras de ordem como “Arme a Ucrânia, agora!” ou "Unidos para a vitória!".

Entre os presentes estavam vários soldados assumidamente gays, como Petro Zherukha, 28 anos, que foi autorizado pela sua unidade a participar na marcha.

As pesquisas mostram que gays, lésbicas e pessoas trans vivenciam melhor aceitação no país desde o início da guerra.

Participantes da Parada do Orgulho LGBT de Kiev também pediram paz na Europa — Foto: Sergei SUPINSKY / AFP
Participantes da Parada do Orgulho LGBT de Kiev também pediram paz na Europa — Foto: Sergei SUPINSKY / AFP

- Para muitos camaradas, fui a primeira pessoa abertamente LGBT que eles viram. Foi como se tivessem entrado em contato com um alienígena - disse Zherukha. - Eles fizeram muitas perguntas, mas depois de conversarmos bastante, tudo ficou muito ‘legal’ - disse ele.

Muitos dos manifestantes exigiram que o país autorizasse oficialmente as uniões civis entre pessoas do mesmo sexo.

A ausência de um quadro jurídico para casais do mesmo sexo significa que os cônjuges de soldados LGTBQI+ mortos ou feridos não podem ser informados do que aconteceu aos seus entes queridos.

- Isso é justo, enquanto há pessoas sacrificando suas vidas? Não! - declarou Marlene Scandal, uma drag queen coroada com flores coloridas e carregando um tridente ucraniano azul e amarelo.

O casamento igualitário suscitou reação entre os nacionalistas do país, que organizaram uma contramanifestação.

Quando a Marcha do Orgulho LGBTQI+ terminou, centenas de ultramilitantes marcharam ao longo da Avenida Khreshchatyk, em direcção à rua onde tinha acontecido a Parada do Orgulho, então já esvaziada.

Suástica

A polícia escoltou os extremistas e a manifestação prosseguiu sem incidentes, com os participantes gritando slogans anti-Rússia e ameaçando matar homossexuais.

Após a Parada do Orgulho LGBT, manifestantes nacionalistas marcharam gritando frases homofóbicas e ameaças de morte a homossexuais — Foto: Maksym Polishchuk / AFP
Após a Parada do Orgulho LGBT, manifestantes nacionalistas marcharam gritando frases homofóbicas e ameaças de morte a homossexuais — Foto: Maksym Polishchuk / AFP

Um dos organizadores, que marchou ao lado de um indivíduo com um boné decorado com uma suástica, negou que as ameaças de morte fossem homofóbicas.

Oleksander Tymoshenko, um jovem de 21 anos, membro do movimento juvenil do Setor Direita, disse que não estava se manifestando contra os homossexuais, mas contra o movimento LGTBQI+ que “quer obter direitos especiais”.

Segundo ele, a Ucrânia tem o seu lugar na Europa, mas mais próxima de países como a Polônia ou a Hungria.

- Todos os países da Europa Oriental, e especialmente os estados pós-soviéticos, são caracterizados pelo conservadorismo e pela tradição. A Ucrânia não é exceção - observou.

Mas para Diana Ivanova esses valores conservadores não são os do seu país: - Não há nada de tradicional no ódio - insistiu ela.

Mais recente Próxima Estado de Maryland, nos EUA, anulará 175 mil condenações por uso de maconha
Mais do Globo

Não classificação das seleções masculinas de futebol e handebol faz o número cair; basquete disputa o Pré-Olímpico em julho

Paris-2024: Brasil pode ter a menor delegação desde os Jogos de Londres

Clube catalão tentou negociar atacante brasileiro para se desenvolver no futebol português

Vitor Roque já aceita ser emprestado pelo Barcelona e tem novos pretendentes, diz jornal; veja as opções

Músico foi entrevistado pela revista "Breeza", especializada no universo da cannabis

Aniversariante do dia, Gilberto Gil fala sobre uso de maconha aos 82 anos: 'Cada vez menos frequente'

Servidora pública, irmã de lutador, desapareceu há mais de 20 anos sem deixar rastro

Priscila Belfort: O mistério que será tema de série documental do Disney+

Impactos das chuvas mantêm aeroporto de Porto Alegre fechado, e nem os voos fretados pelo clube tem diminuído o desgaste do elenco durante o Brasileirão

Adversário do Flamengo hoje, Juventude lida com dura logística de viagens e gasta até 16 horas para voltar de jogos fora

Florianópolis também incentiva o aproveitamento de resíduos. Apenas 32% dos municípios brasileios têm serviço de coleta seletiva

Curitiba é referência em reciclagem, com programa que troca lixo por frutas

Índice de reciclagem no Brasil é de apenas 2%. País poderá economizar quase R$ 100 bilhões por ano se cumprir as metas do Plano Nacional de Resíduos Sólidos

Empresas reciclam 'lixo', que viram insumo para outras indústrias e geram renda

Número de matrículas aumenta tanto em pós-graduação como em aulas voltadas para nível técnico, segundo instituições

Cresce busca por cursos de qualificação em energias renováveis

Em consultorias especializadas, seleção de candidatos para a área responde por até 40% do recrutamento. Salários podem chegar a R$ 40 mil em cargos gerenciais

Com expansão de fontes renováveis, empresas treinam funcionários para driblar escassez de mão de obra