Rússia e Coreia do Norte expressaram interesse em uma cooperação bilateral mais estreita nesta terça-feira, em mensagens separadas, ilustrando sua crescente aproximação desde o início da ofensiva do Kremlin na Ucrânia.
- 'Após advertirem sobre 'fim' do regime': China alerta EUA e Coreia do Sul a não causar 'confronto' com Coreia do Norte
- 'Traidores': Coreia do Norte corta canal de comunicação com o Sul, criticando vizinhos
O presidente russo, Vladimir Putin, defendeu uma aproximação com Pyongyang em uma mensagem de felicitações ao líder norte-coreano, Kim Jong-un, por ocasião do Dia da Libertação da Coreia, informou o Kremlin.
— Tenho certeza de que vamos continuar fortalecendo a cooperação bilateral em todas as áreas para o benefício de nossos povos, para fortalecer a estabilidade e a segurança na Península Coreana e no conjunto da região do Nordeste asiático — afirmou Putin.
Kim, por sua vez, "destacou a necessidade de continuar o desenvolvimento da cooperação estratégica e tática entre os dois países nos campos da segurança e da defesa", segundo uma mensagem do ministro da Defesa norte-coreano, Kang Sun Nam, citado pela agência russa Ria Novosti.
Desde o lançamento de sua ofensiva na Ucrânia, a Rússia implementou uma aproximação com a Coreia do Norte, aliada da União Soviética durante a Guerra Fria. O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, descreveu a Coreia do Norte no final de julho como um "parceiro importante" para Moscou durante uma reunião com seu homólogo norte-coreano.
Além disso, como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, a Rússia há muito tempo veta novas sanções contra a Coreia do Norte devido ao seu programa nuclear e repetidos lançamentos de mísseis.
Em resposta às declarações, os Estados Unidos disseram que a Rússia violará resoluções da ONU se chegar a um acordo de armas com a Coreia do Norte.
— Sem dúvida, qualquer tipo de cooperação de segurança ou acordo sobre armas entre Coreia do Norte e Rússia violaria uma série de resoluções do Conselho de Segurança da ONU — disse Vedant Patel, porta-voz do Departamento de Estado, à imprensa.
Patel enfatizou que a Rússia contou com algumas das nações mais condenadas ao ostracismo no mundo, como a Coreia do Norte e o Irã, para apoiar sua "guerra de agressão" contra a Ucrânia. Nesse sentido, Patel afirmou que "nossas informações indicam que a Rússia está buscando aumentar esse tipo de cooperação militar" com os norte-coreanos.
As declarações de Putin foram divulgadas poucos dias antes de uma reunião de cúpula entre os governantes da Coreia do Sul, EUA e Japão, que acontecerá na sexta-feira em Washington, com o objetivo de reforçar a cooperação na área de segurança contra as ameaças da Coreia do Norte.
As relações entre as duas Coreias estão atualmente em um péssimo momento, com a diplomacia paralisada. Em 2022, Pyongyang declarou que seu status de potência nuclear é "irreversível", fechando as portas para uma eventual negociação sobre desarmamento. No início deste ano, o líder norte-coreano ordenou que os exercícios militares fossem intensificados para preparar o país para uma "guerra real", termo que voltou a repetir no início da semana passada, quando demitiu o general-chefe da Coreia do Norte e pediu aumento na produção de armas do país.