Eleições EUA
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Por O Globo e agências internacionais — Washington

Uma semana após o desastroso desempenho de Joe Biden no debate com seu rival na campanha à Presidência, Donald Trump, as vozes que defendem sua desistência se multiplicam e se amplificam dentro do Partido Democrata, e até o atual morador da Casa Branca questiona se deve mesmo seguir na disputa. Nesta quarta-feira, ele se reuniu com um grupo de governadores democratas e com a vice-presidente, Kamala Harris, em busca de apoio para continuar na disputa, e também de conselhos sobre seus próximos passos, ao mesmo tempo em que garantiu que estará nas urnas em novembro.

O encontro foi na Sala Roosevelt — de forma virtual e presencial — com os governadores democratas, incluindo Gavin Newsom da Califórnia, Gretchen Whitmer de Michigan e Andy Beshear de Kentucky, todos os quais foram cogitados como potenciais candidatos substitutos. Na reunião, eles expressaram preocupações sobre uma possível segunda Presidência de Donald Trump, lembrando como muitos deles dependiam da disposição do ex-mandatário para atuar com eficácia durante a pandemia de Covid-19.

Tim Walz, de Minnesota, e Wes Moore, de Maryland, relataram à imprensa que a conversa foi "honesta" e que estão todos focados em uma vitória nas próximas eleições de novembro. Kathy Hochul, de Nova York, declarou, por sua vez, que Biden está "comprometido em vencer" e que todos prometeram apoiá-lo.

Na segunda-feira, em uma conversa entre governadores democratas, muitos se disseram surpresos com o silêncio de Biden desde a quinta-feira da semana passada, e citaram que apenas assessores do presidente entraram em contato com eles.

— Eles querem ouvir o próprio presidente falar antes de saírem e arriscarem seus pescoços por ele mais uma vez — disse à CBS News uma pessoa que acompanhou a conversa, que deverá incluir líderes democratas no Congresso.

Mais cedo, Biden e Harris almoçaram e conversaram por telefone com membros do Comitê Nacional do Partido Democrata, e reiteraram que o presidente segue na campanha, e que retornará ainda mais forte depois do debate da semana passada.

— Me deixem dizer isso da forma mais clara possível, e da forma mais simples e direta que puder: eu estou concorrendo, ninguém está me afastando. Não estou desistindo. Estou nessa disputa até o fim, e vamos vencer — disse Biden, de acordo com o site Politico. Ele repetiu os argumentos e a promessa de permanecer na campanha em e-mail enviado a doadores.

Na terça-feira, o deputado Lloyd Doggert, do Texas, foi o primeiro parlamentar democrata a pedir publicamente que Biden abandone a disputa. Um dia depois, Raúl Grijalva, do Arizona, disse que se Biden for indicado vai apoiá-lo, mas sugeriu que é o momento de "olhar para outras possibilidades", defendendo sua desistência. A Bloomberg revelou que um grupo de deputados democratas considera escrever uma carta pedindo que o presidente desista: eles não temem apenas uma derrota na corrida pela Casa Branca, mas também nas eleições para o Congresso, que renovará toda a Câmara e um terço do Senado.

— Temos que vencer esta disputa, [pela Casa Branca] e temos que manter a Câmara e o Senado — disse Grijalva ao New York Times, afirmando que uma vitória de Trump jogaria "no esgoto" tudo que os democratas fizeram durante o governo Biden.

De acordo com o Washington Post, o ex-presidente Barack Obama tem expressado preocupação com as dificuldades que Biden terá para derrotar Trump após o debate, e chegou a conversar com o democrata na semana passada. Casas de apostas consideram que as chances de desistência hoje superam os 50%.

Segundo o New York Times, o presidente confidenciou a um aliado saber que, caso não consiga passar confiança ao eleitorado, não terá mais chances de recuperação.

— Ele sabe que se tiver dois eventos como esse [o debate], nós estaremos em uma posição bem diferente — afirmou o aliado, em condição de anonimato.

Outro conselheiro do presidente, também sob anonimato, disse ao jornal que Biden “está ciente do desafio político que ele enfrenta”. A Casa Branca negou as informações.

— O presidente está seguindo adiante com seu governo, está seguindo adiante com sua campanha, e sua campanha tem sido muito clara sobre isso, e esse é o foco do presidente — disse a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre. — Qualquer coisa diferente que estivermos ouvindo ou que tenha sido dito na imprensa é absolutamente falso. Absolutamente falso.

'Eu não debato tão bem quanto costumava', diz Biden após duelo com Trump

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Em público, Biden creditou o mau desempenho no debate a fatores como cansaço, viagens e uma gripe, e tem intensificado sua agenda de eventos para demonstrar força. Na sexta-feira, ele dará uma entrevista ao canal ABC, a primeira desde o embate com Trump.

— Amigos, eu não ando mais como costumava andar, não falo da forma como falava, não deba…debato tão bem como debatia. Mas eu sei o que fazer, eu sei como contar a verdade — afirmou Biden, em discurso um dia depois do debate, na Carolina do Norte. — Eu sei, eu sei diferenciar o certo do errado. Sei o que é necessário para desempenhar esse trabalho, e sei fazer as coisas. E sei o que milhares de americanos sabem: quando você é derrubado, você se levanta.

No briefing diário à imprensa, Karine Jean-Pierre, ao ser questionada se Biden pensava em desistir, foi enfática:

— Absolutamente não — afirmou, acrescentando que a mensagem vem "diretamente da campanha". Perguntas similares foram repetidas ao longo do briefing, e receberam a mesma resposta.

Lapsos recorrentes

Aliados e apoiadores do presidente têm lembrado, de forma recorrente, como a vida de Biden foi marcada pela resiliência e pela capacidade de se recuperar de tragédias: a morte de sua primeira mulher, Neilia, e de sua filha, Ashley, em um acidente de carro em 1977, e a morte de seu filho Beau, visto por muitos como um provável sucessor político, em 2015, moldaram o longevo senador, vice-presidente e presidente. Uma noite ruim, argumentam, seria apenas mais um degrau para alguém acostumado com escadarias.

— Foi um início lento, isso ficou claro para todo mundo, não vou discutir isso — disse Kamala Harris, em entrevista à CNN, pouco depois do debate. — Mas vou falar sobre a escolha em novembro. Estou falando sobre uma das eleições mais importantes de nossas vidas.

Mas o fracasso no debate não foi um episódio isolado: pessoas próximas afirmam que os lapsos são cada vez mais frequentes. Em reportagem, o New York Times disse que o presidente pareceu “congelar” durante a comemoração de um feriado nos EUA, no mês passado, e no dia 18 de junho teve dificuldades ao mencionar o nome do secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, em um discurso — diante dos olhares alarmados da plateia, ele eventualmente conseguiu citar o secretário. Na terça-feira, cometeu mais uma de suas famosas gafes em visita a um centro de operações de emergências em Washington, mais um lapso para uma lista crescente.

— Investimos bilhões para melhorar nossa rede elétrica, expandir a escassez [armazenamento, em inglês são palavras parecidas] de energia para que as luzes, o ar condicionado, a refrigeração e a Internet permaneçam ligados durante ondas de calor, tempestades e outras mudanças climáticas — disse Biden. A correção foi feita apenas na transcrição oficial da Casa Branca.

Presidente dos EUA, Joe Biden, em Washington — Foto: Mandel NGAN / AFP
Presidente dos EUA, Joe Biden, em Washington — Foto: Mandel NGAN / AFP

Segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira pela rede CBS, Trump ampliou a vantagem sobre Biden no cenário nacional e também nos chamados “estados decisivos”, onde não existe uma tendência histórica de votação, e onde a disputa pela Casa Branca deve ser definida.

A idade de Biden foi citada por 69% dos entrevistados como um fator na hora de escolher o candidato — na semana passada, uma pesquisa, também da CBS, mostrou que 72% dos eleitores acreditam que Biden não deve concorrer. Entre os democratas, são 46% dos entrevistados. E para 41%, o presidente não tem condições cognitivas para o cargo, embora os médicos da Casa Branca digam que ele está apto a exercer suas funções.

'Furacão de Categoria 5'

Na mensagem em que defendeu a desistência de Biden, Lloyd Doggert citou o exemplo de Lyndon Johnson, que abandonou a disputa à reeleição em 1968, em meio a críticas internas sobre a gestão da Guerra do Vietnã, dentre outros fatores. A cerca de seis semanas da convenção que deve (até o momento) confirmar o nome de Biden, democratas já traçam cenários sem o presidente na disputa, e alguns deles assustam.

— Seria um furacão de Categoria 5 — disse à CNN um integrante do Partido Democrata, quando questionado sobre a eventual desistência de Biden. — As pessoas não entendem a escala da destruição que ocorreria.

Vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, em discurso em junho de 2021 — Foto: ANGELA WEISS / AFP
Vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, em discurso em junho de 2021 — Foto: ANGELA WEISS / AFP

A hipótese considerada mais simples é Biden apontar Kamala Harris sua sucessora. Em tese, ela já teria o controle e o conhecimento da máquina pública, o apoio dos delegados que votaram em Biden nas primárias e a chance de unir o partido após meses de questionamentos sobre o presidente. Uma pesquisa divulgada pela CNN na terça-feira mostrou Harris dois pontos percentuais atrás de Trump em números nacionais (47% x 45%). Biden tem desvantagem de seis pontos percentuais (49% x 43%). Para 75% dos entrevistados, os democratas teriam mais chances de vencer se escolhessem outro candidato que não o atual presidente.

Mas existe a possibilidade de Kamala, mesmo com o apoio de Biden, ser desafiada em uma convenção aberta, quando o candidato não consegue os votos necessários para a indicação em uma primeira votação, liberando os delegados partidários para escolherem quem acharem mais apto. Além da vice-presidente, a lista é longa, e inclui governadores como Gavin Newsom, da Califórnia, Gretchen Whitmer, do Michigan, e J.B. Pritzker, de IIIinois, que tentariam fechar acordos, em sua maioria a portas fechadas, para garantir uma vaga na eleição presidencial.

Os riscos são elevados: em 1968, após a desistência de Lyndon Jonhson, os democratas protagonizaram uma das mais caóticas convenções da História, que indicou Hubert Humphrey, deixou dezenas de presos e feridos e expôs as fraturas dentro do partido. Meses depois, Humphrey seria derrotado por Richard Nixon.

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