Economia
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Por — Brasília

Diante da possibilidade de demora ou até mesmo fracasso das negociações para um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu investir em uma aproximação com os países do Sudeste Asiático. É uma das regiões mais cortejadas do planeta pela comunidade internacional.

A orientação nessa nova frente da política externa brasileira é aumentar não apenas os negócios e os investimentos bilaterais, como também alinhar as posições do Brasil com a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) em bandeiras como a reforma da governança mundial, o combate à fome, redução das desigualdades e o desenvolvimento sustentável. O bloco é formado por Brunei, Camboja, Cingapura, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Tailândia e Vietnã.

Em 2023, a corrente de comércio (soma de exportações com importações) do Brasil com a Asean foi de US$ 33 bilhões. No mesmo período, o fluxo comercial somente com a China totalizou US$ 157,5 bilhões.

O chanceler Mauro Vieira afirma que o governo brasileiro está pronto para apoiar projetos e iniciativas de abertura de mercado, em especial para produtos de maior valor agregado e para novos setores, como os ligados à transição energética, à aviação civil e à defesa.

— O mundo inteiro está disputando espaços na Asean e na China, que são polos extremamente dinâmicos da economia mundial nos últimos anos — disse Vieira.

O chanceler ressaltou que a proximidade das relações políticas oferecem ao Brasil uma vantagem a ser explorada nessa iniciativa. E revelou que, enquanto recentemente houve um corte de pessoal em embaixadas brasileiras em países desenvolvidos, foi mantido o número de vagas no Sudeste Asiático e aberta uma missão do Brasil junto à Asean.

— E ainda vamos abrir este ano nossa embaixada no Camboja. Com isso, teremos nove embaixadas em 11 países da Asean, mais a missão junto ao Secretariado — completou.

Dados sobre a região mostram que, se em 1980, a Asean representava 3,5% do PIB global, hoje o percentual corresponde ao dobro. É a sub-região que cresce na já pujante Ásia.

Acordo com Cingapura

Na parte comercial, o passo mais recente foi o acordo comercial entre Mercosul e Cingapura, assinado em reunião de presidentes no início deste ano, no Rio de Janeiro. Técnicos da área econômica afirmam que a Asean compra mais produtos do Brasil do que os países do Mercosul.

Em 2023, o bloco asiático importou US$ 24,4 bilhões de bens brasileiros, enquanto a união aduaneira sul-americana comprou R$ 23,6 bilhões, ou R$ 800 milhões a menos, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Ex-embaixador do Brasil na China e na Malásia, Marcos Caramuru, conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), destacou que a região está vivendo uma nova fase, com países como a Indonésia mostrando uma notável estabilidade política e econômica, ou a Malásia num novo momento de sua democracia e se tornando um polo no segmento de semicondutores.

— O aumento expressivo do comércio internacional impõe a aproximação política — disse Caramuru.

Ele salientou que o Sudeste Asiático tem pontos em comum com a América Latina, seja no que se refere ao posicionamento sobre as grandes questões da vida internacional ,seja no que se refere à sua inserção na economia mundial como mercado emergente.

— O processo da Asean tem características próprias diferentes das que norteiam os processos de integração na América Latina. Vale a pena conhecer melhor como ele opera e absorver as boas lições — sugeriu.

Evandro Gussi, presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), ressaltou que o Brasil foi capaz de desenvolver, nas quatro últimas décadas, um sistema de produção de bioenergia, em especial o etanol, com eficiência e segurança.

Segundo ele, o que começou como alternativa para a necessidade de diversificar fontes energéticas, ainda nos anos 1970 com o Proálcool, passou a ser uma resposta eficaz para a necessária e urgente descarbonização dos transportes e mobilidade sustentável. E o Sudeste Asiático é uma região que investe e precisa desses produtos.

— Hoje, temos um modelo de produção em linha com o que a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) chama de Sistemas Integrados de Alimento e Energia que, simplificando, significa que quanto mais energia produzimos, mais alimentos temos. E o melhor de tudo: essa história é replicável e funciona muito bem em países com vocação para a agroindústria, como as nações do Sul Global. É isso o que estamos levando para o Sudeste Asiático.

Gussi esteve na Indonésia em outubro do ano passado e no Vietnã neste ano. Disse que a indústria sucroalcooleira brasileira quer contribuir para que esses países possam acelerar a transição energética, com a participação do governo e do setor automotivo.

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