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A alta do câmbio, mantendo o dólar acima do patamar de R$ 5 desde o fim de março, leva os brasileiros — ávidos por viagens desde o fim do isolamento da pandemia — a buscarem destinos mais próximos nas férias de julho, apontam operadores do setor de turismo e companhias aéreas.

A conjuntura deve favorecer um aumento na procura por passagens e pacotes na temporada do meio deste ano, mas fortalecendo sobretudo viagens nacionais e para a América do Sul, com destaque para Buenos Aires e Bariloche, na Argentina, e Santiago, no Chile. Porém, sem frear a demanda para outras regiões no exterior, como EUA e Europa, em razão da maior oferta de voos.

— A alta do câmbio impacta diretamente o consumidor. Ele vai tomar a decisão olhando para (a relação) custo/benefício, para a melhor oportunidade. E isso beneficia viagens nacionais e regionais — diz Jeanine Pires, consultora e ex-presidente da Embratur. — E, agora, devido aos acontecimentos dos últimos anos, pandemia, efeito da (recuperação judicial da) 123Milhas, eventos climáticos extremos, ele quer certeza de que a viagem vai dar certo.

Praia de Serrambi, próxima ao famoso balneário de Porto de Galinhas, em Pernambuco — Foto: Divulgação
Praia de Serrambi, próxima ao famoso balneário de Porto de Galinhas, em Pernambuco — Foto: Divulgação

Brasil é o carro-chefe

As viagens nacionais têm sido o carro-chefe, e as vendas crescem de forma acelerada, como demonstra o anuário de 2023 da Braztoa, associação que reúne as operadoras de turismo do Brasil, divulgado no mês passado.

O setor alcançou R$ 19,24 bilhões em faturamento no ano passado, um aumento de 39% na comparação com 2022. Desse total, 60% vêm de roteiros domésticos, com expansão de 122% na receita e o melhor resultado desde 2010, batendo em R$ 11,55 bilhões.

O segmento internacional segue em expansão, tendo subido 22%, a R$ 7,7 bilhões com resultado recorde pelo segundo ano consecutivo.

— O câmbio tem um impacto, que não é negativo para as viagens internacionais porque elas continuam a crescer, mas muito positivo nas nacionais. Porque a diferença de valores entre as viagens faz algumas pessoas preferirem roteiros no Brasil frente aos do exterior — diz Fabiano Camargo, presidente do Conselho de Administração da Braztoa.

Há peças nesse tabuleiro que mantêm os roteiros internacionais na mira de parcela das famílias. Uma delas é a maior oferta de assentos em voos para fora do país, que favorece preços melhores e está dando um salto este ano, com atraentes opções para destinos sul-americanos, onde câmbio não é um item crítico.

Cartão-postal: Livraria da rede El Ateneo que ocupa o antigo teatro Grand Splendid, em Buenos Aires: seis mil visitantes nos fins de semana, com brasileiros liderando o ranking de turistas estrangeiros — Foto: Divulgação
Cartão-postal: Livraria da rede El Ateneo que ocupa o antigo teatro Grand Splendid, em Buenos Aires: seis mil visitantes nos fins de semana, com brasileiros liderando o ranking de turistas estrangeiros — Foto: Divulgação

E, claro, o consumidor bate o martelo de olho no custo. O preço médio de venda das operadoras em 2023 mostra de forma clara a diferença em favor de viagens para a América do Sul ou doméstico, por exemplo. Foi de US$ 2.995 (R$ 15.574) para a Europa; US$ 2.529 (R$ 13.150) para a América do Norte; e US$ 1.828 (R$ 9.505) para a América do Sul.

Nos roteiros nacionais, a média foi R$ 2.190. São valores médios de compras no setor, podendo ser de um pacote completo, somente um trecho aéreo ou hospedagem e outros serviços.

As cotações das moedas dos países sul-americanos ajudam a reduzir o peso da viagem no bolso. Desde maio do ano passado, o peso chileno acumula desvalorização de quase 20% na comparação com o real. No caso do peso argentino, a desvalorização é de cerca de 60%.

O mercado já sente a expansão da demanda. A CVC, por exemplo, uma das principais operadoras de turismo do país, registra alta de 80,5% na procura por destinos sul-americanos para julho, sobretudo Buenos Aires, Bariloche, Mendoza e Santiago, destinos de neve nessa época do ano. No Brasil, as buscas por Porto de Galinhas (PE) subiram 56,6%; para João Pessoa (PB), 53,9%; e para Maceió (AL), 44%.

Lago Nahuel Huapi, em Bariloche, Argentina — Foto: Divulgação / Turismo de Bariloche
Lago Nahuel Huapi, em Bariloche, Argentina — Foto: Divulgação / Turismo de Bariloche

— Diferentemente do que ocorreu nas férias de julho de 2023, quando o câmbio até era melhor, a oferta de assentos para o exterior estava mais restrita. O aumento da capacidade feito pelas aéreas pode ajudar a fazer viagens internacionais caberem o bolso do brasileiro — diz Fabio Mader, diretor executivo de Produtos e Pricing da CVC.

Ele continua:

— Entre maio e o fim do ano, a malha de voos internacionais no Brasil crescerá 15%. Para a América do Sul, 36%. Será o maior volume de passageiros para o exterior sem dúvida, ainda que não lidere em receita.

Neve mais acessível

A FlyTour diz já registrar neste ano alta de 25% nas vendas para destinos internacionais ante o mesmo período de 2023. Os mais buscados também são os de neve na América do Sul.

No Decolar.com, as pesquisas para as férias de julho mais que dobraram na comparação com 2023, com salto de 107%. E no topo do ranking de destinos estrangeiros mais procurados repetem-se Santiago, Buenos Aires e Bariloche.

— Conhecer a neve é um sonho para muita gente. E a proximidade é um dos fatores que faz de Argentina e Chile destinos buscados pelos brasileiros, torna a viagem mais barata. Também não há necessidade de visto e passaporte, facilitando o ingresso, além de câmbio favorável — diz Vitor de Pieri, professor do Departamento de Turismo da Uerj.

Valle Nevado, nos arredores de Santiago, a maior estação de esqui do Chile — Foto: Divulgação
Valle Nevado, nos arredores de Santiago, a maior estação de esqui do Chile — Foto: Divulgação

Ele também destaca atrações turísticas acessíveis por meio de deslocamentos rápidos e segurança como outros fatores apreciados por quem quer relaxar nas férias de meio de ano .

A oferta de voos para destinos na América do Sul avançou. A Latam anunciou a ampliação da conexão entre o Rio e Santiago a partir de julho. Hoje, são 19 voos semanais ligando a capital fluminense à chilena, ante 11 em 2023. No mês de férias, serão 30 conexões. Depois, a oferta será de 26 voos por semana.

'Ponte gelada'

A Azul também vai estrear sua “ponte-gelada” em 30 de junho. A ligação entre Campinas (SP) e Bariloche, no norte da Patagônia argentina, será realizada seis vezes por semana até 25 de agosto.

Voando para a Argentina, a FlyBondi, que liga Buenos Aires ao Rio, aumentará a frequência de 14 para 20 voos entre as cidades a partir da metade de julho. Em agosto, retorna para dois voos diários.

Entre os dias 14 e 21 de julho, a viagem para Bariloche partindo de Viracopos, em Campinas, sai a partir de R$ 5.647 na Azul. Para Buenos Aires através da FlyBondi, ida e volta entre o Galeão e a capital argentina sai por R$2.140 no mesmo período. Para Santiago do Chile pela Latam, ida e volta sai por R$1.985.

Impacto na Serra Gaúcha

A Serra Gaúcha, com destaque para Gramado, tradicional destino das férias de inverno no país deve sofrer uma queda na movimentação de turistas em razão do desastre com as enchentes no Rio Grande do Sul, afirmam especialistas. Os esforços estão voltados para que viagens já agendadas não sejam canceladas, mas remarcadas.

Passeio de pedalinho no Lago Negro, um dos clássicos de Gramado, na Serra Gaúcha — Foto: Eduardo Maia
Passeio de pedalinho no Lago Negro, um dos clássicos de Gramado, na Serra Gaúcha — Foto: Eduardo Maia

Fernanda Oliveira, diretora comercial do Grupo Wish, que representa dois hotéis na região, o Wish Serrano e o Prodigy Gramado, que juntos somam 440 quartos, acredita que o setor de turismo vai conseguir ofertar pacotes para o destino, ainda que a malha aérea de acesso esteja reduzida:

— As companhias estão se preparando. Óbvio que não tem a capacidade da malha anterior de Porto Alegre, mas vamos conseguir ofertar pacotes com esses aeroportos regionais, mas também de carro e de ônibus.

Existe uma aposta no turismo regional no Rio Grande do Sul, diz ela. Para o Wish, quase metade do movimento vem historicamente da região, entre localidades gaúchas e de Santa Catarina, o que pode garantir “volume representativo de visitantes”.

— A melhor saída (para quem tem viagem para Gramado e região) é não cancelar, há como reacomodar. Também já criamos produtos alternativos nas proximidades, como para a Serra Catarinense — conta Mader, da CVC. — O turismo vai ser essencial para a recuperação da região.

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