De olho na Gol, CEO da Azul vê fusão entre companhias aéreas como solução para dificuldades do setor

'Sempre acreditamos muito na consolidação', afirmou John Peter Rodgerson em evento em NY. Aérea brasileira estuda oferta pela rival Gol, que está em recuperação judicial

Por Bloomberg — Nova York


Jhon Rodgerson, CEO da Azul Cristiano Mariz

Uma consolidação do setor aéreo reduziria o custo de capital para as companhias latino-americanas, resultando em melhores serviços para os clientes, disse o CEO da Azul Linhas Aéreas, John Peter Rodgerson.

— Sempre acreditamos muito na consolidação — disse Rodgerson em entrevista em Nova York ontem. — O produto melhora para os clientes e pode realmente fortalecer um grande mercado no Brasil que vemos hoje.

Rodgerson não quis comentar sobre processos “ativos” de fusões e aquisições. A Azul explora uma possibilidade de fusão com a Gol Linhas Aéreas Inteligentes, que está em recuperação judicial. Negociações estão em andamento para um possível acordo com o acionista controlador da companhia aérea rival em dificuldades, pessoas com conhecimento do assunto disseram à Bloomberg há alguns meses. Em março, a Azul contratou a assessoria de bancos para avaliar oferta pela Gol.

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As companhias aéreas latinas têm enfrentado grandes dificuldades desde a pandemia, já que os governos de toda a região ofereceram pouca ajuda ao setor. Avianca, Latam Airlines e Grupo Aeromexico SAB entraram com recuperação judicial nos Estados Unidos em 2020. Já a brasileira Gol pediu recuperação no final de janeiro, diversas reestruturações.

O CEO da Azul reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir um plano para usar fundos públicos como garantia para empréstimos, dando às companhias aéreas algum espaço para respirar. Ele disse que o governo compreende a importância de proporcionar alívio da dívida e trabalha ativamente numa solução, que deverá surgir “dentro de alguns meses”.

— Se você tiver acesso ao crédito com um custo de capital menor, isso permitirá que as tarifas sejam mais baratas e que mais aeronaves sejam compradas — disse Rodgerson. — Quando converso com o governo brasileiro, essas são as coisas mais importantes.

Perspectivas de crescimento e impacto no RS

Rodgerson também reafirmou a previsão de Ebitda (indicador de geração líquida de caixa) da empresa para o ano, mesmo com as companhias aéreas sendo atingidas pela desvalorização do real, pelo aumento dos custos dos combustíveis e pelas enchentes que devastaram a região sul do país.

O estado do Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 8% da movimentação da Azul, com cerca de dois terços dela atualmente fora de serviço devido às fortes chuvas que deixaram pelo menos 140 mortos. O aeroporto da capital Porto Alegre ficou submerso e ainda não tem data prevista para reabertura.

O Ebitda da empresa deve totalizar cerca de R$ 6,5 bilhões em 2024, um aumento de 25% em relação ao ano passado, e sua relação dívida líquida/Ebitda dos últimos 12 meses deve cair para cerca de 3 vezes, dos atuais 3,7 vezes. A Azul tem um título de US$ 68 milhões com vencimento no quarto trimestre e pretende pagá-lo em dinheiro, disse Rodgerson.

— A companhia aérea tem o dobro do tamanho de antes da pandemia em termos de receita — disse o executivo. — Temos mais dívidas, mas hoje somos uma companhia aérea muito maior.

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