Em uma série de raras declarações sobre a guerra na Ucrânia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, expôs brevemente seus pensamentos sobre o fim do conflito. De acordo com o líder russo, apenas quando Kiev estiver exaurida de soldados, equipamentos e munição, será possível um cessar-fogo duradouro.
Ao contrário de seu rival ucraniano, Volodymyr Zelensky, Putin não fala publicamente sobre os detalhes da guerra no Leste Europeu com frequência. As impressões russas, sobretudo do Kremlin, costumam ser comunicadas por porta-vozes e interlocutores. No entanto, em meio a um Fórum Econômico sediado em Vladivostok e recebendo a visita do líder norte-coreano, Kim Jong-un, que atraiu a atenção do mundo, Putin comentou em primeira mão vários detalhes da guerra.
Putin estimou que a Ucrânia já havia perdido cerca de 71 mil soldados durante a atual contraofensiva que avança lentamente no sul e no nordeste do país, afirmando que, não fosse em caso de exaustão, Kiev utilizaria qualquer cessar-fogo russo para reorganizar suas tropas e planejar novos ataques. Para o presidente russo, apenas quando Kiev parar com sua "proibição autoimposta" à negociação, conversas sobre paz poderão tomar lugar.
— Então nós veremos — disse Putin, em frase registrada pela agência britânica Reuters.
A luta dos médicos para salvar os feridos da guerra na Ucrânia
![Médicos tratam de soldado ucraniano em um ponto de estabilização na região de Zaporíjia, Ucrânia — Foto: Emile Ducke/The New York Times](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/iE_D2Z_T6sCd6ef-H9cELupCjgg=/0x0:1500x1071/648x248/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/h/a/5UPdKLQ8SclXeJFwr0sg/ukraine-medics-1.jpg)
![Médicos tratam de soldado ucraniano em um ponto de estabilização na região de Zaporíjia, Ucrânia — Foto: Emile Ducke/The New York Times](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/6Zfc7e6qR_BWrqEB2oVL81GjUfw=/1500x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/h/a/5UPdKLQ8SclXeJFwr0sg/ukraine-medics-1.jpg)
Médicos tratam de soldado ucraniano em um ponto de estabilização na região de Zaporíjia, Ucrânia — Foto: Emile Ducke/The New York Times
![Equipe médica se prepara em um ponto de estabilização na região de Zaporíjia, Ucrânia — Foto: Emile Ducke/The New York Times](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/hgt0a28Kt8xU8VuQtV6eT3fFKYY=/0x0:1500x1071/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/B/G/Uk47yhTb2kJcaA8LyVTA/ukraine-medics-6.jpg)
![Equipe médica se prepara em um ponto de estabilização na região de Zaporíjia, Ucrânia — Foto: Emile Ducke/The New York Times](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/VgUe5ZKkJ-bh2kxBrDTOG3pJ1yI=/1500x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/B/G/Uk47yhTb2kJcaA8LyVTA/ukraine-medics-6.jpg)
Equipe médica se prepara em um ponto de estabilização na região de Zaporíjia, Ucrânia — Foto: Emile Ducke/The New York Times
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![Soldados transportam um paciente de um veículo blindado para um ponto de estabilização na região de Zaporizhzhia, na Ucrânia — Foto: Emile Ducke/The New York Times](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/x5FPvt5-HIWk9F2sbLK4dnyFYME=/0x0:1500x1071/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/y/I/WtOJ0lRV6G1f579dJr3g/ukraine-medics-2.jpg)
![Soldados transportam um paciente de um veículo blindado para um ponto de estabilização na região de Zaporizhzhia, na Ucrânia — Foto: Emile Ducke/The New York Times](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/xbdfcpe3ir39zQNHU_OW9YDoajc=/1500x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/y/I/WtOJ0lRV6G1f579dJr3g/ukraine-medics-2.jpg)
Soldados transportam um paciente de um veículo blindado para um ponto de estabilização na região de Zaporizhzhia, na Ucrânia — Foto: Emile Ducke/The New York Times
![Soldado com estilhaço perto de um dos olhos, sendo atendido por uma médica no ponto de estabilização na região de Zaporizhzhia, na Ucrânia. Foto: Foto: Emile Ducke/The New York Times](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/k-LRWSrAS8rpIs7kBKIhzdSJVUQ=/1500x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/6/W/dTAfenS3KAPqi0UC1Veg/ukraine-medics-3.jpg)
Soldado com estilhaço perto de um dos olhos, sendo atendido por uma médica no ponto de estabilização na região de Zaporizhzhia, na Ucrânia. Foto: Foto: Emile Ducke/The New York Times
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![Membros da unidade médica preparando medicamentos e instrumentos durante o turno da noite em um ponto de estabilização na região de Zaporizhzhia, na Ucrânia. Foto: Emile Ducke/The New York Times](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/IUK_466A-bxTcqo_5_S632kRGQQ=/1500x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/a/H/OP1GENSiaJqIUHQf0PcQ/ukraine-medics-7-1-.jpg)
Membros da unidade médica preparando medicamentos e instrumentos durante o turno da noite em um ponto de estabilização na região de Zaporizhzhia, na Ucrânia. Foto: Emile Ducke/The New York Times
![A luta dos médicos para salvar os feridos da guerra na Ucrânia — Foto: Emile Ducke/The New York Times](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/ldHEVq2Rny77GxApJFAq64Er7nU=/1500x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/S/n/5kRE8ISByQmA3ZL2mDqA/ukraine-medics-8.jpg)
A luta dos médicos para salvar os feridos da guerra na Ucrânia — Foto: Emile Ducke/The New York Times
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![Romashka, chefe de um ponto de estabilização médica na região de Zaporizhzhia, na Ucrânia, fumando um cachimbo após terminar o tratamento de pacientes. Foto: Emile Ducke/The New York Times](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/v32H_LL-WgsABnYWLQ1koryTAds=/1500x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/7/O/cA3LxpQB2VTg0PoxgYag/ukraine-medics-9.jpg)
Romashka, chefe de um ponto de estabilização médica na região de Zaporizhzhia, na Ucrânia, fumando um cachimbo após terminar o tratamento de pacientes. Foto: Emile Ducke/The New York Times
Em paralelo, o líder russo criticou as remessas de ajuda bélica e militar enviadas pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), sobretudo pelos EUA, a Kiev. Referindo-se diretamente às bombas de fragmentação já enviadas por Washington e aos caças F-16, de fabricação americana, que os aliados se preparam para mandar para a Ucrânia, ele disse que elas apenas prolongariam o conflito, dificultando a resolução da guerra.
— Vão entregar caças F-16. Vai mudar algo? Não acredito. Isso apenas prolongará o conflito — disse Putin. — Outra coisa é preocupante: já não há limites. Não faz muito tempo, o governo americano considerava o uso de bombas de fragmentação um crime de guerra. E afirmou isto de maneira pública.
Mil alistamentos por dia
Mais raro do que os comentários gerais sobre a guerra e as críticas ao Ocidente, Putin comentou também sobre os esforços russos para manter o volume de tropas em ação no país vizinho.
O presidente russo estimou que cerca de 500 mil pessoas se alistaram no Exército russo desde que a operação na Ucrânia foi lançada, incluindo os 300 mil anunciados publicamente pelo Kremlin no ano passado. De lá para cá, uma média de 1 mil a 1,5 mil pessoas teria se alistado por dia, segundo Putin.
— Fizemos uma mobilização parcial, e 300 mil pessoas se alistaram. E, nos últimos seis ou sete meses, 270 mil pessoas assinaram voluntariamente contratos nas Forças Armadas e em unidades de voluntários — detalhou.
A Rússia nunca revelou quantos homens participaram da operação inicial da ofensiva na Ucrânia em fevereiro de 2022, mas fontes ocidentais estimam o número em entre 150 mil e 190 mil. Nenhum lado do conflito revela suas baixas, mas, segundo fontes ocidentais, são consideráveis.