Mercado de trabalho deve continuar favorável, mas gerando empregos poucos qualificados, diz economista

João Saboia avalia que rendimento do trabalhador deve continuar em alta, mas mudança no perfil de vagas depende de crescimento maior da economia


Carteira de trabalho física Wikipedia Commons

Há boas notícias para celebrar o Dia do Trabalho, o Brasil tem a menor taxa de desemprego num primeiro trimestre em dez anos, segundo o IBGE. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho, apontam um geração de vagas de emprego formal 33,9% maior do que no primeiro trimestre no passado. Mas o que vem pela frente? O economista João Saboia, professor do emérito do Instituto de Economia da UFRJ, diz que o mercado de trabalho deve continuar favorável, no entanto, a regra geral se manterá: empregos pouco qualificados e com baixa remuneração.

- Como o crescimento do PIB deve continuar baixo nos próximos anos, acho perfeitamente possível que continue havendo geração de empregos de baixa qualidade no futuro próximo. Com isso a taxa de desemprego pode continuar caindo. Como a inflação deve continuar baixa e o salário mínimo real vai continuar aumentando, o rendimento médio do trabalho deve continuare favorável. Em resumo, dentro desse contexto o mercado de trabalho deve continuar favorável. Mas trata-se de um mercado que gera empregos de baixa qualidade em grande número.- diz Saboia.

A mudança nesse cenário, diz o professor, não é nada trivial e depende de mudanças no patamar de crescimento da economia brasileira e de investimento em educação:

- Estou trabalhando na questão da produtividade que está estagnada desde 2012. Nossos modelos associam com clareza a produtividade com os investimentos e o nível de escolaridade dos trabalhadores. Para crescer com qualidade a economia precisa crescer, os investimentos serem recuperados e a educação da população melhorar. Isso é o básico para o mercado de trabalho melhorar gerando bons empregos.

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