Paris deve ter 'plano B' para natação em águas abertas, afirma a campeã olímpica Ana Marcela Cunha

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— Precisamos de um plano B caso não seja possível nadar no Sena — disse ela à AFP, neste domingo, acrescentando que as dificuldades para nadar em Paris estão ligadas a um problema de “infraestrutura”. — O Sena não foi feito para nadar.

Os organizadores escolheram deliberadamente um percurso para as provas masculinas e femininas de 10 quilômetros que mostrará a beleza da cidade. Mas Ana Marcela acredita que isso é secundário, se comparado à saúde dos atletas.

— Não se trata de apagar a história do Sena. Sabemos o que representam a Ponte Alexandre III e a Torre Eiffel, mas penso que a saúde dos atletas deve estar em primeiro lugar. Os organizadores devem aceitar que talvez, infelizmente, não seja possível realizar os eventos onde desejam — afirmou.

Faltando menos de cinco meses para a cerimônia de abertura dos Jogos de Paris, em 26 de julho, a qualidade da água do rio continua deixando os organizadores noites sem dormir. As autoridades francesas gastaram 1,4 bilhões de euros (1,5 bilhões de dólares) na modernização de instalações de tratamento de esgotos e águas pluviais na região de Paris para melhorar a qualidade da água do Sena, bem como do seu principal afluente, o Marne.

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As análises realizadas de 2015 a 2023, transmitidas à AFP pela Câmara Municipal de Paris, mostram, no entanto, grandes variações no verão passado, com vários picos na concentração de duas bactérias indicativas de contaminação fecal. De junho a setembro do ano passado, nenhum dos 14 pontos de amostragem de água em Paris correspondeu ao nível de qualidade estabelecido pelas diretivas europeias.

A capacidade de natação dos dois rios é pensada para se tornar um dos grandes legados dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, com o presidente francês, Emmanuel Macron, e a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, ambos prometendo dar um mergulho.

— No dia da competição não há muito o que fazer. Mas, uma vez fora da água, você pode adoecer quinze dias depois — disse Ana Marcela, relacionando os problemas com as preocupações mais amplas que o meio ambiente enfrenta. — Tudo está ligado à forma como tratamos a natureza, cada um tem que fazer a sua parte.

Apesar da incerteza sobre o local das provas em águas abertas, Ana Marcela continua focada em seu objetivo: manter o título em sua quarta Olimpíada. Será um grande desafio para a heptacampeã mundial, que provavelmente enfrentará dura oposição da alemã Leonie Beck e da holandesa Sharon van Rouwendaal, medalhista de ouro nos Jogos do Rio em 2016.

— Sei que é isso que todos esperam — disse Ana Marcela, que foi operada ao ombro em novembro de 2022 e insistiu que sabe “como lidar com a pressão e as expectativas”. — Já passei por muita coisa. Tive que ser operada e meus rivais me respeitam. Serei a pessoa a ser derrotada, mas estou tranquila quanto a isso.

Seu recorde, que remonta aos Jogos Sul-Americanos de 2006, quando ganhou duas medalhas de ouro aos 14 anos, faz dela uma das maiores de todos os tempos em seu esporte. Mas a nadadora, atualmente com 31 anos, hesita se Paris 2024 será o seu "canto do cisne":