Economia
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira que "responsabilidade fiscal é um compromisso" do governo e que o Executivo "não joga dinheiro fora". O presidente fez as declarações durante o evento de lançamento do Plano Safra para a agricultura familiar e poucas horas depois de ter se reunido, no Palácio da Alvorada, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

As falas sobre compromisso fiscal ocorrem após Lula ter criticado, nos últimos dias, o que chamou "jogo especulativo" da escalada do dólar. E de ter afirmado que não iria adotar medidas de contenção de gastos como, por exemplo, a desvinculação de benefícios sociais do salário mínimo.

— Se vocês (produtores rurais) fizerem acontecer, vamos produzir mais, o povo vai comer mais e teremos uma política econômica sem causar sobressaltos a ninguém, que vai fazer o país crescer e continuar fazendo transferência de renda e ao mesmo tempo continuar com responsabilidade. A gente aplica o dinheiro que é necessário, gasta com educação e saúde o que é necessário, mas a gente não joga dinheiro fora. Responsabilidade fiscal não é palavra, é compromisso desse governo desde 2003 e a gente manterá à risca.

Na equipe econômica, a visão é de que Lula precisava recuar nos ataques ao Banco Central diante da forte valorização do dólar, que já pressiona a inflação e, na visão de analistas do mercado, pode levar o BC a ter que subir os juros para conter a alta de preços.

A expectativa do mercado nesta quarta-feira é em relação a uma nova reunião que Lula terá com Haddad no fim da tarde desta quarta-feira, da qual também participarão o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e as ministras do Planejamento, Simone Tebet, e da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck.

Na terça-feira, Lula afirmou que a subida do dólar o preocupa e que a alta constante da moeda faz parte de um jogo "especulativo" e de "interesses" contra o real. Na terça-feira, o dólar fechou a R$ 5,66, após bater R$ 5,70 em dia de altos e baixos. Nesta quarta, opera em baixa e está cotado a R$ 5,56.

— Obviamente que me preocupa essa subida do dólar, é uma especulação, é um jogo de interesses especulativo contra o real nesse país. E eu tenho conversado com as pessoas sobre o que a gente vai fazer. Estou voltando (para Brasília) e quarta-feira terei uma reunião, porque não é normal o que está acontecendo, não é normal — disse o presidente em entrevista à rádio Sociedade, de Salvador (BA).

Questionado se o governo vai adotar alguma medida para conter a depreciação do real, Lula afirmou que é necessário tomar alguma atitude, mas não revelou o que seria:

— Temos que fazer alguma coisa, mas não posso falar porque estaria alertando meus adversários.

Presidente do BC tem 'viés político'

O presidente voltou a criticar, na terça-feira, a atual gestão do atual presidente, Roberto Campos Neto, e afirmou que o comandante da autoridade monetária tem "viés político".

— O que não dá é você ter alguém dirigindo o Banco Central com viés político. Definitivamente eu acho que ele tem um viés político. Mas, veja, eu não posso fazer nada. Ele é presidente do BC, tem mandato, foi eleito pelo Senado, tenho que esperar acabar o mandato e indicar alguém — disse Lula.

Lula, no entanto, defendeu que a autonomia da autoridade monetária deve ser mantida, mas ressaltou que o Banco Central não pode servir "ao sistema financeiro".

— Mas eu acho que a gente precisa manter o Banco Central funcionando de forma correta, com autonomia, para que o presidente do BC não fique vulnerável às pessoas políticas. Se você é um presidente democrata, permite que isso aconteça sem nenhum problema. Mas Banco Central não pode estar a serviço do sistema financeiro, é um banco do Estado.

Lula tem feito sucessivas críticas a Campos Neto e chegou a afirmar que o vê como adversário político, por sua proximidade com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Excesso de gasto

Na mesma entrevista, Lula ainda contou que pediu para que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresente um estudo que indique onde existe excesso de gastos do governo.

— Tenho dito para todo mundo, esses dias falei com Haddad. Falei, Haddad, você me apresenta excesso de gasto. Porque se tiver excesso de gasto, se alguém estiver gastando alguma coisa que não seja necessária, aplicando mal o dinheiro, a gente para. Porque também não vou jogar dinheiro fora. Vamos cuidar disso — afirmou.

No entanto, segundo o presidente, esse corte de excesso de gastos não pode resultar no fim de benefícios "de pobre".

— O que eu não posso é aceitar a ideia de que precisa acabar com benefício de pobre, de que salário mínimo está custando muito caro, Bolsa Família está custando muito caro, política de ajudar investir em faculdade — disse Lula.

Conforme O GLOBO mostrou, o governo prevê economizar entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões com a revisão de cadastros de benefícios no ano que vem. Os recursos são necessários para alcançar a meta fiscal de 2025, que prevê resultado zero, e já devem constar do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), a ser enviado ao Congresso até 31 de agosto.

Neste ano, disparou o número de concessões do Benefício de Prestação Continuada (BPC), direcionado a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda.

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