Finanças
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Por — Rio de Janeiro

O dólar comercial encerrou as negociações nesta quinta-feira em queda de 1,46%, cotado a R$ 5,48. A moeda americana abriu em forte queda na manhã desta quinta-feira e chegou a bater R$ 5,46 na mínima do dia até o momento.

O recuo ocorre após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ter anunciado na noite desta quarta-feira, após o fechamento dos mercados, que o governo fará, por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias para fechar o Orçamento de 2025. O câmbio acumulou uma queda de 3,15% nos últimos dois dias.

O câmbio também é impulsionado pela desvalorização do dólar no mercado internacional, após dados da economia americana virem mais fracos do que o esperado ontem, sugerindo uma desaceleração na inflação nos Estados Unidos. Mesmo assim, o real foi a moeda que mais se valorizou frente ao dólar entre emergentes, recuperando parte das perdas acumuladas nas últimas semanas.

O anúncio de Haddad ocorreu no fim de um dia em que o presidente Lula mudou o tom de suas declarações. Após uma sucessão de entrevistas nas quais criticava a atuação do Banco Central (BC) e hesitava em expressar um compromisso mais firme com a redução de gastos, Lula afirmou, na manhã de quarta-feira, após encontro com Haddad no Alvorada, que "responsabilidade fiscal não é palavra, é compromisso fiscal desse governo desde 2003".

A guinada nas declarações de Lula interromperam uma sequência de altas no dólar, que fechou em queda de 1,71% na quarta-feira, cotado a R$ 5,56. Nesta semana, a moeda americana chegou a bater R$ 5,70.

Nas entrevistas que Lula concedeu a veículos de comunicação nas últimas semanas, o presidente afirmou que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tinha "viés político" e que não era correto que a presidência do BC fosse ocupada por uma pessoa indicada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro — a autonomia da instituição prevê que os mandatos do presidente da República e do presidente do órgão não sejam coincidentes.

A cruzada de Lula contra o BC tem como pano de fundo sua impaciência com a política de juros —que estão em 10,5% ao ano — e o diagnóstico interno de que, eleitoralmente, ele se beneficia junto a parcelas da população quando decide duelar com o mercado.

A avaliação entre auxiliares é que, apesar da irritação dos investidores, a maioria da população entende quando o petista associa os juros a problemas cotidianos. Uma série de pesquisas e levantamentos internos encomendados pelo governo também tem indicado que Lula ganha o debate da opinião pública quando bate na taxa de juros. O fato de ele repetir a mesma crítica se deve a uma intenção de “cristalizar” a narrativa.

Veja o que dizem analistas

Analistas avaliam que o anúncio do corte de gastos e as últimas falas de Lula sobre responsabilidade fiscal foram importantes para aliviar o estresse no mercado, o que se refletiu nos ativos ontem e nesta quinta-feira, e pode ser o início de uma nova postura do governo sobre as contas públicas. Eles destacam, no entanto, que ainda há incerteza no radar e que os investidores estarão atentos para os próximos passos.

Flavio Serrano, economista-chefe do Banco BMG, vê que há espaço para o dólar continuar caindo com o anúncio de mais medidas para controlar as despesas públicas e menos ataques por parte do presidente ao Banco Central e ao corte de gastos.

— Só vamos saber ao longo do tempo se os ataques vão diminuir ao não. O mercado vai continuar monitorando com nível de incerteza elevado, mas tendo a achar que daqui para a frente será menos ruidoso — ele opina.

O Banco BMG projeta o dólar a R$ 5,15 ao final deste ano. Ele também destaca que a revisão bimestral de receitas e despesas do governo, prevista para este mês, estará no radar dos investidores.

Diego Costa, diretor de câmbio para o norte e nordeste da B&T Câmbio, diz que é essencial que o governo apresente um plano fiscal "robusto e crível" para 2024 e 2025, com metas claras de ajuste de contas, redução da dívida pública e aumento da eficiência dos gastos.

Ele também enfatiza que a consistência entre o discurso e as ações é essencial para restabelecer a confiança do mercado, especialmente após os discursos recentes do presidente.

— Agora, o mercado aguarda que, além das palavras, o governo apresente ações concretas. Para garantir um voto de confiança mais robusto, é fundamental que o governo demonstre um compromisso consistente com a responsabilidade fiscal, com controle de gastos e reformas estruturais — ele afirma.

Gustavo Okuyama, ressalta que, após o alívio nos ativos desta semana, o mercado estará atento ao próximo relatório de receitas e despesas para avaliar quanto o governo federal estará disposto a contingenciar em gastos. Okuyama aponta que a média das estimativas no mercado aponta para uma necessidade entre 15 e 30 bilhões de reais para atingir a meta. Nesta terça-feira, no entanto, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse não ver necessidade de contingenciamento no momento.

— Os R$ 25,9 bilhões são uma promessa, mas o governo também tem que entregar. Não adianta o governo falar que tem compromisso com a meta fiscal se ele não seguir por essa direção. O mercado está muito sensível a esse tema ultimamente. Acredito que temos muito espaço para melhorar, tanto na moeda, quanto na curva de juros, mas diversos economistas já estão mudando as projeções de câmbio para este ano — ele diz.

Segundo o último boletim Focus, do Banco Central, o mercado elevou sua projeção para o câmbio em 2024 de R$ 5,15 para R$ 5,20. Na semana passada, a média dos economistas consultados já tinha subido de R$ 5,13.

— As notícias de hoje ajudam a tirar o prêmio de risco dos ativos, mas os ataques ao Banco Central e a sucessão também ficam no radar, tem incerteza se vai ser o Galípolo ou um nome mais heterodoxo, e sendo o Galípolo, qual autonomia ele vai ter? — ele afirma.

Fabio Serrano, economista do BTG Pactual, acredita que a recente sinalização do governo é positiva, destacando que havia uma falta de apoio do Planalto para medidas de contenção de gastos. Para ele, apesar do diagnóstico estar claro para a equipe econômica, faltava o respaldo político.

— Vemos mais uma grande descompressão de risco no mercado hoje, mas para entender a durabilidade desse movimento, a gente precisa saber os detalhes desse pacote: o que é 'executável' e se é apenas corte de espuma ou se vai ter uma economia real — ele diz, e também coloca que a implementação desses cortes depende de uma coordenação entre diferentes ministérios e que só será possível avaliar o sucesso dessa medida ao longo do tempo.

Ele também destaca que uma data-chave para o mercado será a divulgação do relatório de receitas e despesas. Do ponto de vista técnico, o BTG espera um bloqueio de 15 a 20 bilhões de reais, mas Fabio teme que o governo pode vir com um anúncio menor, o que não seria bem recebido pelo mercado.

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