Inflação argentina acelera em novembro e supera 160% em 12 meses

No governo do ex-presidente Alberto Fernández, variação acumulada dos preços ultrapassou 900%

Por — Rio de Janeiro


Após a posse de Milei, preços dispararam e peso perdeu ainda mais valor Ricardo Pristupluk/La Nación

Segundo dados divulgados nesta quarta-feira, a inflação em 12 meses na Argentina ultrapassou os 160% em novembro, antes da desvalorização massiva da moeda executada pelo presidente Javier Milei, em seus primeiros dias de governo. A expectativa é que a medida provavelmente acelerará ainda mais os aumentos de preços no país neste mês.

Os preços ao consumidor subiram 12,8% em novembro em relação ao mês anterior, acima da estimativa média de 11,4% dos economistas entrevistados pela Bloomberg. A inflação anualizada atingiu 160,9%, o nível mais alto desde o início da década de 1990, quando a Argentina saía de uma hiperinflação.

Mas o índice já está desatualizado, pois Milei, que venceu o segundo turno presidencial contra o ex-ministro da Economia Sergio Massa no dia 19 de novembro e tomou posse no último domingo, decretou o fim do congelamento de preços de centenas de produtos, feito pelo governo anterior, que expirariam após as eleições.

Essa decisão e a desvalorização oficial do peso em 54% fizeram disparar as remarcações no comércio argentino nos últimos dias.

Segundo um cálculo apontado pelo jornal argentino Ámbito, o mandato do ex-presidente Alberto Fernández encerrou com uma inflação acumulada de 931% em quatro anos.

Os primeiros dias de dezembro já registraram aumentos de preços de 15% em relação ao mês anterior. Segundo a consultoria C&T Asesores, a inflação pode fechar na casa dos 20%. Essa inflação é resultado de "uma correção generalizada dos preços", incluindo gasolina, segundo a economista María Castiglioni, diretora da empresa.

O JPMorgan prevê um aumento acumulado de preços de 60% em dezembro e janeiro, de acordo com uma nota recente. Alimentos e bebidas lideraram todos os aumentos de preços em novembro, seguidos por roupas e despesas com alimentação.

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Além da desvalorização, o ministro da Economia de Milei, Luis Caputo, anunciou nesta terça-feira um pacote de medidas para cortar os gastos em um equivalente a 2,9% do PIB, a fim de alcançar o equilíbrio fiscal no próximo ano, incluindo o fim de subsídios cruciais para manter os preços da energia e do transporte.

O novo governo reconhece que as medidas serão recessivas, mas promete que serão a última amargura que os argentinos terão que suportar para corrigir a má gestão econômica do governo anterior.

Milei preparou os argentinos para os tempos difíceis que se aproximam em um discurso sombrio durante sua posse no domingo, repetindo várias vezes que "não há dinheiro", uma frase ecoada por Caputo em seu anúncio gravado nesta terça-feira. Milei alertou que, se medidas drásticas não forem tomadas agora, a Argentina pode ver uma inflação anual de 15.000%.

O banco central argentino manteve nesta quarta-feira a taxa de referência Leliq em 133% e reduziu a taxa de juros dos acordos de recompra para um dia de 126% para 100%.

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