Uma investigação da Polícia Judiciária revelou que o juiz português Hélder Claro foi arquiteto de um esquema de captação de mulheres brasileiras para trabalhar como acompanhantes em Portugal.
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Antes de ser expulso da magistratura em abril deste ano, Claro organizou a entrada em Portugal de pelo menos sete brasileiras para o trabalho em uma boate no Porto.
Claro é investigado pelos crimes de auxílio à imigração ilegal, corrupção, abuso de poder, lavagem de dinheiro e prevaricação em negócios urbanísticos, segundo o “Jornal de Notícias”.
A investigação é baseada em escutas, que descobriram como o ex-juiz utilizou a ajuda de uma brasileira, identificada como Samantha, para captar e iludir mulheres ainda no Brasil.
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Segundo a investigação, Claro mandou Samantha enganar as brasileiras, dizendo que o trabalho seria em um bar e não como acompanhantes. Ela recebeu € 6 mil (R$ 34 mil) de comissão.
Samantha, também investigada por auxílio à imigração ilegal, enviou 16 fotos de oito mulheres e deu sinal verde para começar a tratar da burocracia com contratos e vistos.
Os vistos de trabalho foram negados por um consulado português no Brasil. E Claro disse ao gerente da boate que agilizasse o desembarque das mulheres como turistas, o que acabou acontecendo.
O ex-juiz ainda explicou que as brasileiras teriam que desembarcar separadas em Portugal para que o extinto Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) não criasse obstáculos.
Claro despertou suspeitas da PJ por uma tentativa de lavagem de € 90 milhões (R$ 518 milhões) envolvendo criptomoedas.
Também é suspeito de abuso de poder e corrupção durante a instalação de uma filial de uma rede internacional de supermercados em Matosinhos, cidade vizinha ao Porto.