Uma consolidação do setor aéreo reduziria o custo de capital para as companhias latino-americanas, resultando em melhores serviços para os clientes, disse o CEO da Azul Linhas Aéreas, John Peter Rodgerson.
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— Sempre acreditamos muito na consolidação — disse Rodgerson em entrevista em Nova York ontem. — O produto melhora para os clientes e pode realmente fortalecer um grande mercado no Brasil que vemos hoje.
Rodgerson não quis comentar sobre processos “ativos” de fusões e aquisições. A Azul explora uma possibilidade de fusão com a Gol Linhas Aéreas Inteligentes, que está em recuperação judicial. Negociações estão em andamento para um possível acordo com o acionista controlador da companhia aérea rival em dificuldades, pessoas com conhecimento do assunto disseram à Bloomberg há alguns meses. Em março, a Azul contratou a assessoria de bancos para avaliar oferta pela Gol.
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As companhias aéreas latinas têm enfrentado grandes dificuldades desde a pandemia, já que os governos de toda a região ofereceram pouca ajuda ao setor. Avianca, Latam Airlines e Grupo Aeromexico SAB entraram com recuperação judicial nos Estados Unidos em 2020. Já a brasileira Gol pediu recuperação no final de janeiro, diversas reestruturações.
O CEO da Azul reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir um plano para usar fundos públicos como garantia para empréstimos, dando às companhias aéreas algum espaço para respirar. Ele disse que o governo compreende a importância de proporcionar alívio da dívida e trabalha ativamente numa solução, que deverá surgir “dentro de alguns meses”.
— Se você tiver acesso ao crédito com um custo de capital menor, isso permitirá que as tarifas sejam mais baratas e que mais aeronaves sejam compradas — disse Rodgerson. — Quando converso com o governo brasileiro, essas são as coisas mais importantes.
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Rodgerson também reafirmou a previsão de Ebitda (indicador de geração líquida de caixa) da empresa para o ano, mesmo com as companhias aéreas sendo atingidas pela desvalorização do real, pelo aumento dos custos dos combustíveis e pelas enchentes que devastaram a região sul do país.
O estado do Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 8% da movimentação da Azul, com cerca de dois terços dela atualmente fora de serviço devido às fortes chuvas que deixaram pelo menos 140 mortos. O aeroporto da capital Porto Alegre ficou submerso e ainda não tem data prevista para reabertura.
O Ebitda da empresa deve totalizar cerca de R$ 6,5 bilhões em 2024, um aumento de 25% em relação ao ano passado, e sua relação dívida líquida/Ebitda dos últimos 12 meses deve cair para cerca de 3 vezes, dos atuais 3,7 vezes. A Azul tem um título de US$ 68 milhões com vencimento no quarto trimestre e pretende pagá-lo em dinheiro, disse Rodgerson.
— A companhia aérea tem o dobro do tamanho de antes da pandemia em termos de receita — disse o executivo. — Temos mais dívidas, mas hoje somos uma companhia aérea muito maior.